1º dia – Curitiba – Jales

O dia começou exatamente à 0 hora, quando consegui colocar a cabeça no travesseiro para descansar as minhas quatro horinhas merecidas. Mas pouco depois, quando estava quase pegando no sono, lembrei que tinha esquecido algo importante (ferrou): a lista dos hotéis que eu havia pesquisado para toda a viagem! Ia me fazer muita falta. Como não tenho impressora em casa, tive que passar no trabalho às cinco da manhã para imprimir a bendita lista :/ Queria estar na estrada antes das cinco, mas acabei conseguindo ir para a estrada às 05h30. mas tudo bem, pouca coisa 🙂

Parti pelo contorno rumo à BR 277 e depois peguei a BR 376 sentido Ponta Grossa. Quando cheguei lá acabei entrando na cidade. Deveria ter continuado na BR e feito o contorno rumo a Castro. Parei num posto e recebi uma boa informação de uma frentista. Cruzei a cidade sem muitas dificuldades e segui pela PR 151 da mesma maneira. Poucos quilômetros adiante, uma neblina beeem forte se tornou minha “companheira” de viagem, acredito que por uns 50 km. Sorte que a estrada era de pista dupla e com pouco movimento.

A neblina começou a baixar quando eu já estava perto de Piraí do Sul, onde peguei a PR 090 rumo à cidade de Ventania. Após a Ventania (risos), segui pela BR 153 sentido a Santo Antônio da Platina, Jacarezinho e logo em seguida, por volta das 12h30, cheguei à divisa dos estados do Paraná com São Paulo.

A BR 153 adota também o nome de Rodovia Transbrasiliana. Logo após a divisa de São Paulo, depois de contornar a cidade de Ourinhos, a Transbrasiliana vira uma enorme reta de 50 km sem uma só ameaça de curva! Aqui no Paraná isso não é comum, mas sei que no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso tem muuuito mais.

Chegando a Marília começaram os atrasos. A cidade é maior do que eu imaginava e não dei a devida atenção ao mapa. Pedi informação para um motociclista que encontrei no caminho e ele me deu a informação que conhecia, que me levou no final das contas para o mesmo lugar, porém isso me custou tempo e quilômetros. Toda hora parava para consultar o meu Guia 4 Rodas Rodoviário (pra quem não tem GPS, recomendo). Resumindo: me perdi! Deveria ter continuado pela BR 153 até a SP 300 para chegar a Araçatuba, mas acabei seguindo pela SP 294. Depois fiz um trecho na BR 267 (Rod. Assis Chateaubriand) e depois a SP 463 que me levou a retomar o meu trajeto até Araçatuba. Antes disso vindo pela SP 294 depois de passar por Tupã, sempre olhando no Guia, resolvi entrar na cidade de Iacri para encurtar caminho, andei um pouco e dei de cara com a placa: “Rodovia interditada” :/ Perguntei para um motorista que apareceu na hora e ele disse: Não tá não, pode ir só tá meio ruim… Fui! Tava ruinzinha hein, buracos traiçoeiros, pista irregular, mas deu pra desenvolver velocidade e foi um bom contato com a natureza. Cheguei na 267…

A SP 463 (Rod. Eliéser Montenegro Magalhães) me trouxe de volta ao meu trajeto, mas mal sabia eu que era nessa rodovia que eu iria passar os momentos mais tensos de toda a viagem… Passei por Araçatuba quando eram exatamente 18 horas. Estava escurecendo, a luz da reserva já estava acesa, mas continuei tranquilo. Eu ainda tinha quase 100 km pra rodar e não queria perder tempo entrando na cidade para procurar um posto. Queria chegar logo. Então a voz da inexperiência falou assim na minha cabeça: “-taca-lhe pau. Com certeza daqui a 20 ou 30 km no máximo vai ter um posto!”

Escureceu… e como era escura aquela estrada, não tinha absolutamente nada. Até que tinha fluxo, mas não era muito. Acostamento? De vez em quando meio e cheio de mato… 260, 270 km e o desespero começou a bater. Passei a andar a 70 km/h e a conversar com Deus (nessas horas a gente fica religioso rsrs). Já devia estar marcando uns 300 km quando vi um carro parado, funcionando, luzes acesas, o camarada estava no celular, parei do lado e gritei: “- sabe se tem posto aqui pra frente? Tô quase sem gasolina!” “- Amigo não conheço nada por aqui.” “- Ok obrigado”. Fui embora pensando: “- bom, se eu estiver parado daqui a pouco acenando, quem sabe esse camarada me ajuda rsrs.” Passaram mais 10, mais 20 km e eu já estava há tempos cantando hinos de louvor!!! Quando o inevitável aconteceu: a moto começou a falhar! Nesse momento eu que já estava conversando bem alto com Deus. Comecei a gritar pra ele me escutar: “- ME AJUDA SENHOR!!!” Comecei a chacoalhar a moto de um lado pro outro e pra piorar eu estava em uma subidinha, e fui berrando e balançando a guerreira até que, não acreditei quando vi a plaquinha amarela da Ipiranga brilhando lá longe! Berrando “- OBRIGADO SENHOR!!!” e balançando a moto até quase sair da pista, fui ganhando metros preciosos, se ela apagasse ali eu ia sofrer um bocado pra empurrar na subida até o posto. A moto apagou quando sai da estrada para o pátio do posto, embreei a bicha pra ganhar mais alguns metros e então ela parou, desci devagar e empurrei com muita alegria a moto por mais uns 20 metros até a bomba. Cheguei falando pro frentista: “- Você não imagina o sufoco que eu passei por falta de gasolina”. E ele: “- é, nessa estrada não tem posto mesmo”. Acho que nunca pedi nada com tanta fé e fervor, e Deus me ajudou mesmo, pois seu eu tivesse apertado um pouquinho mais lá trás, a gasolina teria acabado um pouco antes e eu nem saberia que tinha um posto ali na frente. Não seria o fim do mundo, mas seria um transtorno beeem grande.

Olhando agora no mapa vi que: do ponto onde eu peguei a SP 463 até o ponto onde a minha gasolina literalmente acabou, foram 130km sem posto de gasolina. E olhando no mapa e puxando na memória, vi que o último posto de gasolina que eu passei foi na cidadezinha de Iacri, ou seja, rodei por baixo uns 180 km sem ver um posto de gasolina! Então o meu conselho pra quem estiver passando pelo mesmo caminho: ENTRE EM ARAÇATUBA E ABASTEÇA!

Sai dali e rodei mais uns 20 km na SP 320 e logo cheguei ao Grandes Lagos Park Hotel. Já eram quase 20h30. Pra quem acordou às quatro :/ O meu objetivo era dormir em Aparecida do Taboado (MS), não deu e nem teria como dar. Vai viajar de moto? Aposte no nº 500 assim vc vai ter um dia tranqüilo.

O hotel é bem bacana e com um ótimo custo beneficio: estacionamento, wifi e um excelente café da manhã. Recomendo.

{gallery}0815/chapada/01{/gallery}

Números do dia:
Distância percorrida: 830 km
Horas na estrada 14h45 – horas parado 3h45 = horas rodando 11 horas
Média de velocidade com paradas: 56 km/h sem paradas 76 km/h
Média de consumo 20,9 km/l
Hotel R$ 65,00


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *