De Brasília a Caraguatatuba

Esta viagem veio evoluindo com o tempo e com a experiência com a moto. Tanto eu quanto o Rosa, éramos reintegrantes à prática, depois de anos e anos de ausência.

Conhecemo-nos haviam poucos meses e travamos uma amizade fraterna. Finais de semana de passeios pela região de Brasília foram nos dando experiências e vontade de seguir rumos mais distantes. Esta viagem já estivera marcada para alguns meses antes, mas só foi concretizada em agosto de 2005. 15 dias de Brasília, DF a Caraguatatuba, SP.

Rosa tem parentes em Caraguá. Fizemos alguns contatos com amigos motociclistas internautas a quem conheceríamos pelo caminho. Algumas conversas com outros viajantes nos deram algumas orientações. Alguma preparação e muita ansiedade pelo desconhecido…para nós, ao menos.

Viagem de moto São Paulo- RoteiroRoteiro realizado

Viagem de moto São PauloA partida de Brasília, perto da Esaf

Nosso roteiro incluía rodar pela região ao norte e ao sul de Caraguá para visitarmos o melhor do litoral sul do Rio e norte de São Paulo. Assim, planejamos ir até Paraty, região que eu conhecia bem por já ter ido várias vezes pra mergulhar, e também até Guarujá, que Rosa conhecia.

Assim, preparamos nossas coisas e iniciamos o que seria uma maravilhosa parceria em outras grandes aventuras para nós.

Nossa saída se deu com céu limpo e algum calor. A empolgação nos deixou rodar uma hora e meia antes de pararmos para abastecer, fato que não se repetiria pelo resto da viagem, pois os bancos de espuma dura de nossas motos, deixavam nossos ciáticos doendo de forma que éramos obrigados a parar de hora em hora, senão baixava um desespero e fazíamos exercícios em cima da moto mesmo, o que acabava sendo perigoso e improdutivo.

A primeira fronteira
Parada para almoço. Já parecia que estávamos rodando há dias. Retas compridas e poucas paisagens, misturadas a velocidade média, muito baixa (em torno de 65km/h), muito calor e nossas bundas doendo nos obrigando a parar a cada hora de viagem.

Chegando em Ribeirão Preto, ao redor das 18 horas, fomos seguir a tradição alegada por nossos amigos de Brasília: parar e tomar um chopp no Pingüim da cidade. Pedimos informações a um motociclista que ia passando e ele nos levou até lá e retribuímos a gentileza com alguns copos de chopp supergelado. Encontramos vários motociclistas com os quais havíamos cruzado pela estrada.

Ainda com a benevolente claridade permitida pelo horário de verão, encontramos uma boa pousada em Cravinhos, a qual nos acolheu confortavelmente assim como as motos.

Seguimos até Campinas, onde ficamos de nos encontrar com um grupo de amigos que nos recepcionariam. Neste gramado, fui fazer uma gracinha com a moto e levei meu primeiro tombo – que me deixou meses com o ombro dolorido me lembrando do que acontece quando unimos irresponsabilidade com motos…

Nossos colegas nos levaram para um tour pela cidade e para almoçar no shopping. Depois nos acompanharam até a saída da cidade, onde pegaríamos a rodovia D.Pedro I.

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Colegas em Campinas

O grupo era composto de membros de uma família e alguns namorados agregados.

O pessoal nos informou que haveria um encontro de motociclistas em Caraguatatuba. Não sabíamos disso, mas achamos a idéia interessante, e então marcamos de nos ver novamente logo após as festividades do evento. Seria um prazer reencontrá-los, então, marcamos.

Na saída, uma foto de despedida…

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Um pouco de arte e habilidade

Na rodovia, lindos trechos de mata e lagos exigiam as devidas fotos como lembranças.

Descendo a serra a partir de São José dos Campos, avista-se Caraguatatuba…

…muito maior do que eu lembrava em minhas passagens para mergulhar em Angra.

A cidade, muito agradável e bonita. Os parentes do Rosa, muito gentis e atenciosos…Alguns, muito brincalhões, como é o caso do João que, mesmo sendo cunhado do Rosa, é uma pessoa muito gente boa…

Durante nossa estada, haveria um encontro de motociclistas na cidade e a polícia estava muito empenhada em manter a segurança, de forma que a todo momento éramos fiscalizados. Até fizemos amizade com alguns policiais.

Não havíamos ido com essa finalidade, mas seria interessante participar de um evento de tal porte como seria esse. Assim, começamos a encontrar com os motociclistas que vieram participar do encontro: Belo era o presidente de um motoclube de Caraguá e uma figura muito conhecida na cidade. Ótima pessoa e nos apresentou ao grupo que nos acolheu como irmãos;

Abajour, é o nome do proprietário deste triciclo. Ele se orgulha em ter a coisa mais esdrúxula do mundo motociclista (bem, considerando que Maicon tem um caixão atrás do seu, a coisa é disputadíssima…). Abajour pendura tudo o que ganha em seu triciclo, o que o deixa com um ar, digamos esotérico meio que saído do filme Blade Runner.

