5º dia – Tupiza – Uyuni

Domingo de manhã. Acordamos cedo, o hotel tinha um bom serviço de café da manhã e fomos os primeiros a toma-lo. Mas perdemos bastante tempo reorganizando a bagagem e para decidir se seguiríamos de Tupiza direto para a Laguna Colorada. Segundo informações, a Laguna verde estava fechada para visitas, devido ao impasse criado pelas cidades que tem seu território como parte da Reserva de Fauna Andina Eduardo Avaroa, com relação à distribuição e arrecadação das taxas.

As empresas de tours que estão sediadas em Tupiza e Uyuni recolhem a entrada em suas sedes, mas agora, o escritório do parque que fica na Laguna verde, próximo à fronteira com o Chile, também estava cobrando uma taxa de entrada de 150 bolivianos por pessoa. Devido a este impasse, as empresas não estavam se dirigindo à região do Salar de Chaviri ate a Laguna Verde e estavam usando caminhos alternativos em direção a Laguna Colorada.

Primeiro, fomos através de um mapa que compramos, mas ele não era muito confiável. Eu até tinha vários mapas da Bolívia no meu GPS, mas não tinha estudado esta possibilidade de seguir de Tupiza direto para o Deserto. Desisti. Conversando com um boliviano, ele disse que eu levasse toda gasolina que eu precisasse desde Tupiza, pois no domingo o posto de combustível de Uyuni estaria fechado e segunda-feira eu iria enfrentar uma fila quilométrica.

Estavamos levando cada um 10 litros de gasolina reserva, mas esta gasolina seria para usar na travessia de Uyuni para Laguna Colorada ou Verde se conseguíssemos prosseguir, conforme as informações divergentes. Fomos atrás de mais 2 galões de 10 litros, procuramos muito e só conseguimos comprar um de 20 litros.

Voltamos ao posto que conhecíamos e depois da mesma história do preço, colocamos mais 16 litros de gasolina reserva.

Perdemos muito tempo com todo esse vai e volta pela cidade.

Enfim, nos colocamos em direção a Uyuni. Ainda no asfalto, onde começaria o caminho para Uyuni, pagamos o ultimo pedágio.

A estrada para Uyuni deste Tupiza é toda sem pavimento. Como havia chovido alguns dias antes, ainda tinha algumas poças com água.

Uma estrada com muitas costelas de vaca, curvas que não paravam de subir e descer, depois deu a sensação de que minha moto ia quebrar no meio, meu case lateral esquerdo deu a impressão que estava se soltando, paramos, reapertamos e continuamos nossa viagem rumo ao Salar de Uyuni.

Enquanto estávamos em uma destas subidas intermináveis, meu filho fez sinal para que parássemos porque estava ficando tonto e as vistas escureceram. Ao parar, ele logo deitou no chão. Rapidamente, procurei em minhas coisas um remédio para ele. Peguei um comprimido de Diamox que, segundo a bula, é usado para diminuir os sintomas do mal da montanha. Quando fui entregar para ele, ele parecia dormindo ou desmaiado, mexi com ele, que pareceu um pouco assustado. Voltou a si e tomou o comprimido com bastante água. Verifiquei a hora no relógio, para esperar o começo do efeito do remédio para dar para ele outro para dor de cabeça.

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Insisti para que levantasse, pois apesar de frio, o sol estava forte e não havia nenhuma sombra a quilômetros de distancia.

Estávamos preparados para a possibilidade de ficar em qualquer lugar, pois em nossas bagagens tínhamos equipamento de camping completo: barraca, saco de dormir para temperaturas negativas, isolante térmico, fogareiro a combustível MSR, panela, água reserva, e comida liofilizada para 2 dias.

Mas não queria fica naquele lugar. Sabia que estávamos por volta de 4.500 metros de altitude, e depois iriamos baixar para 3650 m em Uyuni. Além disso, no caminho ainda havia Atocha, que poderia ser um bom lugar para pernoitar com alguma infraestrutura.

Ele foi cuidadosamente à frente, e eu sempre perguntando suas condições, pois sabia, vendo em diversas outras ocasiões em grandes altitudes, pessoas desmaiarem. Claro que fiquei apreensivo, mas não pensei em coisas ruins, sei que todo mundo pode passar por isso, mas não podemos esmorecer ao primeiro sinal.

