Pasto – Armenia – 17º dia

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Pasto – Armenia (Parcial = 547 Km / Total = 8.750 Km)

Com céu de brigadeiro, às 08:00h já estávamos na Panamericana Norte. Mal saímos de Pasto e já tem início a serra com estrada de primeiro mundo e curvas para todos os gostos.

Como de costume, minha moto seguia na frente, depois vinha o Robertinho e o Edinho mais atrás. Em cada abastecimento, aguardávamos o Edinho chegar.

Durante todo o trajeto na Colombia, chama a atenção a quantidade de soldados espalhados pelos povoados e em postos estratégicos da estrada, pois ainda persiste a ameaça das FARC.

Como no Peru, aqui na Colombia não cobram pedágio das motos. Mas nem sempre a estrada é excelente, como eu já esperava.

Após passarmos a serra, abastecemos após percorremos 143 km. Então, teve início outra serra mais alta e mais radical. Pista boa, razoável e péssimas se alternavam, inesperadamente. A paisagem de altivas montanhas coberta pela mata era soberba, mas a perda de atenção na estrada poderia ser fatal; vôo no precipício ou choque com ônibus ou grandes caminhões em alta velocidade. Depois de um boa pista, imediatamente após uma curva poderia vir degraus no asfalto, grandes buracos, desmoronamento ou um piso de cascalho, terra e lama; vários tipos de armadilhas para derrubar os desavisados. Além do perigo representado pelos vários tipos de irregularidade do piso, nos melhores trechos da estrada, a principal ameaça era a moto coincidir nas curvas ascendentes com o ônibus ou grandes caminhões, vindo em sentido contrário. Os motoristas, para manterem a velocidade nas curvas, sempre usavam um pedaço da pista contrária e quase nos empurravam para fora da estrada.

Após uma sequencia de obstáculos, o Robertinho mantinha-se após o Edinho e eu procurava aguardá-los mais a frente, andando mais devagar na estrada. Por duas vezes, enquanto eu olhava para trás, fui surpreendido por um carro e um caminhão. Então, resolvi me ligar apenas no que vinha de frente, para não dar chance de interromperem a minha viagem.

Mantive o meu ritmo, a estrada melhorou e cheguei a Popayan, às 12:10h. Logo na entrada da cidade, tinha uma casa lotérica, a beira da estrada. Estacionei em frente a ela e falei com o segurança, que portava na mão direita uma espingarda calibre 12, cerrada. Expliquei que se não houvesse problema iria esperar os meus amigos ali mesmo, pois a minha moto ficava fácil de ser vista por quem vinha pela estrada. Estava tranquilo de reencontrá-los porque comentei com o Robertinho que Popayan era o local que fazem os melhores doces colombianos e passaríamos por lá, e por isso fiquei aguardando.

O tempo passava e nada. Comecei a ficar preocupado. Para me distrair, conversava com o segurança, que me tranquilizou, informando que eles poderiam ter pego a via expressa, que não passa pela cidade. Em todas as cidadezinhas como aquela era um trânsito de muitas pequenas motos e scooters para todos os lados.

Momentos depois, chegou em uma camionete de luxo o dono da lotérica, que também é motociclista e gosta de viajar de moto. Conversamos bastante sobre viagens e antes de ir embora me avisou para não ficar muito tempo por alí porque estava ocorrendo muito roubo de motos à mão armada e a minha Harley carregada para viagem era uma preciosidade de presa muito apreciada. Quando comentei que seguiria para Cali, me avisou que a periferia da cidade era muito perigosa e ocorriam muitos roubos à mão armada na entrada da cidade. Como de costume, quando estamos estacionados nas cidades, vários curiosos me abordavam, perguntando sobre sobre mim e a moto e alguns queriam saber se eu pernoitaria na cidade. Sempre informava que sim e que meus amigos já teriam seguido para outra localidade.

Às 15:30h, resolvi partir e como estava sozinho, não seguiria para Cali, passando ao largo, seguiria no rumo de Bogotá, enquanto a luz do sol permitisse.

Parei no primeiro posto para abastecer e caiu um tromba d’água. Esperava a pista secar, enquanto conversava com vários motoboys, que admiravam a Harley e comentavam sobre a criminalidade local. Já estava me sentindo inseguro, pois achava que deveria ter alguém de olho em mim e o tempo não melhorava.

Um senhor que presenciava tudo um pouco afastado veio até mim e falou que aquela era chuva de verão, logo mais a frente o tempo estaria bom e a estrada era muito boa, até Bogota. Entendi a dica, comentei com a galera que iria procurar um hotel, trepei na sela e parti com tudo que podia para fora da cidade. Realmente, o tempo abriu e a estrada era muito boa.

O motor da Harley dava tudo o que podia, pois não queria mudar de dono. Na bifurcação de Cali, segui para Palmira. Na região havia imensas extensões de plantio de cana-de-açúcar e de tempo em tempo o movimento da estrada era interrompido para a passagem de treminhões: que terra da banana que nada.

Mais a frente, a estrada serpenteava entre as pequenas montanhas e nas suas margens várias árvores formavam túneis com a suas folhagens.

Inclinando e acelerando nas curvas, já não sentia medo, a paz da minha alma já estava resgatada.

Às 18:00h, estava procurando hotel, em Armenia e achei um do tipo espartano, por $20.000. Estacionei a Harley no pequeno saguão do hotel e o jantar de $3.000 que mandei buscar, foi me entregue dentro de um saco plástico.

PHD Artur Albuquerque
Fonte: http://phdalaska.hwbrasil.com/site/ e http://www.phd-br.com.br/


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