10º dia – Fiambalá – Copiapó

Mais uma noite mal dormida. Não sei qual tipo de pernilongo, mas levei várias picadas no antebraço e pernas. Caramba, como coça !

Acordamos por volta das 7h30. Às 8h30, quando o café seria servido, já estávamos prontos. Estávamos começando a tomar o café quando os Gaúchos Márcio e Telmo apareceram e, logo depois, o Casal Iuri e Maira.

A pressa acabou. Ficamos batendo papo e saímos do hotel para um test drive. O Márcio e o Telmo pilotaram a minha BMW Sertão e eu pilotei a Yamaha Ténéré 1200 do Iuri. Caramba, que moto sensacional !

Tiramos algumas fotos e nos despedimos.

Ainda não tinha saído, quando o Iuri voltou dizendo que o seu pneu estava furado e não havia luz na cidade para funcionar o compressor. Telmo e Márcio ser propuseram a ir consertar com os seus equipamentos.

Dirigimo-nos para a estrada em direção ao Paso San Francisco. Parecia que eu esteva começando a viajar aquele dia, por causa da ansiedade do que viria pela frente, depois da conversa com os pilotos que já tinham enfrentado o trecho e com um novo entusiasmo, pela força dada pelos novos amigos.

Logo, paramos para tirar a primeira foto de uma placa, depois de um refúgio que eu sempre via através de fotos e das marcações nos mapas do GPS. Paramos, tiramos fotos e entramos. Era uma cabana muito legal, dá para passar a noite sossegado, só não tem banheiro, nem chuveiro, mas é muito bem feito e protegido, tem também um sistema de rádio, para comunicação de emergência.

Assim que saímos do refugio, avistamos os quatro motociclistas que o Iuri havia falado e que o Telmo e Márcio ultrapassaram na estrada, mas não haviam chegado à noite em Fiambalá.

Seguimos pela estrada asfaltada até a divisa com o Chile, onde começaria a estrada sem pavimento. De novo, paramos em um destes refúgios para fazer um lanchinho à sombra.

Logo depois, chegamos à migração e aduana Argentina. Haviam umas oito pessoas na fila. Acredito que ficamos por volta de uma hora para os trâmites, com os sossegados, mas simpáticos soldados e funcionários.

Uma situação me chamou a atenção: ainda enquanto estávamos na fila, do lado de fora, um funcionário chamou os soldados e todo mundo saiu lá de dentro com um casal e foram em direção ao carro deles. Voltaram com uma pistola enorme, vários carregadores e mais uma pochete rosa. Colocaram tudo em cima da mesa, a pistola, três carregadores, uma dezena de projeteis e ainda tiraram da pochete rosa mais uma pistola menor.

Ficamos vendo a cena pelo vidro, sem entender nada. Pegaram tudo e colocaram em um grande envelope selado, todos assinaram e o envelope ficou na Aduana. Provavelmente o casal devia ser policiais. Cabuloso.

Logo, chegou a nossa vez, então foi mais rápido: perguntas, relatórios, carimbos, e buena viagem !

Uma informação que eu não tinha e deve ajudar muito os futuros viajantes: junto à aduana tem um escritório da vialidad, órgão responsável pelas estradas da Argentina, e eles vendem gasolina através de um barril com 200 litros com uma bomba manual e sempre havia combustível, eles garantiram que nunca falta. Já que nós levávamos nosso combustível, não precisamos.

Depois da Aduana, começa uma subida com muitas curvas, muito bacana, curvas em subida, abertas e longas.

Mas logo depois já vimos a tradicional placa de fronteira. Como sempre, algumas fotos. Continuamos o caminho, agora na estrada sem pavimento, com muitas pedras e areia.

Seguimos a estrada ate chegar a Laguna verde, que devido à pouca incidência de sol, não estava tão verde. Ao lado da Laguna há um posto dos carabineiros, achei que se tratava de algum controle e paramos as motos. Quando começávamos a descer delas, o policial saiu do posto e falou que podíamos seguir caminho, que ali não se tratava de nenhum controle e pediu para tomarmos cuidado, porque, segundo ele, no dia anterior, haviam passado oito motos e três haviam caído ! A oitava moto da historia foi uma F800GS preta que encontrei na estrada quando estávamos indo para Fiambalá.

Não sei onde dormiram, mas os quatro motociclistas que nossos amigos tinham encontrado, três haviam caído no dia anterior. Triste estatística !

Demorou certo tempo, até avistarmos e chegamos à estação de aduana e migração Chilena. Bem organizada, dentro de um enorme barracão. Havia uma fila de carros, talvez uns cinco ou seis. Passamos pela lateral e colocamos as motos próximas ao barracão. Entramos no escritório e primeiro fizemos a migração, depois fomos a um escritório no fundo fazer a aduana, e preencher um relatório confirmando que não transportávamos alimento.

Saímos e conversamos com os agentes que nos acompanharam até as motos, sempre muito sérios, mas muito educados. Como sempre, antes de qualquer coisa, mostro o que temos de alimento e garanto que não transportamos nenhum tipo de alimento in natura, desta forma, sempre facilita as coisas e quase nunca me revistam.

