Encontro Internacional de Harleyros em Blumenau

Há muitos anos eu queria participar deste encontro, mas nunca consegui compatibilizar tempo disponível com as datas do evento. Desta vez deu tudo certo. Teria que ir a São Paulo e passar a semana por lá para participar de um seminário. Fui de moto e aproveitei para uma “esticadinha” até a bela cidade de Blumenau, em Santa Catarina.

O Encontro Internacional de Harleyros de Blumenau ocorre desde o ano de 2003, promovido pelo PHD, Grupo de Proprietários de Motocicletas da Marca Harley-Davidson. Em sua 9ª edição, reuniu centenas de Harleyros com suas míticas motos para uma programação intensa, muito bem planejada e executada pelo PHD Chico e sua equipe. Um evento que, se possível, quero participar novamente nos próximos anos.

Primeiro dia

No primeiro dia eu me desloquei entre Belo Horizonte e São Paulo, onde passei por uma estrada muito boa, a BR-381 – Fernão Dias. Com alguns trechos em obra, é verdade, mas que não comprometeram a viagem. A exceção é a Serra de Igarapé, que tem uma quantidade muito grande de curvas que jogam os veículos para fora da estrada se não forem feitas com cuidado. Foram instalados, inclusive, diversos radares ao longo da serra para obrigar motoristas e motociclistas a manterem menos de 80 quilômetros / hora de velocidade. Sempre que passo por essa serra falo comigo mesmo que se estivéssemos em um país sério, nas estradas que ligam suas principais cidades não existiriam serras para subir ou descer, curvas acentuadas ou qualquer trecho que coloque em risco a vida das pessoas que por elas transitam. Os obstáculos seriam transpostos por túneis e viadutos.

Foram 604 km que fiz em 7 horas, sendo uma hora para os 33 quilômetros das marginais e ruas da Cidade de São Paulo. Lá usei o GPS para chegar ao hotel que havia reservado. Sem incidentes, mas como sempre, um trânsito infernal e muito calor do ambiente e do motor da minha Harley.

Segundo dia

Após o seminário segui direto para a estrada, que compartilhei no início com uma quantidade absurda de caminhões, mas sem retenções. A estrada está muito boa até a Serra do Cafezal (mais uma serra…) que é pista simples, muitas curvas e caminhões. Tive sorte, pois uma boa parte deles abria passagem para minha moto assim que me viam pelo retrovisor. Para chamar a atenção, na estrada eu sempre mantenho os faróis auxiliares ligados.

Perto da cidade de Pariquera-Açú passei por um caminhão de latas de tintas com sua carga esparramada na pista. Com muito cuidado e usando o acostamento, consegui passar sem respingar tinta em minha moto, mas vi que alguns motoristas não tiveram a mesma sorte e vão ter que gastar com a limpeza de seus carros.

Logo depois da Cidade de Registro comecei a ver no horizonte algumas nuvens escuras anunciando que vinha água. Parei num local seguro e coloquei uma capa. Pouco depois ela me pegou e fez questão de me acompanhar até Curitiba, num trecho de aproximadamente 200 km que incluíram algumas serras bem perigosas. Depois o tempo abriu e consegui chegar a Blumenau sem dificuldades.

Não deu para participar da recepção e credenciamento, realizados na sexta feira à tarde, mas cheguei a tempo para ir à Rivage Danceteria para a “Noite dos Anos Rebeldes”, uma festa temática dos anos 1960 com apresentações artísticas, queijos, vinhos e chopp deliciosos.

Fiquei hospedado no Hotel Glória de Blumenau, onde boa parte dos mineiros também estava. Bom hotel, quarto grande. O único problema foi a água quente ter acabado durante o banho. Sorte que já estava terminando quando começou a ficar fria. Alguns colegas não tiveram a mesma sorte e reclamaram bastante, mas foi o único inconveniente que passamos.

Dividi o quarto com o Ricardo Toledo, de Cascavel, no Paraná, dono de uma bela Deuce e que tem muitas histórias divertidas sobre suas viagens de moto. Ele ficou de me mandar um texto para publicar aqui no Viagem de Moto sobre essas viagens.

Terceiro dia

O dia começou com o alinhamento das motos para o Desfile das Bandeiras. As Harleys fizeram um passeio pelas ruas de Blumenau e depois rumaram para Pomerode, escoltadas pela Polícia Rodoviária Federal e o apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal.

Em Pomerode nos concentramos na Praça Jorge Lacerda, no Centro, onde assistimos a apresentações musicais, degustamos comidas típicas – iguarias alemãs – e participamos da famosa competição de marcha lenta.

À noite participamos do jantar de despedida no Clube de Caça e Tiro, onde foram realizadas, também, as homenagens e premiações das competições e lançada a edição 2011 do livro Quem somos e a que viemos, com histórias escritas pelos Proprietários de harley-Davidson de todo o Brasil, inclusive a minha.

Quarto dia

O retorno foi feito na companhia do Marcos e do Wagner, amigos de Belo Horizonte que na ida para Blumenau utilizaram dias e trajetos diferentes que eu. Saímos por volta de 8 horas, com dia nublado e muito frio. A previsão era de chuva somente em São Paulo, mas por causa do frio acabamos colocando as capas de chuva.

Nunca havia enfrentando um frio tão intenso, nem nas duas vezes que atravessei a Cordilheira dos Andes. Um amigo me informou que o termômetro de sua moto havia registrada -1o na Serra Catarinense. E a sensação térmica era alguns bons graus abaixo disto. Eu tive problemas com a viseira do capacete, que além de embaçar, também condensava o vapor da respiração, impedindo a visão da estrada. Tive que frequentemente manter a viseira aberta e o vento frio judiou bastante dos meus lábios.

A chuva veio como previsto na divisa entre o Paraná e São Paulo, mas não incomodou. Problema tivemos na Serra do Cafezal, muito mais cheia de caminhões que na ida. Um trecho que tornou a viagem muito mais desgastante, ainda mais com o frio que continuava intenso.

A intenção era contornar São Paulo passando pelo Rodoanel e quando ele acabasse seguiríamos até uma estrada que passa por Janirú, mas eu que ia de capitão do grupo acabei passando pela entrada da estrada. Então seguimos até Jundiaí para pegar outra estrada para a Rodovia D. Pedro I. Na entrada da cidade o Marcos sugeriu que ficássemos naquela cidade, considerando que continuava muito frio e já começava a anoitecer. Concordamos. Depois de instalados em um hotel, fomos a uma pizzaria que ficava próxima e depois dormir cedo para que o restante da viagem fosse feito com mais tranquilidade.

Quinto dia

Depois do lanche fomos para a estrada, inicialmente de pista simples, com obras e caminhões. Assim que pegamos a D. Pedro I a viagem começou a render bem. Paradas rápidas para abastecer, encontro frequente com outros grupos de Harleyros que rumavam para Belo Horizonte e pouco depois das 15 horas estávamos em Belo Horizonte, cada um em direção à sua casa para retornar às atividades de rotina.

Foram 2.624 km percorridos nesta viagem, onde conheci muitos novos amigos, me diverti e participei de um dos melhores eventos motociclístico do Brasil.


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