Dicas e conselhos para viagem de moto

Conselhos úteis antes de ir para estrada

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Não precisa necessariamente de ser um aventureiro para fazer uma viagem de moto. A confiabilidade das novas máquinas permite que nem sequer seja preciso levar muitas ferramentas, sendo suficiente o “kit” que vem de origem com a moto. Até porque, com o nível de eletrônica que equipa as novas máquinas, ter ferramentas pode nem sequer implicar a resolução de eventuais problemas. Mais vale um seguro com uma boa assistência em viagem. Por outro lado, um spray anti-furo ou tacos de reparação podem vir a ser convenientes. Claro que pneus em boas condições, com a pressão recomendada e uma revisão bem feita, podem diminuir significativamente a probabilidade de qualquer contratempo.

GPS e mapas devem constar sempre da bagagem. Mas, em muitas situações, os equipamentos de orientação não funcionam tão bem como queríamos e os mapas muitas vezes também têm falhas, pelo que, em último recurso, as indicações dadas pelos habitantes locais são a melhor solução de orientação. Viajar em grupo é sempre uma opção agradável, sobretudo para os menos experientes nestas andanças. Mas grupos demasiado grandes causam enormes atrasos no percurso. O ideal são “equipes” de três ou quatro motos, no máximo, que devem sincronizar os momentos de reabastecimento, descanso e refeições. A liderança do grupo deverá ser repartida, e os andamentos deverão ter em conta a velocidade conseguida pelos conjuntos mais lentos. As ultrapassagens entre os membros do grupo são desnecessárias e devem ser evitadas.

Não arrisque

Por este nosso país, cada vez mais desertificado em termos populacionais, há estradas que são quase desertas. Em muitas delas, o fator de risco é elevado! Pedras, areias, folhas, ramos e animais selvagens podem a qualquer momentos aparecer-nos na saída de uma curva. Já para não falar num trator ou num caminhão a circular devagar. Os acostamentos estão muitas vezes cheias de sujeiras e ainda há muitos acostamentos desprotegidos. Em muitas estradas de montanha nem sequer há qualquer proteção, pelo que os precipícios estão mesmo ali ao nosso lado, prontos a engolirem-nos.

Circule com precaução e a velocidade moderada. “Cole-se” ao risco central. Mantenha-se a dois palmos dele, na sua faixa de rodagem e siga-o com o olhar. Além de se tornar mais visível para quem vem em sentido contrário, também consegue garantir um maior ângulo de visão para o interior da curva, usufruindo ainda de um piso mais limpo e mais abrasivo. Se quiser mesmo desfrutar de algumas curvas, passe primeiro para fazer uma inspeção e então volte atrás e repita o trajeto. Assim já sabe o que vai encontrar! Mas evite fazê-lo se viajar sozinho! Os azares acontecem e, sem alguém que possa socorrer, o risco é elevado e a menor queda pode transformar-se numa tragédia.

Cuide-se

Beba muita água! Mas cuidado com as fontes e nascentes que encontra pelo caminho! Pode correr o risco de contaminação. Vista roupas frescas, transpiráveis e não se esqueça de que, quanto mais vento e calor apanhar, mais água vai perder! Por isso vai ter que repor líquidos e sais minerais. Não se esqueça que a fruta é um bom aliado no combate à desidratação. Leve algumas na bagagem, e nunca esqueça uma garrafa de água.

Antes de conduzir, coma pouco! Uma digestão demasiado intensa ou um estado de alcoolemia, ainda que modesto, causam desatenção e distração na condução. O álcool desidrata, por isso também deve ser evitado se vai conduzir em seguida. Uma bexiga cheia tampouco é confortável e pode ser muito perigosa em caso de uma eventual queda. Se tiver sono, procure uma sombra e descanse um pouco: Pode até dormir uma fantástica sesta debaixo de um carvalho ou de um castanheiro, e depois então desfrutar o caminho.

Aproveitar as horas mais frescas do dia para fazer mais quilômetros. Partir de manhã bem cedo e aproveitar o final da tarde é uma boa política. Mas evite circular à noite: os perigos multiplicam-se, sobretudo em estradas mais desertas, onde a fauna tende a cruzar o nosso caminho.

Combata o cansaço: estique as pernas e os braços em cada parada. Caminhe um pouco e faça exercícios de alongamento. Assim diminui a fadiga e o risco de cãibras, aumentando substancialmente a capacidade de concentração na condução. O (bom) equipamento é um dos fatores mais importantes para o conforto. E o conforto é o melhor aliado de uma condução segura. Não precisa gastar fortunas para se sentir confortável e conseguir uma boa proteção. Seja em pele ou em têxtil, o que importa é que tenha proteções adequadas e vista à sua medida. Botas e roupa apertadas ou demasiado largas também podem estragar o seu dia. Por isso, não estreie equipamento quando parte de passeio.

Com mau tempo não hesite em vestir a capa de chuva. Ficar molhado é bastante desconfortável e se estiver frio, a temperatura do corpo desce significativamente, aumentando exponencialmente a fadiga e diminuindo a atenção. Com o calor nunca se tente a despir o blusão! Já para não falar nas consequências de uma eventual queda, o risco de queimaduras solares e de desidratação é elevado! Não se esqueça de levar um boné. Quando tira o capacete sabe bem ter uma sombra para não “fritar os miolos”.

Se levar passageiro

Faça paradas mais frequentes. Não se distraia com conversas. Não se esqueça que o comportamento da moto vai ser diferente e que nas frenagens vai ter que parar mais peso! Um passageiro sonolento pode mesmo causar um acidente e um com pouca prática pode causar muita instabilidade durante a condução, aumentando o cansaço. As regras anteriores também se lhe aplicam. Para melhor comunicar é aconselhável o uso de intercomunicadores.

A bagagem

Quanto menos melhor! Se o seu passeio durar vários dias, aproveite para dar uso às velhas “T-shrists” e cuecas, que depois de sujas pode deixar ficar pelo caminho.

Acomode tudo dentro de sacos de plástico, evitando assim que se molhem ou apanhem pó, caso aconteça alguma desgraça à bagageira. Não se esqueça do fato de chuva. Leve uns chinelos ou uns ténis confortáveis para usar ao final do dia quando já não suportar as botas. Um agasalho também nunca deve ser esquecido. O kit de primeiros socorros não precisa de ser uma farmácia completa! Basta um desinfectante para eventuais arranhões e bolhas ou queimaduras. Aspirina e Imodium também podem dar jeito.

A carga deve ir bem acondicionada, ser o mais leve possível e ficar bem fixa à moto sem que abane ou corra o risco de se soltar. Atenção às pontas soltas que se possam eventualmente prender na cremalheira ou na roda. Verifique se estão suficientemente afastadas dos escapes e do pneu. As bolsas não devem ser demasiado elevadas, pois podem comprometer a posição de condução. As “top-cases” e as malas laterais influenciam significativamente o comportamento da moto. A velocidade elevada pode causar graves acidentes. Tenha isso em conta! Uma aranha sobressalente pode solucionar qualquer azar que aconteça. A utilização de mochila às costas deve ser evitada. Em caso de queda, mesmo ligeira, as consequências podem ser bastante graves na coluna vertebral.

Antes de partir

Verificar sempre a pressão dos pneus, pois pode evitar eventuais contratempos.

Texto: Rogério Carmo
Fonte: Motociclismo Viagens 2011/2012


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