Mas o evento estava muito comercial, apesar de organizado. Cercas separavam quem pagava pra entrar e os que preferiam ficar lá fora, com a rapaziada. No final das contas, o lado de fora estava mais animado e acolhedor, com bagunças, motociclistas arruaceiros, normalmente moleques, fazendo estourinhos pelo escapamento das motos, mas a maioria ficou desfilando suas motos e tomando uma cervejinha com os amigos entre um papo e outro. Do lado de dentro, as coisas estavam mais organizadas, com barracas de equipamentos e muita gente, também. Conhecemos um grupo de coroas que disseram ter trocado suas customs por esportivas porque aquelas eram motos de velhos e demoravam demais a chegar…e nos chamaram de velhos rss.

Esta questão nos leva à necessidade de esclarecer o que é uma moto custom e digitar algumas palavras sobre suas características que já se perderam mesmo entre os motociclistas, mais antigos e o que se dirá dos mais novos.

Classificação Geral

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Da esquerda pra direita, Trail, Cruiser, Speed e Street, ou se preferir: Fora-de Estrada, Estradeiras, de Velocidade e de Rua.

No nosso caso, as estradeiras, ou cruiser, são subdivididas em dois grupos:

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As Chopper, que costumam ser mais empinadas e adoradas em filmes como Easy Rider e as Classic, que são muito utilizadas pela Polícia Rodoviária e demais forças militares.

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As choppers costumam ter seu tanque de gasolina com pequena capacidade, fazendo da Classic, com seu tanque maior, as preferidas para longas viagens.

Mas ambas adquirem sua nomeação de CUSTOM, quando são “customizadas”, ou seja personalizadas pelos seus donos com alforges, pára-brisas, faróis de milha, para permitir uma viagem mais tranquila, confortável e segura.

A do Rosa é uma Chopper, e a minha uma Classic. Ambas Cruiser pelo estilo e ambas customs pelos equipamentos adicionados.

Muito bem. Continuemos…

Após nossos encontros com irmãos motociclistas, começamos a mostrar para o que efetivamente viemos: passear!

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Visita dos amigos de Campinas, em caraguá

Assim, fomos reencontrar nossos amigos de Campinas em Maresias, uma praia um pouco ao sul de Caraguá. Bate papos, almoço e roda pra estrada.

Nossa vida de passeios estava apenas começando. Tínhamos muita coisa pra rodar, muitos lugares a ver. Começamos com a cidade, claro, seus pontos turísticos e tal, mas principalmente praias…

…de moto, claro. Molhar-me em água salgada deixou de ser algo imprescindível desde que deixei o Mergulho de lado. Agora mar voltou a ser um prazer visual.

Depois de fazer algum turismo pelas praias da região, resolvemos passear pela Rio-Santos em direção ao Rio. Adoro essa estrada desde há muito tempo. As curvas, as paisagens…Se de carro era ótimo, estava querendo ver como seria de moto.

Saímos num belo dia de sol, mas pouco calor. Algumas nuvens, dia lindo! Mas a volta nos trouxe surpresinhas!!

O passeio foi ótimo e aproveitamos todas as oportunidades para tirarmos fotos.

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A caminho de Paraty

O tempo estava bom e convidativo a uma pequena viagem de cento e tantos quilômetros, de forma que fomos pouco equipados e muito tranqüilos com relação a isso, mas no decorrer do caminho o tempo foi virando…bem devagarinho.

Estrada vazia, vento fresco, tudo de bom para um passeio em paisagens tão lindas e estrada muito agradável para motos, com curvas, subidas e descidas. Só passando por isso pra entender o que se passa na cabeça e no coração de um motociclista.

No caminho, entramos em Trindade, um pequeno povoado escondido, cujo acesso se dá através de uma íngreme descida entre as montanhas e pelo meio da mata.

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Nuvens na ida, chuvas na volta

Pouco se pode descrever das belezas e da sensação maravilhosa que é poder estar em lugares tão lindos e especiais, sem o stress e as preocupações de uma viagem toda programada com dias e horários definidos. A liberdade é total. Aonde se deseja parar, pára-se e aprecia-se a paisagem, os lugares, as pessoas. Só passeio…só curtir alguns momentos da vida.

Em Paraty, encontramos um rapaz que vinha de Manaus, com apenas uma maletinha de roupas…precisamos nos aperfeiçoar e nos despir de tudo que não é realmente necessário.

Paraty não me tem muitos atrativos, mas é uma cidade interessante por manter suas características históricas.

Nosso retorno a Caraguá trouxe chuva como recordação e, por não termos levado roupas de chuva, tomamos duas horas de um banho gelado que deixou nossos dedos quase que imobilizados. Tive que pedir ao Rosa pra retirar minha carteira do bolso de minha calça de couro, na hora de abastecer, pois meus dedos não conseguiram.

