Ao longo da Estrada Real existem milhares de quilômetros quadrados de área preservada. Verdadeiros tesouros que guardam a fauna e a flora de importantes remanescentes de Mata Atlântica, Cerrado e Campos. A maior parte se encontra dentro de parques estaduais, que ajudam a preservar esses patrimônios naturais. Separamos alguns destinos muito interessantes para quem gosta de uma viagem de moto e curte a natureza. Descubra uma unidade de conservação e viaje pela Estrada Real.
São quatro parques estaduais que ficam na região da mais famosa estrada histórica brasileira e que estão entre as unidades de conservação mais bonitas do Brasil.
O Parque Estadual do Rio Preto
O Parque Estadual do Rio Preto está localizado no município de São Gonçalo do Rio Preto, distante 70 Km de Diamantina. Foi o primeiro a receber o marco de referência da Estrada Real, que vai de Parati (RJ) até Diamantina.
A história da unidade de conservação está ligada às lendas e mitos dessa antiga área de mineração. Na área, segundo relatos, se escondiam escravos fugidos que conheciam bem suas matas e rochas por haverem trabalhado na construção da Estrada Real. Muitos conseguiram se safar das perseguições dos capitães-do-mato e se juntar a quilombos no interior da Bahia.
Patrimônio Natural
O Parque Estadual do Rio Preto está inserido no complexo da Serra do Espinhaço. Possui um relevo acidentado repleto de rochas de quartzo que formam belíssimos painéis.
Com uma área total de 12,185 hectares, a unidade de conservação abriga diversas nascentes, dentre as quais se destaca a do Rio Preto, um dos mais importantes afluentes do Araçuaí, por sua vez afluente do Rio Jequitinhonha. Os recursos hídricos privilegiados favorecem a formação de cachoeiras, piscinas naturais, corredeiras, sumidouros, canion e praias fluviais com areias brancas.
Entre os inúmeros atrativos turísticos, destacam-se as cachoeiras do Crioulo e da Sempre Viva, as pinturas rupestres e os mirantes naturais que permitem aos visitantes observar toda a área da Unidade e do entorno.
A cobertura vegetal do Parque é composta, na maior parte, por cerrado e campos de altitude. São inúmeras as espécies vegetais existentes na área, com destaque para o monjolo, pau pereira, candeia, sucupira, pau d´óleo, peroba, ipê, araticum, carvalho e várias espécies de sempre-vivas.
A fauna é igualmente rica, com a presença de diversas espécies ameaçadas de extinção como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, o tatu canastra e a jaguatirica.
História pra contar
Em 1991 o Rio Preto foi declarado Rio de Preservação Permanente, concretizando o grande interesse da comunidade de São Gonçalo do Rio Preto. Esta ação culminou na necessidade de proteger sua nascente. Em 01 de junho de 1994, foi publicado o Decreto nº 35.611 que criou oficialmente o Parque Estadual do Rio Preto. A abertura da unidade à visitação aconteceu em 2002.
A unidade de conservação reúne as terras das antigas fazendas Boleiras, Alecrim e Curral. Nessas fazendas eram exploradas atividades de pecuária de corte e extração de sempre-vivas, garimpo e coleta de frutos silvestres.
Infra-estrutura
O Parque possui uma das mais completas infra-estruturas em unidades de conservação de Minas Gerais que inclui portaria, estacionamento e restaurante. O Centro de Visitantes possui um auditório para 70 pessoas, duas salas de reunião para 30 pessoas cada e uma sala para exposições.
Doze alojamentos podem abrigar até 49 pessoas e a área de camping comporta até 15 barracas e possui ainda quiosques, churrasqueiras, lavatório de pratos e roupas, vestiários e fonte de água potável.
Visitação:
Os alojamentos e a área de camping devem ser reservadas com antecedência junto à administração do parque.
Horário de visitação: 7 às 17 horas.
Telefone: (38) 3531.3919.