Seguimos em direção a Copiapó. Na nossa ultima parada para abastecimento, verifiquei que errei na conta do consumo da moto do meu filho e cheguei à conclusão que poderia faltar um litro de gasolina para chegar a Copiapó. Pedi para ele maneirar no acelerador e continuamos sem passar de 60 km/h.

Na parte Chilena, por ser estrada sem pavimento, parece que demora uma eternidade para chegar, talvez pela velocidade que estávamos andando.

Para nossa sorte, havia um posto bem na entrada de Copiapó, que não constava no meu mapa de GPS. Coloquei 5000 pesos chilenos, acredito que quase 7 litros de gasolina na moto do meu filho e depois iriamos completar os tanques e os galões em um posto Copec, pois queria (coisa de criança) muito comprar um bidon azul da Copec.

Seguimos o GPS para o posto Copec mais próximo, mas devido a não conseguir virar para esquerda, demos um volta de uns 12 km, até chegar ao posto, que estava lotado, com fila enorme. Paramos as motos e comecei a perguntar para os frentistas se havia bidones de 10 litros. Os frentistas faziam que não me entendiam e eu pedindo para ver e nada, até que um me indicou uma direção no posto onde poderia ter, pois ninguém queria ir lá comigo. Até que eu achei em uma pilha deles, todos de 20 litros…

Procurei outro Copec no GPS, distante 15 km deste. Fomos tentar a sorte. No caminho, vi em frente ao semáforo uma placa de hotel. Memorizei o lugar e seguimos para o posto. Demoramos para chegar e, como o outro, estava lotado. Enquanto aguardávamos, avistei os bidones (galões) azuis, perguntei ao frentista se eu poderia pegar 2, abastecer e depois pagar tudo junto e ele respondeu que poderia.

Chegou nossa vez, enchemos os tanques, os dois bidones de 10 litros cada e mais outro galão, com 8 litros. O galão de 20 litros que comprei na Bolívia ficou abandonado entre as bombas de combustível. Depois fiquei pensando, se fosse nos EUA, eles iriam isolar toda área, ate conferirem o galão. Imaginação fértil ! Depois, comprei também o guia Copec de estradas Chilenas, muito bom, vale para estudo de rotas.

Tínhamos então combustível garantido para o próximo dia, quando iríamos atravessar novamente para a Argentina via Paso Pircas Negras até Villa Union, lembrando que paguei tudo com o Cartão de Credito. Enquanto amarrávamos os galões e a bagagem, notei uma aglomeração silenciosa próxima a nós. Já sabia que a curiosidade era pra saber: “Se eram los del Dakar?” Até que um cara com a família em um Jeep, me chamou em Inglês, eu respondi para que se quisesse também poderia falar em espanhol e ele me perguntou – enquanto sua mulher se escondia atrás das próprias mãos – “Você poderia dar um autografo para minha esposa e tirar foto com minha família? Sem duvida, respondi. Perguntei o nome da esposa, e escrevi no papel: “Para Vanessa com carinho Robson jan. 2013”, e depois tirei uma foto com a filha.

Foi uma situação bem legal, enquanto eu estava ali, várias pessoas tiravam fotos.

Do posto , depois dos meus 15 segundos de fama, seguimos para o hotel que tinha visto, paramos em frente ao hotel, que fica em frente a uma rodoviária ou terminal rodoviário, mas infelizmente não havia vagas. Fiquei preocupado. Queria ficar ali porque, na outra esquina, havia um supermercado onde compraríamos o lanche para o outro dia, e nossa janta, que teria que ser paga com cartão, pois eu só tinha uns 25000 pesos chilenos.

Mas nem precisei perguntar por outro hotel. No fim da negação, o atendente me disse, “não se preocupe, na esquina tem um hotel bom, e está vazio.” Ufa…

Para lá seguimos e já ataquei com duas perguntas à atendente: Tem vaga e, aceita cartão de credito? Resposta positiva, até ela tentar passar o cartão. Um, depois outro e depois meus cartões pré pagos, nada dava certo ! (claro, a maquina estava estragada, no fim ela me contou !) Perguntei se poderia aceitar dólar, e qual seria o valor, US$ 105 para um hotel daquele nível ! fiquei espantado, mas já sabia, que o Chile estava muito caro.

Ofereci US$ 100 e ela aceitou, terceiro ou quarto UFA !

O hotel mais caro de toda viagem. 100 dólares são equivalente a 630 pesos Argentinos!

Fomos para o mercado, fizemos nossas compras de água e alimentos e a janta do dia: suco de laranja, pão de forma, presunto e patê de queijo, que depois fomos descobrir era sabor de salame!

Voltamos ao hotel, fizemos nossa ceia no quarto e fui tomar banho.

No banho, senti algo coçando em minhas costas, nas escápulas e também nos braços. Notei que as picadas haviam aumentado para dezenas nos braços e o mesmo estava acontecendo nas costas quando olhei no espelho. Caramba, o que era aquilo, uma reação alérgica? Pulgas?

Fiquei com a primeira opção. Como no meu mini-hospital eu tinha Fenergan creme para picadas de insetos, usei e senti uma melhora imediata.

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Saída: Fiambalá, Argentina
Destino: Copiapó, Chile
Km percorrida: 500 km
Km acumulada: 4.760 km


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