Viagem de moto pelo Sul do Brasil

Expedição Minas Sul

Programamos fazer uma viagem de moto de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul em abril de 2020, mas a pandemia jogou todos os nossos planos por água abaixo. Na época chamamos nossa viagem  de Expedição Minas/Sul.

No início de 2022, com a melhora no cenário epidemiológico no Brasil, retomamos os planos para fazer a tão esperada viagem. Dos cinco casais que estavam programados para 2020 só sobraram dois, sendo eu e a minha esposa em uma BMW F 800 GS Adventure e o outro casal, Roberto e Valéria, de carro.

Saímos na manhã no dia 21 de abril de Passos (MG) sentido Capão Bonito (SP). Chegamos ao destino por volta das 14 horas, depois uma viagem tranquila. Foram aproximadamente 500 km pelas boas estradas de São Paulo.

O Ponto de encontro foi no bar Porthal do Rastro da Serpente, um barzinho temático muito legal, do nosso amigo Anderson, ponto de parada de vários motociclistas que passam pelo Rastro da Serpente. Depois fomos para o hotel Aquarius, que fica bem próximo ao bar. Guardamos a moto, tomamos banho e voltamos no Porthal para curtir o resto do dia.

No dia seguinte seguimos viagem para Curitiba pela estrada Rastro da Serpente, uma estrada deliciosa para andar de moto, ainda mais depois que foi reformada. Pela previsão do tempo sabíamos que pegaríamos chuva durante a viagem. De fato, pegamos vários trechos com chuva, inclusive chegamos a Curitiba debaixo de muita água, depois de rodarmos uns 260 km.

Chegando a Curitiba fomos direto para o hotel Bristol Portal do Iguaçu. Acabamos almoçando no próprio hotel.

Mais tarde, fomos visitar minha mãe, que também estava passeando por lá. Depois fomos ao Jardim Botânico e à noite fomos ao Armazém Santana encontrar com os amigos Bueno, Carminha, Eliel, Cris e a filhinha Maia. Um lugar muto gostoso que vale a pena conhecer.

No dia 23 saímos sentido Florianópolis com o tempo bom, sem chuva. Seguimos pela BR-101 que, apesar do movimento, foi uma viagem tranquila. Passamos pelo litoral de Santa Catarina até chegarmos a Floripa, depois de rodar 330 km. Ficamos hospedados no hotel Flor INN, na praia dos Ingleses, num hotel próximo à praia e do centrinho do bairro, muito bem localizado. À noite fomos a um barzinho beira mar bem gostoso. A cidade estava bem movimentada por causa de um evento de atletismo que iria acontecer no dia seguinte.

No dia seguinte, ao sairmos de Florianópolis, o trânsito estava confuso em razão da prova de triathlon (Iron Man). O GPS mandava entrar numa rua, mas estava interditada, demoramos mais de uma hora para sairmos da ilha e pegar a BR-101 sentido serra catarinense.

Nesse dia, num dos pontos mais altos da viagem (literalmente), nós passamos por São Joaquim. Fomos pela BR-101 até a cidade de Tubarão, depois passamos por Lauro Müller e subimos a tão esperada, Serra do Rio do Rastro. Um trajeto de encher os olhos. Demos muito sorte, porque o dia estava lindo, sem nuvens no céu. A serra é tudo o que falam e mais um pouco. Todo mundo que gosta de viajar de moto tem que passar pela SRR.

Depois de pararmos no mirante no alto da serra e tirar várias fotos, seguimos para São Joaquim. Depois de rodar cerca de 300 km, chegamos por volta das 14h30. Como era um domingo, não tinha muitas opções para almoçar e acabamos comendo na própria pousada, que por sinal, demos muita sorte. A Pousada Cravo e Canela é encantadora. Os proprietários nos deixaram muito a vontade, como se estivéssemos em casa.

Na segunda-feira, dia 25, saímos da serra catarinense e seguimos viagem sentido Serra Gaúcha. para a cidade de Gramado.