Depois de uns 40 minutos paramos novamente e entreguei a ele um comprimido de Neosaldina, e pedi que tomasse bastante água.

Fomos seguindo e ele logo melhorou, ufa! Acredito que levamos mais de 4 horas para chegar à cidade de Atocha, uma cidade bacaninha, mas que à primeira vista, parece sinistra, rs.

Entramos na cidade, sendo observados por todos. Parei para perguntar sobre algum lugar que poderia ter alguma coisa para comer, um menino nos disse que poderíamos encontrar bananas em barraca, possivelmente de algum parente seu.

Continuamos pela avenida principal, contornamos uma praça e avistamos um restaurante aberto: El Minero, entrei, perguntei o que poderia fazer para comermos, nos ofereceu um sanduíche de carne com verduras, e para beber, leite com Nescau e banana batida no liquidificador. Sai para tirar umas fotos da praça e logo meu filho me chamou. Não acreditei quando experimentei aquele lanche, estava ótimo.

Comemos e logo seguimos nosso caminho, que segundo o rapaz do restaurante nos informou, a partir de agora seria mais plano e em melhores condições.

Realmente era melhor. Fomos avançando rapidamente, quando, no horizonte, avistei o movimento do vento junto a algumas dunas próximas à estrada. Estava começando uma tempestade de areia que estava cobrindo a estrada. O vento muito forte e o acumulo da areia sem compressão, deixaram o caminho perigoso, porque era uma areia muito fofa e profunda, sem contar o vento empurrando a moto lateralmente. Era uma visão incríveli, tudo havia mudado tão repentinamente. Em umas destas investidas na areia, por medo, diminui a velocidade e fui perdendo o equilíbrio. A frente fez movimento brusco, parecia um cavalo querendo me jogar de cima da moto, fiquei no controle da forma que pude, dar uma pernada aqui, outra acolá, até conseguir parar em segurança.

Meu filho, que vinha logo atrás, assistiu tudo de camarote. Também parou, mas ao tentar arrancar acabou derrubando a moto, agora quem viu de camarote pelo retrovisor fui eu !

Parei a moto e voltei andando, devagar, para não deixar a altitude se abater sobre mim. Levantamos a moto. A partir deste momento tínhamos que cuidar dos areais que apareciam de repente.

Fomos administrando a pilotagem e logo avistamos Uyuni.

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Entramos na cidade e já vimos o posto de combustível fechado. Procuramos o Toñito Hotel, e por lá ficamos, acredito que este é o melhor hotel de Uyuni, tem garagem, restaurante e um café da manhã muito bom. 400 bolivianos

Um fato muito curioso aconteceu enquanto tirávamos a bagagem da moto: estávamos conversando com duas senhoras da Inglaterra, quando uma moça loira, com sotaque carregado, típico do Gaúcho de região alemã, nos perguntou de que parte do Brasil éramos. Começamos ali uma conversa animada e perguntei de onde ela era, “sou da região de Cotiporã – Veranópolis, RS”. Ví a viatura em que ela Vanessa e seu namorado Linho estavam viajando, uma Rural Willys com motor Diesel (estavam voltando de Machu pichu). Ate ai tudo bem, mas o fato curioso foi que eu já havia encontrado com ela e o ex-namorado (antipático) voltando do Ushuia em 2010 de Willis Overland !!! Esses reencontros nos dão força, para continuar viajando, é muito bom encontrar pessoas com o mesmo ideal de vida, pessoas que compreendem o que você esta fazendo ali, longe de casa, abrindo mão da família, para estar em outro mundo.

Depois deste encontro, fomos tomar um banho e saímos para comer. Acabamos desistindo de comer pizza no hotel, jantamos no restaurante El Turista muito bom. Cada um foi ligar para sua namorada (a minha por acaso esta comigo há 20 anos e por coincidência é a mãe do meu filho).

Cama porque amanhã será o dia onde iniciaríamos uma travessia de quase 500 km por caminhos na Reserva Eduardo Avaroa.

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Saída Tupiza Bolívia
Destino Uyuni Bolívia
Km percorrida 200 km
Km acumulada 2635 km


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