Viagem de moto de Belo Horizonte até Paraty – um passeio entre a mata e o mar

Partimos na manhã de uma segunda-feira, com o sol ainda tímido no céu de Belo Horizonte. Eram 7h quando deixamos a capital, mas eu já estava na estrada desde o dia anterior, vindo da tranquilidade do Sítio Roda d’Água, no Bairro Lapinha, em Lagoa Santa. A decisão de sair cedo no domingo foi estratégica, para evitar o trânsito caótico entre Lagoa Santa e BH, que sempre ocorre nos finais e inícios dos dias – o contraste gritante entre a calmaria rural e a agitação da cidade grande.

Seguimos pela rodovia Fernão Dias, rumo ao sul de Minas, depois para o leste de São Paulo e, por fim, a Serra do Mar no Rio de Janeiro. Um caminho mais sinuoso, sim, mas compensador pela tranquilidade que ele prometia. O trânsito, como era de se esperar, apertou em Contagem e Betim, mas nada que nos prendesse demais. Superamos esse trecho sem grandes problemas.

Ao atravessar a Serra de Igarapé, os caminhões de minério deixavam sua marca: estradas sujas e asfalto castigado. Mas, de alguma forma, o vento no rosto e a adrenalina da viagem transformavam cada obstáculo em parte da aventura. A Fernão Dias, embora coberta de pedágios, estava em condições aceitáveis. Fizemos uma parada rápida em Perdões para abastecer, e, apesar do trânsito pesado das cidades que cruzamos, a moto se mostrava econômica, fiel companheira de estrada.

CidadeDistância – kmLitrosValor – R$Km/litroR$ / litro
Perdões256,98,4652,3730,376,19

Pegamos as BRs 267 e 354, além da MG-158, atravessando o Circuito das Águas do Sul de Minas. Campanha, Caxambu, Itanhandu, Passa Quatro… as paisagens eram de tirar o fôlego, mas o asfalto, esse sim, nos tirava a paz. Buracos, irregularidades e filas intermináveis atrás de caminhões lentos. Vimos acidentes, frutos da imprudência nas péssimas condições das estradas. Fizemos outra parada em Caxambu, para abastecer e lanchar, recarregando não só os tanques das motos, mas também a energia para o que vinha pela frente.

CidadeDistância – kmLitrosValor – R$Km/litroR$ / litro
Caxambu173,15,6434,9130,696,19

Já em São Paulo, próximo a Cachoeira Paulista, pegamos a BR-116, a Rodovia Presidente Dutra. Um contraste impressionante com as estradas anteriores: asfalto impecável, mas um trânsito intenso, sempre nos lembrando que a tranquilidade da viagem tinha seus momentos de tensão. Foram apenas 31 km sem pedágios, mas o suficiente para nos levar à SP-171, que, em ótimas condições, revelou uma das regiões mais encantadoras do estado.

As serras de Cunha surgiam no horizonte, com suas colinas verdes, o ar fresco, e um cenário que parecia pintado à mão. A cidade é famosa por sua arte cerâmica e pela curiosa quantidade de Fuscas – a maior frota do Brasil, dizem. Mas nossa verdadeira aventura começou ao cruzarmos a fronteira com o Rio de Janeiro. A RJ-165 nos conduziu pela Serra do Mar e pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina, onde a Mata Atlântica preservada nos abraçava em cada curva. A descida dos 1.400 metros de altitude até o nível do mar foi lenta, sinuosa e deslumbrante.

Finalmente, a BR-101, a famosa Rio-Santos, nos levou até a estrada que nos conduziu a Trindade, revelando o oceano Atlântico no horizonte. Fizemos uma última parada para abastecer as motos. O custo do combustível subia, mas o mar compensava o preço.

CidadeDistância – kmLitrosValor – R$Km/litroR$ / litro
Paraty223,36,9248,3732,276,99

Ao chegar à pousada, Alice percebeu que sua bolsa lateral esquerda tinha desaparecido em algum ponto da viagem. Ainda tentamos voltar e procurar, mas sem sucesso. Deixamos o desânimo de lado e decidimos aproveitar o restante do dia. Caminhamos pelas ruas de Trindade, saboreando a tranquilidade do vilarejo, nos preparando para os próximos dias de passeio.

Piscina da Galheta
Piscina da Galheta

O dia seguinte foi dedicado à Praia de Caxadaço, com sua beleza escondida entre a vegetação e as barracas à beira mar de Trindade. Na quarta-feira, embarcamos em uma aventura de barco pelas águas cristalinas até a Praia das Galhetas e a idílica Piscina das Galhetas, além da Praia do Sono, com sua paz inigualável. Já na quinta-feira, pegamos novamente nossas motos e seguimos para Paraty, onde passeamos pelas ruas de pedras do Centro Histórico, nos perdemos entre os casarões coloniais, e aproveitamos a vista do Cais e do quebra-mar.

Na sexta-feira, ao nascer do sol, partimos de volta. Refizemos o mesmo caminho da ida, com paradas estratégicas em Cunha, Caxambu e Ribeirão Vermelho. O consumo da moto entre Paraty e Cunha foi surpreendentemente baixo, apesar do combustível em Paraty ser o mais caro da viagem.

CidadeDistância – kmLitrosValor – R$Km/litroR$ / litro
Cunha182,47,1445,7025,556,40
Caxambu173,15,6434,9130,696,19
Ribeirão Vermelho159,35,1531,3130,936,08

Tirando a perda da bolsa lateral da Royal Enfield da Alice, nossa jornada foi um sucesso. Sem contratempos, aproveitamos cada quilômetro, cada paisagem, e voltamos para casa com a alma leve e o coração cheio de lembranças. Uma viagem de moto, entre a mata e o mar, sempre traz surpresas, e dessa vez, as surpresas foram boas.

A seguir, um vídeo com imagens desta deliciosa viagem:


Comentários

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4 respostas para “Viagem de moto de Belo Horizonte até Paraty – um passeio entre a mata e o mar”

  1. Avatar de Dilermando Guimarães Portes
    Dilermando Guimarães Portes

    Romulo.

    Que delícia os relatos de suas viagens.
    Parabéns.

    Deus os acompanhem sempre.

    1. Avatar de Rômulo Provetti
      Rômulo Provetti

      Obrigado, Dilermando.
      Amém para nós todos.
      Abraços

  2. Avatar de Edilberto
    Edilberto

    Bacana demais!!!

    1. Avatar de Rômulo Provetti
      Rômulo Provetti

      Obrigado, Edilberto. Abraços

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