Graças ao dono da pousada de São Joaquim, o senhor Massa, vale um alerta para todos que não conhecem esse trajeto: quando eu disse que iria para Gramado, ele me perguntou qual o caminho que eu iria fazer. Disse que joguei no Google e o caminho indicado foi passando por São Francisco Xavier, divisa entre os estados de SC e RS. Ele falou para não fazer esse caminho de jeito nenhum, pois além de pegar estrada de terra, ainda passaria por uma ponte de madeira (Ponte das Goiabeiras) sobre o rio Pelotas, bem na divisa de estado. Essa ponte é bem precária e, de moto, o risco de cair dentro d’água é muito grande. Dessa forma, tivemos que mudar o trajeto passando por Lajes (SC), Vacaria e Caxias do Sul no RS. Esse trajeto aumentou aproximadamente 100 km o trajeto que havíamos imaginado inicialmente, mas ainda bem que mudamos, se não, os transtornos poderiam ter sido muito maiores.

Chegando a Gramado, depois de rodarmos cerca de 370 km, fomos direto para o hotel Vista do Vale, que fica na avenida que liga as cidades de Gramado e Canela. Logo após chegarmos, o tempo virou para chuva.

Como havíamos programado, ficamos três dias em Gramado. No dia seguinte, a chuva deu trégua e fomos conhecer o parque Mini Mundo e fazer um City Tur.

Na quarta-feira, dia 27, contratamos um guia local indicado pelo hotel e fomos conhecer a nova atração em Canelas, o Sky Glass, uma plataforma de vidro construída no alto do vale da Ferradura. Um lugar espetacular, que vale muito a pena conhecer. Depois fomos andar nos bondinhos aéreos para contemplar as belas paisagens e ver bem de perto e do alto a Cascata do Caracol, que também fica no vale da Ferradura, por onde passa o Rio Cai.

Na quinta-feira seguimos viagem para o nosso próximo destino, a cidade de Bento Gonçalves. Como eu já estava precavido com as indicações do Google Maps, perguntei para o nosso guia de Gramado qual o melhor caminho a seguir para Bento Gonçalves. Seguimos a indicação do guia, passando por Nova Petrópolis, Feliz, Bom Princípio, Carlos Barbosa e Garibaldi.

Para não chegar muito cedo a Bento Gonçalves e não poder fazer o check-inn no hotel, paramos em Carlos Barbosa para conhecer a loja da Tramontina, muito legal por sinal. Entretanto, essa parada nos fez tomar uma bela chuva na estrada entre Carlos Barbosa e Bento Gonçalves. Chegamos ao hotel pingando.

Ficamos hospedados no hotel Imigrantes no centro de Bento. É um hotel antigo que foi reformado e os quartos são bons. O ponto negativo fica por conta do estacionamento, que fica afastado do hotel e ainda é pago à parte. Como chegamos debaixo de chuva, tivemos que descarregar a moto na chuva e ainda tomar mais um pouco ao ir guardar o moto no estacionamento.

No dia seguinte fomos fazer alguns passeios pela cidade. O primeiro passeio foi na Casa da Ovelha, que fica no Caminho de Pedra, onde tivemos a oportunidade de conhecer a rotina de uma típica fazenda de ovinos. Vimos como é o tratamento das ovelhas, a amamentação dos cordeiros, acompanhamos a arte da falcoaria e o pastoreio das ovelhas pelos cães da raça border collie. um programa diferente e muito interessante.

À tarde fomos fazer enoturismo. Fomos conhecer a centenária vinícola Família Salton, localizada numa bela construção, essa vinícola não fica localizada no vale dos vinhedos e sim no distrito de Tuiuty, cerca de 15 km do centro de Bento Gonçalves. Logo na chegada, fomos recebidos com uma degustação de espumantes, Moscatel e Prosecco, muito bons por sinal. Depois fomos conhecer o interior da vinícola e sua história, guiados pela sommelier Ana Paula. Demos sorte: por ser dia de semana, a produção estava à pleno vapor e no final mais degustação.

No sábado, dia 30, fomos conhecer outras vinícolas, uma delas no centro da cidade, próxima ao hotel, a vinícola Aurora, onde a visitação é gratuita e mais popular, mas vale pela experiência.

Na parte da tarde fomos ao Vale dos Vinhedos conhecer a vinícola Miolo, uma das melhores vinícolas da Serra Gaúcha, muito bem estruturada. Fomos guiados pela sommelier Fernanda, que nos deu uma aula sobre vinhos. O interessante nesse tur enológico é que, a cada vinícola, você aprende algo diferente, mesmo já tendo conhecido outras vinícolas no Chile e em outras cidades. Aprendemos muito nessas visitas. No final, conseguimos ainda trazer algumas garrafas de vinho, com o apoio dos amigos Roberto e Valéria que estavam de carro, porque na moto seria impossível trazê-las.