Como chegar:
A partir de Belo Horizonte, seguir a BR 040 no sentido de Brasília e, depois, acessar a BR 259 até Curvelo. Daí, seguir pela BR 367, sentido Diamantina. Após a cidade de Couto Magalhães, entrar na MG 214 até São Gonçalo do Rio Preto, por estrada de terra batida. De São Gonçalo até a portaria do Parque são 14 Km de estrada bem sinalizada.
Distância de Belo Horizonte: 355km
Parque Estadual do Itacolomi
O Parque Estadual do Itacolomi, localizado nos municípios de Mariana e Ouro Preto, na região sudeste de Minas Gerais, a 100 quilômetros da Capital. Foi criado em 14 de junho de 1967, pela Lei nº 4.495
. A unidade de conservação abriga o Pico do Itacolomi. Com 1.772 metros de altitude, era ponto de referência para os antigos viajantes da Estrada Real que o chamava de “Farol dos Bandeirantes”. A palavra Itacolomi vem da língua tupi e significa “pedra menina”. Os índios viam o pico como o “filhote” da montanha ou “pedra mãe”.
Patrimônio Natural
O Parque possui uma área de 7.543 hectares de matas onde predominam as quaresmeiras e candeias ao longo dos rios e córregos. Nas partes mais elevadas, aparecem os campos de altitude com afloramentos rochosos, onde se destacam as gramíneas e canelas de emas. Abriga muitas nascentes, escondidas nas matas, que deságuam, em sua maioria, no rio Gualaxo do Sul, afluente do rio Doce. Os mais importantes são os córregos do Manso, dos Prazeres, Domingos e do Benedito, o rio Acima e o ribeirão Belchior.
Diversas espécies de animais raros e ameaçados de extinção podem ser encontrados na unidade de conservação, como o lobo guará, a ave-pavó, a onça parda e o andorinhão de coleira (ave migratória). Também podem ser vistas espécies de macacos, micos, tatus, pacas, capivaras e gatos mouriscos. Levantamentos identificaram mais de 200 espécies de aves, como jacus, siriemas e beija-flores.
História pra contar
Pelo Parque Estadual do Itacolomi e por Ouro Preto passaram as expedições em busca do ouro das Gerais. O patrimônio está preservado, dando ao visitante uma real visão da paisagem contemplada pelos antigos viajantes destes caminhos. No final do século 18, na busca por riquezas, o bandeirante paulista, Antônio Dias, avistou o Pico do Itacolomi, que serviu como ponto de referência, para que outras expedições chegassem ao local com facilidade.
No Parque, a Fazenda São José do Manso é um exemplar da arquitetura colonial deixado pelos bandeirantes em Minas. A Fazenda é tombada pelo IEPHA. Restaurada, a antiga sede da fazenda, a Casa do Bandeirista, é o Centro de Visitantes do Parque foi construída entre 1706 e 1708 e é uma das três amostras da arquitetura paulista em Minas Gerais, considerada por especialistas o primeiro prédio público do Estado, pois servia para cobrança de impostos e vigilância das minas. Foi tombada em 1998.
A Fazenda do Manso foi um pólo produtor de chá na primeira metade do século 20. O Museu do Chá abriga o maquinário alemão usado no beneficiamento do chá colhido nas lavouras da fazenda.
Outra atração é a Capela de São José que possui uma Via-Sacra diferente, feita por artistas plásticas ouropretanas que utilizaram materiais colhidos na natureza para sua confecção. Também merecem destaque a Fazenda do Cibrão e as ruínas da Casa de Pedra. A Chácara dos Cintra é outra atração com suas ruínas e um grande portal em pedra sabão.
Infra-estrutura
A sede administrativa do Parque fica na fazenda São José do Manso, local que abrigou, na década de 1930, uma fábrica de chá. Hoje, o Parque possui uma completa infra-estrutura para atender visitantes e pesquisadores com Centro de Visitantes, biblioteca, alojamentos para pesquisadores e funcionários. Algumas das edificações do Parque passaram por recente reforma e novas instalações melhoraram ainda mais a infra-estrutura de apoio a visitantes e pesquisadores. As obras foram realizadas com recursos do Projeto de Proteção da Mata Atlântica de Minas Gerais (Promata/MG).
