Dia 10 – Budva (Montenegro) – Sarajevo (Bósnia e Herzegovina)

No caminho para a Bósnia, passamos no Piva Canyon Road, estrada cênica asfaltada que atravessa o cânion do rio Piva, no sudoeste de Montenegro, perto da fronteira com a Bósnia.

A estrada, que é parte da rota europeia E762, oferece uma viagem cheia de adrenalina entre paisagens espetaculares, que seguem o curso sinuosos do rio Piva.

Viagem de moto Europa - Balcãs

O cânion Piva tem 33 km de comprimento e sua profundidade chega a 1.200 m. A estrada passa por pontes e 56 túneis através das rochas do cânion, sem nenhuma iluminação e em seu interior parecíamos estar flutuando dentro de uma geladeira. Não conseguíamos enxergar um palmo mais à frente e usávamos a marcação no chão como referência.

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Depois da barragem, o rio Piva continua em linha reta para o norte até encontrar rio Tara, na fronteira com a Bósnia e Herzegovina, criando assim o rio Drina.

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Canion Piva 1


Canion Piva 2

Bósnia e Herzegovina na direção de Sarajevo

Após a travessia da fronteira, havia uma mudança radical nas estradas. A menos de 50m da aduana, a estrada perfeita que tínhamos rodado em Montenegro terminava e o novo trecho, com um lado de asfalto maltratado e a outra metade em cascalho muito ruim.

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Nesse trecho, como havíamos pegado muito frio na região do Canion Piva, todos precisávamos urinar. Os homens se viraram pela estrada. Para as mulheres, paramos num hotel na beira da estrada para que as garupas fossem ao banheiro, e informaram que banheiros eram exclusivos para hóspedes. Dissemos que iríamos tomar café e consumir na lanchonete do hotel, porém a negativa foi mantida.

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Logo a estrada melhorou e chegamos ao que se pode chamar de Oásis, o “Restoran Antik”, localizado no pequeno vilarejo de Brod, à beira do Rio Drina. Comi um Goulash maravilhoso acompanhado do vinho da casa, pois estava muito frio e tomei o melhor café de toda a viagem. Mais uma das agradáveis inesperadas surpresas.

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Retomamos nosso caminho e as curvas iam se sucedendo, porém, quando entramos na Bósnia, o Miguel relatou que tivéssemos cuidado, pois os motoristas daquele país não respeitavam muito o trânsito. Por diversas vezes, cruzei com caminhões e vans que faziam a curva utilizando parte de nossa pista e passei a pilotar com mais atenção até que, numa delas, um carro que vinha no sentido contrário tomou todo o meu lado, tive que frear subitamente e jogar a moto no acostamento e já me encontrava quase no final dela. Foi o maior susto que tive em toda a viagem, pois estava a mais ou menos 90 km/h e quase não tive tempo de fazer essa manobra. Então, na Bósnia, recomendo atenção redobrada.


Restoran Antik (interior)


Restoran Antik (área externa)


estradas

Após esse trecho, as estradas novamente estavam em boa qualidade com belos trechos circundados por pequenos riachos cercados por belas montanhas.

Chegamos em Sarajevo à tardinha.


Estradas

Sarajevo (Bósnia)

Como atrasamos nossa chegada a Sarajevo, não pudemos aproveitar muito de seu centro. Fizemos uma visita ao Museu da Infância na Guerra. O museu apresenta as experiências das crianças que cresceram durante o período da guerra da Bósnia, através de objetos, testemunhos gravados em vídeo e trechos de relatos orais. Ali, senti uma angustia imensa, principalmente com fotos de crianças assassinadas e mutiladas. Minha esposa não resistiu e teve um acesso de choro e logo deixamos o local.

Durante os 27 anos (1953-1980) em que o partisan comunista Josip Broz Tito (1892-1980), líder da resistência iugoslava aos nazistas em meio à 2.ª Guerra Mundial, governou a República Socialista Federativa da Iugoslávia com força e carisma, as seis repúblicas que compunham a Iugoslávia – Sérvia, Bósnia e Herzegovina, Montenegro, Croácia, Eslovênia e Macedônia – pareciam apaziguadas. Com a morte de Tito e com o colapso dos países que compunham o bloco socialista, as supostas irmandade e unidade iugoslavas se dissolvem em meio ao retorno voraz do nacionalismo e do fervor religioso.

Sarajevo. A Guerra da Bósnia foi o mais sangrento conflito em solo europeu depois da Segunda Guerra Mundial. Mais de um milhão de pessoas perderam seus lares, 275 mil foram mortas ou desapareceram e 175 mil ficaram feridas.

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O clima de instabilidade nos Bálcãs começou em 1991, com a independência da Croácia e da Eslovênia, mas foi no ano seguinte que os combates mais sangrentos espalharam-se pela região. Em 1992, a Bósnia-Herzegovina seguiu o exemplo de seus vizinhos e declarou-se independente em um plebiscito aprovado por 99% da população.

Em dezembro de 1991, os sérvios de origem bósnia proclamaram a independência da República Sérvia em relação à Bósnia, amealhando, com o apoio das forças sérvias municiadas por Slobodan Milosevic, os territórios a norte e a leste do país. Horrendos crimes de guerra tendo por mote a limpeza étnica – fuzilamentos sumários de civis e estupros sistematicamente perpetrados contra mulheres muçulmanas – levaram líderes políticos e militares sérvios, entre os quais o famigerado Milosevic, ao Tribunal Internacional de Haia, na Holanda.

Sarajevo hoje, mantém bairros com marcas profundas da guerra, porém apresenta também ares de grande cidade como outra qualquer do mundo, tendo um lado agitado, com centros comerciais, galerias e shopping centers. São cerca de 400 mil residentes que circulam junto a turistas nos cafés e restaurantes do centro histórico. Sarajevo é um dos poucos lugares no mundo onde se vê igrejas ortodoxas, católicas, mesquitas e sinagogas uma ao lado da outra. Cosmopolita, Sarajevo tem fortes características de Leste, com origens dos impérios bizantino e otomano, bem como influências do Ocidente, com romanos e austro-húngaros.


Estradas Bósnia


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