Dia 05: Itacaré – Aracaju

Tudo pronto, tomamos café e voltamos ao quarto pra colocar os equipamentos. De repente uma tempestade! O clima da costa do cacau tem essas coisas, virou de uma hora pra outra. O dono da pousada, surfista e bom conhecedor do clima local, disse “só vai parar na hora do almoço”. Olhei pra madame e ela já tava no quarto esperando a chuvarada passar.

Deu 8,9,10 horas e nada, até que às 11h30 a chuva praticamente parou, subimos na moto e liguei o GPS, que tinha voltado a funcionar. Seguimos pela BA 001 ou Rota do Coco como falam por lá. Vai margeando o litoral até salvador depois continua até a divisa com Sergipe, virando a linha verde ou BA 099.

Como a estrada era relativamente nova, 80 km depois de Itacaré, o GPS parou novamente. Resolvi não insistir mais com ele (fiquei puto da vida). Fui no modo tradicional, seguindo placa e perguntando. Tudo tranquilo, até chegar a Valença (BA), lugar onde estava um trânsito daqueles e o calor não tava ajudando.

Depois de Valença, próximo a Camassandi (BA) a estrada praticamente sumiu e só ficaram os buracos, mas o trecho é curto, nada que atrapalhe demais.

Na entrada do ferri-boat, tinha uma fila interminável de carros e você sente aquele alivio por estar de moto e passar por todos sem precisar enfrentar fila. Lá pode.

Encontrei com o irmão Barreto do São Pedro da Aldeia MC. Começamos a conversar e ele me deu umas dicas de como sair de salvador e seguir pela linha verde. Me convidou pra almoçar, mas como ele já tinha chegado ao destino e ainda faltava um bocado pra mim, não pude aceitar e embarquei na balsa.

Viagem de moto pelo Nordeste do Brasil

A patroa foi se esticar no banco da balsa durante a travessia enquanto os demais motociclistas “seguravam” suas motos pois o mar batia um pouco e poderia derrubar alguma moto, fazendo aquele efeito cascata que é pesadelo de todo motociclista. Nesse momento, quando já me batia a preocupação de ficar perdido em Salvador, cidade grande sempre complica pra andar quando não se conhece nada, me abordou outro motociclista numa Dafra Apache e começou a puxar papo: de onde está vindo, pra onde vai e aquilo que todos aqui já conhecem. Foi quando falei que meu destino final era Fortaleza e que iria dormir aquela noite em Aracaju (SE). Dei sorte, ele era natural de Aracati (CE) (próximo ao balneário de canoa quebrada). Mais sorte ainda, ele já tinha trabalhado em locadora de veiculo buscando carro e levando de volta pra Fortaleza. Perguntou se conhecia bem Salvador e eu respondi que só do google. Prontamente aquela boa alma se ofereceu pra me levar até a saída da cidade e começo da linha verde (BA 099), e me deu a dica mais preciosa da viajem, “encha o tanque até a boca na saída de Salvador”. Foi meu anjo da guarda. Fiz o que ele recomendou e no posto comprei aquele bom e velho Mapão rodoviário de papel que não falha nunca.

Viagem de moto pelo Nordeste do Brasil

Eram 16 horas. Com o tanque cheio, segui pra linha verde. Alguns carros na direção contrária, rumo a Salvador e eu, a noiva e a GSX nas retas intermináveis. Nesse cenário, não tem jeito, você acaba sentando a mão mais que deveria. Estrada reta, asfalto novo e pista vazia é prato cheio pros 4 cilindros falarem alto. Consegui andar mais de 100 km em torno dos 150 km/h, o que me fez recuperar um pouco de tempo perdido em Valença. Porém, foi passando 100, 150, 180 km e nenhuma alma viva no entorno da estrada, com 200 km a moto abriu reserva e a mão já voltou pros 90 km/h e já pensei “pronto, vai acabar a gasolina”. Passaram mais 20 km e nada, ninguém na rodovia, só alguns carros de vez em quando no sentido contrario. Até que com 235 km do ultimo abastecimento uma plaquinha no chão, ultimo posto da linha verde uma seta pra direita e 5 km. Entrei no trevo pra cidadezinha de Conde (BA) e abasteci. Pelo jeito muito motociclista já parou lá. Se sua moto tem menos de 200 km de autonomia, abasteça na Costa do Sauípe e não em Salvador.

Tanque cheio, susto passado, seguimos pela estrada no cair da tarde, cerca de 50 km à frente um trevo indicando BR 101 ou SE 100 – Atalaia (SE), queria seguir pelo litoral e por sorte divina um transeunte numa bicicleta, agricultor pelas vestimentas, apareceu e perguntei, “pra Aracaju onde é melhor?”, ele disse “ pegue pra Atalaia que tem a ponte nova pelo mangue, o resto é beira de praia não tem errada”. Obedeci e peguei o trevo voltando ao litoral. Realmente a estrada é ótima, a ponte é linda cerca de 3 km de extensão por cima do manguezal. Pena as fotos terem ficado escuras pois chegamos lá no cair da noite. Chegamos a Aracaju sem mais problemas, depois de percorridos 580 km.

Nos hospedamos no Nascimento Praia Hotel. Excelente, bom preço e em frente à praia.


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