Visitação:
A visitação é aberta de terça-feira a domingo de 8h00 as 17h00. O Parque dispõe de Centro de Visitantes, Museu do Chá e Casa Bandeirista, além de trilhas interpretativas e atrativos naturais.
As visitas guiadas ao Pico do Itacolomi devem ser agendadas junto à administração. A área de camping, conta com estrutura de apoio, inclusive restaurante, devendo ser agendada a permanência no camping, pois o número de barracas é limitado.
Horário de funcionamento: 8h00 as 17h00
Telefone: Fixo: (31) 3551-6193 e Celular: (31) 9891-9471 ou 9737-9227
Email: peitacolomi@meioambiente.mg.gov.br
Como chegar:
O acesso fica entre os municípios de Ouro Preto e Mariana. A partir de Ouro Preto, segue-se a BR-356 até o entroncamento com a MG-262, em direção ao parque. Outra opção é seguir, a partir do sul da cidade, a Rua Pandiá Calógeras, atravessar a estrada e seguir as trilhas sinalizadas.
Distância de Belo Horizonte: 110 km
Parque Estadual do Ibitipoca
O Parque Estadual do Ibitipoca está localizado na Zona da Mata, nos municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca. Ocupa o alto da Serra do Ibitipoca, uma extensão da Serra da Mantiqueira.Com uma área de 1.488 hectares, a unidade de conservação está no local onde se dividem as bacias do Rio Grande e do Rio Paraíba do Sul.
Foi criado em 4 de julho de 1973, pela Lei nº 6.126. ‘Ibitipoca’, palavra tupi-guarani, significa “Serra Fendida”. É o Parque mais visitado do Estado, um dos mais conhecidos do Brasil e a principal atração da região.
Patrimônio natural
A Ponte de Pedra, a Janela do Céu, a Gruta dos Três Arcos e o Pico do Pião são apenas alguns dos atrativos de Ibitipoca que abriga ainda mirantes, grutas, praias, piscina natural, cachoeiras, picos e as belas cachoeiras e piscinas naturais formadas pelos Rios do Salto e Vermelho e o Córrego do Monjolinho. O pico da Lambada, também conhecido como Ibitipoca, com 1.784 metros de altitude, oferece uma vista panorâmica inigualável.
A fauna é rica, com a presença de espécies ameaçadas de extinção, como a onça parda, o lobo guará e o primata guigó. Aparecem também os macacos barbado, sauá (sagui), o papagaio do peito roxo, o coati, o andorinhão-de-coleira falha, entre outros. Dentre os anfíbios encontra-se uma espécie de perereca, a “Hyla de Ibitipoca”, que foi identificada pela primeira vez na região.
Diversas espécies da flora são encontradas na unidade de conservação como orquídeas, bromélias, candeias, líquens e samambaias. Um traço marcante da vegetação no Ibitipoca são as “barbas-de-velho”, uma espécie de líquen verde-água, que pende dos galhos das árvores, provocando um belo efeito visual. Os campos rupestres constituem uma grande extensão de vegetação do Parque.
Infra-estrutura
As edificações do Parque Estadual de Ibitipoca passaram por recente reforma e novas instalações melhoraram ainda mais a infra-estrutura de apoio a visitantes e pesquisadores.O Parque possui portaria, estacionamento, área de camping, restaurante, Centros de Visitantes, de Administração e de Pesquisas, casa de hóspedes e alojamentos destinados a pesquisadores e funcionários. As obras foram realizadas com recursos do Projeto de Proteção da Mata Atlântica de Minas Gerais (Promata/MG) que investiu cerca de R$ 2 milhões.
Visitação
O IEF teve de limitar o número de visitantes ao Parque para implementar medidas para a proteção e dos atributos naturais e da biodiversidade local. Algumas trilhas secundárias estão fechadas à visitação.
