Passagem curiosa aconteceu quando eu e o garupa viajávamos de moto por estrada de terra através de pequenas cidades do interior. Estrada pouco movimentada, mas bastante acidentada com costelas e buracos. Sem pressa, passávamos por chácaras, sítios e fazendas.
Esse cenário que presenciávamos era maravilhoso por ser diferente do habitual, tendo em vista que na cidade o que impera são construções de cimento, onde pouca natureza fica à vista.
Agora, ali, nosso contato com a natureza era totalmente diferente do nosso dia a dia na cidade onde morávamos, razão de estarmos maravilhados com aquela simplicidade que estávamos desfrutando.
Certo dia, dentre as várias coisas que foram acontecendo durante o trajeto, a chuva que incomodava bastante havia parado e o piso ficara razoavelmente transitável, mas mesmo assim tínhamos de andar devagar e com cuidado por causa da lama e atoleiros.
Acontecia vez por outra cruzarmos com bois, cavalos, cabras, jegues e outros animais, indo ou voltando pela estrada, mas passávamos tranqüilos por todos eles. Hoje, entretanto, aconteceu diferente, vejam só!
Num determinado ponto da estrada em que cruzávamos com uma boiada, o “líder” nos estranhou e não sabíamos por qual razão. Então, enquanto a boiada passava por nós em sentido contrário, ele mantinha-se parado à nossa frente, encarando-nos e abanando vez por outra o seu rabo abaixado. Nós, por nosso lado estranhando a situação paramos também, mas sentimos que ele ainda estava irritado ou temeroso por alguma coisa (ciúmes das vacas não poderia ser, pois nem olhamos para elas…) e achamos que pela situação apresentada poderia atacar-nos a qualquer momento. Eram apenas alguns segundos de tensão, mas que pareciam horas. E para piorar ainda mais a situação, a boiada era grande. Além da demora pela passagem da boiada que andava em passos lentos, para dele fugir só poderíamos sair para o mato, exatamente pelo lado que ele estava, porque do outro lado a boiada que estava passando formava um muro. Nesse momento, então, o Fernando falou: Acho melhor desligar o motor. Pode ser que ele esteja é assustado com o barulho da descarga livre da moto. Nem havia acabado de falar e eu desliguei-a imediatamente. Dito e feito! Com a moto desligada o bicho se acalmou, parou de agitar o rabo vagarosamente de um lado para outro, abaixou a cabeça e passou tranquilamente por nós (nem olhamos para o lado dele), juntando-se à boiada. Devia ser um boi estressado, ou então não estava “no seu dia”, sei lá!
Foi um tremendo susto pelo qual passamos. Imaginou? Um bichão daquele distante apenas cerca de 8/10 metros de nós, que não sabíamos se estava zangado ou enciumado por alguma coisa; Caatinga dos dois lados da estrada e que devido às pequenas árvores miúdas e juntas umas das outras, não nos permitiria fugir com a mota. Só a pé.
Nem quero pensar!
Mas assim que ele passou por nós quiquei a moto, fiz bastante barulho com a descarga para provocá-lo e parti imediatamente antes que ele pudesse voltar.
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