América do Sul, Peru
Até agora não pegamos chuva de verdade, somente ameaça. Acho que ela está se reservando para nos dar um belo banho na América Central.
Partimos às 08:20 h de Chimbote com o céu nublado. Após 133 km, chegamos a Trujillo, onde deveríamos ter pernoitado.
Estradas perfeitas, subimos e descemos montanhas, estradas litorâneas e as mesmas impressionantes paisagens.
Em cada partida de posto de abastecimento, geralmente, sigo na frente do nosso pequeno trem e coloco o cruise control em 120 km/h, como estava previsto no nosso planejamento (o combinado).
E são retas e curvas à 120. Por alguns minutos, sigo sozinho, pois o Robertinho faz companhia ao Edinho. Passam-se os minutos e o Robertinho logo está colado na minha ala e assim seguimos viagem até o próximo posto, onde todos nos encontramos, novamente.
Às vezes, me estimulo em uma sequencia de curvas e sigo só, arrastando as pedaleiras.
Na saída de uma dessas, já em uma grande reta a Policia Carretera me parou. Aproximaram-se três policiais e um deles sorrindo me disse que queria apenas ver a Harley. Perguntou minha profissão e enquanto conversávamos passaram o Robertinho e o Edinho. Então, nos despedimos e gentilmente me prestaram continência e fui embora. Pensei: o Edinho vai tentar cair na minha pele, mas vai se dar mal.
Numa das paradas, o Robertinho comentou comigo que ainda faltam 50.000 km na nossa frente e temos que não dar chance para o azar, pois volta e meia apareciam óleo e muitas pedras na estrada. Entendi o recado.
Outra vez, agora estávamos juntos na frente, e fomos parados pela Policia Carretera. O Edinho passou. A sequencia de falas do policial me pareceu muito ensaiada. Depois de um jogo de cena, pediu logo a carta-verde e apontou que no seguro de terceiros não constava o Peru. O Robertinho comentou que o Peru constaria na carta-verde apenas no próximo ano, o que não deu resultado. O policial mais intransigente me pediu o passaporte e eu lhe apresentei junto como a minha carteira de identidade. Informei que a minha Base Aérea tinha feito contato com o Consulado do Peru no Brasil e eles informaram que ainda não era necessário. Ao ver minha carteira, a mostrou para o companheiro dele, dizendo “Coronel Intendente” e a conversa mudou para um rumo mais ameno. Devo mais essa a FAB.
No Peru, há um investimento maciço em estradas e parece que a Policia Carretera quer recolher esse dinheiro de volta. Para andar tranquilo no Peru, é suficiente não ultrapassar em linha contínua e nem entrar nas cidades em alta velocidade, pois suas pick up brancas ficam estacionadas em pontos estratégicos, nas entradas, saídas e em meio as pequenas cidades.
Assim que chegamos, eu e Edinho fomos diretamente para o Museu do Senhor de Sipán, civilização Mochica, pré-incaica, que mostra os artefatos e as ossadas, em um nicho arqueológico de 100 a 600 anos DC. Na tumba, o Senhor de Sipán foi enterrado com seus pertences e todo o seu séquito pessoal, insinuando a expectativa de uma próxima vida após a morte.
Agora, que coloquei o diário de bordo em dia, vou dormir porque amanhã vamos enfrentar a aduana do Equador.
PHD Artur Albuquerque
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