Atualmente, o número está limitado a 300 pessoas, de segunda a sexta-feira, e 800 por dia nos sábados, domingos e feriados. Na área de camping, está autorizada a permanência de dez barracas (30 pessoas) de segunda a sexta. Nos sábados, domingos e feriados o limite é 15 barracas (45 pessoas). O Parque não faz reservas para a área de camping. A ocupação é feita por ordem de chegada. O parque possui restaurante.
Horário de funcionamento: 07 às 17h
E-mail: peibitipoca@meioambiente.mg.gov.br
Telefone: (32) 3281-1101
Como chegar:
Seguir em direção a Juiz de Fora pela BR-040 e entrar no trevo de acesso à BR267, prosseguindo em direção a Lima Duarte. Para chegar ao Distrito de Conceição de Ibitipoca são mais 27Km de estrada de chão e, de lá, mais 4 Km até a portaria do parque.
Distância de Belo Horizonte: 241Km
Parque Estadual de Nova Baden
O Parque Estadual de Nova Baden é um local cuja beleza destaca-se na região. A área foi protegida em 1974, com a criação da Reserva Biológica de Nova Baden, sendo alterada sua categoria de manejo para Parque em 27 de setembro de 1994, através do Decreto nº 36.069. Está localizado no município de Lambari, na região sul do Estado, conhecida como Circuito das Águas, numa porção do relevo brasileiro conhecido como Planalto Atlântico, na Serra da Mantiqueira. Encontra-se inserido na sub-bacia do Ribeirão do Melo, na bacia hidrográfica do Rio Grande.
Patrimônio Natural
Nova Baden possui uma área de 214,47 hectares, nos quais os recursos hídricos destacam-se. Várias nascentes existem no interior da mata, sendo a mais importante a cachoeira Sete Quedas.
A unidade de conservação abriga valiosos exemplares da fauna e a flora da Mata Atlântica. Entre as diversas espécies da flora estão o jequitibá, o cedro, a peroba, palmito, o jacarandá, o pinheiro brasileiro e o cedro. O clima úmido propicia a formação de um ecossistema rico em musgos, liquens, bromélias e orquídeas.
O Parque é uma importante reserva de diversas espécies de anfíbios, mamíferos e aves. Dentre as espécies, destacam-se os primatas barbado, sauá, mico e macaco-prego, além da jaguatirica, quatis, tatu e tamanduá-mirim.
História pra contar
O nome do Parque é uma referência ao alemão Américo Werneck, da cidade de Baden-Baden que, no século 19, instalou-se na região. Pioneiro em questões ambientais, o dr. Werneck era fruticultor e desenvolveu vários projetos de aproveitamento racional das estâncias hidro-minerais. Foi o autor do projeto do Cassino de Lambari. Mais tarde, desgostoso com a política local, partiu e não retornou para reaver suas terras, o que levou o Estado a se apropriar da Fazenda, transformando-a em uma área de proteção ambiental em 1974. O Parque Estadual de Nova Baden foi aberto à visitação em 1995.
Infra-estrutura
O Parque Estadual Nova Baden possui uma excelente infra-estrutura para atendimento ao visitante com destaque para o Centro de Visitantes que possui auditório para 90 pessoas, salas para reuniões e posto para a Polícia de Meio Ambiente. O Centro ocupa o casarão que era a sede da Fazenda de Américo Werneck, construído no século 19.
Visitação:
O Parque não possui área de camping ou abrigos para a hospedagem de visitantes. No entanto, a cidade de Lambari, destino tradicional no turismo mineiro, mantém excelente infra-estrutura.
Horário de funcionamento: 7 às 17h
Telefone de contato: (35) 3271-1338
Como chegar:
Saindo de Belo Horizonte, seguir pela BR 381 (Rodovia Fernão Dias) no sentido São Paulo até o trevo para Cambuquira. A partir daí, prosseguir pela MG 267 até o município Lambari.
Distância de Belo Horizonte ao Parque: 339 km
Roteiro: Instituto Estrada Real – http://site.er.org.br
Pesquisa: Instituto Estadual de Florestas – http://www.ief.mg.gov.br
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