3º dia – Santa Cruz de La Sierra (BOL) a La Paz (BOL)

Fui procurar logo cedo um posto para abastecer enquanto iria pilotando pela ruta 4 sentido La Paz. Mas todos recusavam, pois precisam de uma nota diferente para registrar a venda da gasolina. O medo dos frentistas estava estampado em seus rostos, dava para ver que algo não está certo. Assim sendo, fui tocando até realmente precisar de gasolina.

De repente fui parado em um bloqueio na subida da Cordilheira dos Andes, assim como todos os outros viajantes que vão no sentido de Cochabamba. Evo Morales resolveu fechar a via e brincar de guerra, com direito a caças, explosões e lançamento de paraquedistas que me renderam 1 hora de atraso. A população que estava na via não suporta mais esse louco que oferece “pão e circo” para demonstrar um poder que não tem mais. Os militares são outros, que parecem os donos da rua: arrogância e soberba que azedam qualquer leite a quilômetros de distância, mas não passam de uns mortos de fome.

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Fui a um posto logo após a liberação e negaram novamente, mas apareceu um boliviano que me ajudou. Eles não enchem o tanque, mas o “casco” eles enchem, desde que você apresente o documento. Me ofereceu um galão de 10 litros com o qual consegui encher o tanque. Mas percebi que o documento dele foi registrado no caixa do posto, ou seja, existe um controle rígido na venda de combustíveis. Subi a cordilheira e em Cochabamba continuei com o drama da gasolina. Depois de mais três recusas, fui obrigado a usar meu galão de 5 litros e na hora de encher o galão de volta me pediram documento boliviano, só sinalizava que não, mas ficava em silencio para não perceberem que sou de fora. Não teve conversa. Ao verem que eu era de fora, uma frentista encheu meu galão com um documento perdido que havia no posto. E assim completei o tanque da moto.

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Em Patacamaya a reserva bateu e não tinha mais o galão de socorro. Parei em um posto e fui recusado novamente. Mas perguntei ao frentista se “casco” ele enchia e ele disse que sim, mas teria que tirar um xerox na papelaria que ficava uns 10 metros do posto. Fui à papelaria e um homem me deu um xerox de um documento perdido e também me deu um galão de 10 litros para encher o tanque. O frentista sabia do esquema, mas não se importou, só deu risada dizendo que eu era diferente do documento. O que sobrou foi para o meu galão.

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Por volta das 20h cheguei a uma capital que parece a maior favela que você pode imaginar existir em um buraco entre montanhas. Rodei uma hora para achar um hotel e consegui finalmente. Foram 850 km de um dia infernal.


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