12º dia: Puno – La Paz

Em Puno, pelo equivalente a R$ 16,00 contratamos um serviço de turismo para visitar as ilhas que incluiu o transporte do hotel até o porto onde pegamos um barco que nos levou para conhecer as ilhas dos Uros. O serviço incluiu também um guia e todo o percurso de retorno.

E aconteceu tudo como planejado. As ilhas ficam no Titicaca, o lago navegável mais alto do mundo e tem uma história muito interessante. Os Uros eram um povo que vivia na região antes dos Inkas, que no seu apogeu começou a conquistar todos os povos da região andina. Para fugir do jugo inka, eles foram para o Titicaca e construíram barcos utilizando um vegetal que existe em grande quantidade no lago e tem a propriedade de flutuar, chamado totora. Os barcos, que abrigavam uma família inteira e tinha até uma pequena casa, deixou-os longe do alcance dos inkas, mas tinha pouca durabilidade. Eles então começaram a utilizar a raiz da totora, que tem maior durabilidade e também flutua e cobriram grandes blocos de raiz com a folha da totora, criando um tipo de ilha flutuante. E assim surgiu um modo de vida deste povo que dura séculos.

Os Uros sobrevivem da pesca, da caça, da criação de animais e da venda de artesanato para os turistas que visitam suas ilhas. Cada ilha tem em média seis famílias e 25 pessoas. Existem algumas dezenas de ilhas na Baía de Puno que se preparam para receber os turistas, fazendo uma grande festa para os barcos que se aproximam. É feito um rodízio para que todas as ilhas recebam os barcos no intervalo de alguns dias.

Assim que terminou o passeio, por volta de 13 horas, pegamos nossas coisas, colocamos nas motos e fomos para a estrada em direção a Desaguadero, na divisa do Peru com a Bolívia. A estrada estava em bom estado e por cerca de 150 km margeia o Lago Titicaca (para ter uma idéia do tamanho do lago). O tempo estava bom quando saímos de Puno mas antes de chegar na fronteira, começamos a ver ao longe algumas nuvens muito escuras. A temperatura, que estava agradável até então caiu drasticamente quando as nuvens cobriram o sol. Paramos para colocar os forros e foi uma dificuldade, porque ventava muito e estava muito frio. Pouco depois começou a chover, uma chuva fina e fria que nos transmitiu uma sensação térmica de alguns graus negativos.

Quando chegamos na fronteira parou de chover. Já havia falado para o Marcelo preparar para pagar uma propina, mas para nossa surpresa o serviço foi rápido, os oficiais, tanto da migração quanto da aduana não colocaram qualquer dificuldade. 

Trocamos Dólar por Boliviano antes da aduana e seguimos pela avenida que começa na fronteira. De repente acaba o calçamento e começa uma estrada de terra com lama e muitos buracos. Antes de continuar paramos para pedir informação e nos indicaram que o caminho a seguir era aquele mesmo. Mas como? Eu pesquisei antes e segundo apurei a estrada até Potosí era de asfalto e bom… Seguimos em frente assim mesmo. Rodamos uns 500 metros e a rua terminava na verdadeira estrada… Devemos ter pegado algum atalho…

Rodamos pouco mais de um quilômetro de vimos uma barreira policial que nos indicou o acostamento para parar. Paramos e ficamos aguardando, mas nenhum dos policiais veio conversar conosco. Ai eu lembrei de ter lido que se deve dirigir para o posto policial com os documentos na mão, muita paciência e um trocado. E foi dito e feito. Um policial anotou os dados da moto e nossos em um grande caderno. No final foi direto: cinco Bolivianos para cada um (R$ 1,25). Pagamos e fomos liberados com desejo de boa viagem.

A estrada que pegamos está muito boa, com algumas imperfeições e buracos (poucos) até La Paz. Na medida em que fomos nos aproximando desta cidade começamos a avistar uma cadeia de montanhas à nossa esquerda com uma série de picos nevados formando uma linda paisagem. Imagina que numa região na mesma latitude do sul da Bahia temos frio próximo de zero e montanhas nevadas, e em pleno verão…

Havíamos combinado de tentar adiantar ao máximo a viagem até Potosí, nos hospedando em alguma cidade no caminho. As opções eram La Paz ou Oruro, um pouco mais distante, mas como começava a anoitecer resolvemos ficar em La Paz.

Você acha que sua cidade tem um trânsito estressante? Então percorra as avenidas e ruas desta cidade e você vai começar a achar que sua cidade tem um trânsito muito calmo. O transporte público é feito por milhares de vâns e micro ônibus, que parecem todos conduzidos por motoristas sem habilitação que se acham donos das ruas. Buzinam o tempo todo, param no meio da rua ou mudam de faixa sem se importar se está atrapalhando ou colocando em risco outras pessoas. E as ruas são cheias de buraco (tá, as ruas das cidades brasileiras também estão muito esburacadas), são mal iluminadas e não tem nenhuma placa indicando nada. Coisa de maluco. Mais malucos ainda nós que chegamos na cidade sem GPS (pifou) e só com o nome e endereço de um hotel para hospedar, sem termos feito reserva. Custamos, mas conseguimos na base do pedido de informação e de muita buzinada no ouvido.

estamos hospedados em um hotel bem simples, antigo e bem melhor que o de Marcapata, que não sai da cabeça. Depois daquele nosso nível de exigência baixou muito…

Números do dia:

Distância: 252 km
Consumo: 23,25 l
Média de 24,09 km / l
Preço médio: R$ 1,40 / l
Gasto combustível: R$ 32,66
Total percorrido: 5.488 km
Hospedagem: R$ 63,49
Jantar: R$ 6,49
Passeio: R$ 16,00

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