Em outro dia, outro passeio, desta vez para Ilhabela. Atravessamos de balsa, apesar de meus pânicos de barcos em geral. Mas foi tudo bem.

Ilhabela tem muitos pontos muito bonitos, mas resumimo-nos a rodar pra conhecer alguns poucos.

Em uma parada pra fotos e chopps, apareceram outros motociclistas e ficamos conversando e trocando experiências. Novas amizades são os resultados de viagens de moto. Sempre encontramos pessoas e fazemos amigos.

Bem, talvez amigos não seja a palavra correta, pois nunca mais eu os encontrei ou sequer conversei com eles, mas certamente Rosa, o social, voltou a contactá-los. Eu tenho esse defeito incorrigível: gosto de pouca farra.

Depois de passar o dia inteiro rodando, hora de voltar pra Caraguá e pra balsa…Sempre me sinto nervoso preso num treco desses.

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Rafinha, de Curitiba

Em Caraguá, encontramos Rafael, um motociclista de Curitiba que estava em Brasília uns dias antes de partirmos. Nós o havíamos encontrado num final de tarde em que os Insanos, um grupo de amigos, estávamos reunidos em frente à Catedral, matando saudades mensais. Rafa pediu informações para seguir à Chapada dos Veadeiros e Rosa o levou pra pernoitar em sua casa.

Em nosso último dia em Caraguá, Rafa nos encontrou na praia pra se despedir e recusou-se a tomar um solzinho pra perder a brancura reflexiva que tem.

Chopinho pra lá, peixinho pra cá, fomos recuperando energias e acumulando-as pra próxima etapa: Guarujá, Barretos e Brasília.

No dia seguinte, fomos a um passeio um pouco maior no qual já voltaríamos para casa. A ida pra Guarujá tinha o objetivo de parar em todas as praias do caminho. Encontramos coisas interessantes como

uma intrigante figura de, provavelmente, um dos Moais da Ilha de Páscoa, perdida na entrada de algum condomínio.

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Vale um pôster, não?

Pelo tempo chuvoso, não rolava praia. Que ótimo, mas a moto foi à praia, e quase afundou na areia…Sujeito abusado, eu!

A Teoria da Volta redonda!

Dormimos em Guarujá e no dia seguinte rumamos a Barretos.

A idéia era apenas voltar por um caminho diferente da ida, pois a volta por outro caminho dá sempre a impressão que estamos sempre indo. Voltar pelo mesmo lugar, pela mesma estrada, cansa, distrai, apressa, agoniza e isso é um prato cheio pra acidentes.

Em Barretos, já estávamos mortos de cansados pela estrada irregular, de uma pista apenas, pelo calor e pela falta de preparo que requer uma viagem dessas.

Nosso prazo pra chegar em casa estava expirando e após passarmos a noite na cidade, perder mais tempo visitando Barretos em si, não nos pareceu sensato, pois teríamos que rodar muito rápido pra chegar em casa a tempo de trabalhar.

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Nós Fomos!

Assim, apenas passamos pelo maravilhoso local dos eventos em Barretos para apreciar e fotografar. Na foto acima, atente para as motos aos pés do peão pra ver o tamanho da estátua.

A arena é simplesmente magnífica e escavada. É um buracão enorme e linda!

Estamos no nível do solo.

O local, mais parece uma cidade com ruas e quadras cheia de lojas vendendo de tudo um pouco. Realmente é muito diferente do que já vi. Seria a mãe de todas as feiras de eventos. Algo como que de fora do país.

Seguimos viagem pra dar conta do calendário e foi apertado. Entrando em Goiás, pegamos chuvas pesadas, tráfego intenso de caminhões. Caminhões nos ultrapassando debaixo de chuva e nos jogando torrentes de água que tornavam nosso trajeto muito perigoso e a estrada estava em reformas.

Na realidade, havia uma estrada novinha em folha e prontinha pra ser usada bem ao lado do traste de estrada que andávamos. Esta era feita de trechos de terra, de trechos de asfalto e com muito tráfego. Nossa viagem estava sendo atrasada e muito!

Eu e Rosa decidimos invadir e vir pela estrada nova, senão seria mais um dia de caminhada.

Em Morrinhos, mortos de cansaço, ficamos em uma pousadinha de 10 reais por cabeça e pão e café como breakfast. Simples não caracteriza a bichinha.

Mas dali, a vinda foi ótima, embora sempre acompanhados pela chuva.

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Chegada em Brasília

Em nossa chegada, fizemos questão de bater uma foto no mesmo lugar que começamos a viagem, na QI 27 do Lago sul.

A viagem foi uma empreitada de sucesso e agora eu chegava pra minha casinha.

As próximas viagens estão nos planos, vamos ver o que acontece.

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