Iniciamos o caminho de volta no domingo. Seguimos viagem para Joaçaba (SC), do jeito que chegamos a Bento, debaixo de chuva. Pegamos chuva na maior parte da viagem. Apesar da chuva, pudemos apreciar as belas estradas. Nesse dia rodamos muito mais do que o necessário. O Wase traçou o caminho passando por Passos Fundo e Erechim e deu quase 400 km. Já o nosso casal de amigos, o mesmo Wase indicou o caminho passando pela cidade de Barracão. Eles rodaram cerca de 100 km menos que a gente. Esse dia foi uns dos mais tensos da viagem. Muita chuva e cansaço. Chegamos a Joaçaba por volta das 14 horas e fomos direto para o hotel Bordignon onde ficamos hospedados.

No dia seguinte seguimos viagem sentido Paraná, para pernoitar na cidade de Ivaiporã, onde moram nossos amigos de muito tempo, Bueno e Carminha, os mesmos que encontramos em Curitiba, além do Dirceu e da Vera.

Logo na saída de Joaçaba, a corrente da moto saiu. Tive que ligar para um mecânico da cidade para vir prestar socorro. Ficamos mais de uma hora parados enquanto o tempo virava para chuva, até conseguirmos resolver tudo. Quando saímos, despencou uma chuvarada. O tempo começou a melhorar quando já estávamos no Paraná. A partir dali a viagem ficou mais prazerosa.

Passamos em cima da barragem da Usina da Copel no Rio Iguaçu, em Guarapuava e Pitanga (PR), até chegarmos a Ivaiporã, cidade que me traz ótimas recordações. Rodamos cerca de 460 km.

Fomos para a casa do Bueno, onde eles já estavam nos esperando com cerveja gelada e um delicioso almoço. Revemos nossos amigos e colocamos as conversas em dia lembrando das histórias engraçadas que passamos juntos.

Como a moto deu aquele problema na corrente lá em Joaçaba, resolvi levá-la para dar uma geral na oficina Pampas motos em Ivaiporã, de um outro grande amigo, o Plinio. Ele viu que a corrente saiu porque a relação já tinha passado da hora de ser trocada. Além da relação, trocou também a pastilha traseira, que já estava bem gasta.

No dia seguinte ainda ficamos em Ivaiporã, fizemos um city tur, relembrando e vendo como a cidade cresceu desde que nós nos mudamos de lá. Choveu o dia inteiro e esfriou bastante. Isso me deixou preocupado com a viagem do próximo dia.

Na quarta-feira saímos de Ivaiporã por volta das 9 horas com tempo bastante fechado. Pegamos muita chuva, mas depois o tempo melhorou. Somente o frio que apertou.

Chegamos a Marília por volta das 15h, depois de rodar cerca de 360 km. Fomos para o hotel Tenda. Aquela frente fria que nós pegamos no Sul tinha chegado a São Paulo. Pelo menos a chuva tinha parado. À noite fomos a um barzinho próximo ao hotel para comemorar o último dia da viagem fora de casa.

Na quinta-feira, dia 05 de maio, seguimos viagem para o último trecho da nossa expedição. Saímos de Marília por volta das 8h30 horas e seguimos sentido Minas Gerais, passamos por Borborema, Taquaritinga, Ribeirão Preto, dentre outras, até chegar a Passos depois de rodar cerca de 450 km.

Ao todo foram 3600 km passando por quatro estados diferentes, pernoitamos em nove cidades, passando por diversas outras, trafegamos por estradas maravilhosas e só a viagem em si já vale pelo passeio. Foi cansativo, pegamos muita chuva, passamos frio, mas valeu cada quilômetro rodado.

Gostaria aqui de fazer uma menção especial para minha esposa, Ana Paula que, mesmo com todo perrengue, aguentou firme toda a viagem, sem reclamar. Foi uma verdadeira guerreira. Quem já fez uma viagem como essa sabe que depois a gente só lembra dos bons momentos e dos momentos difíceis, a gente dá boas risadas.


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