Roteiro Baiano

Entre os dias 3 e 11 de março passado o casal formado pelo empresário Sérvulo Marques Barbosa (57) e Elizabeth Passos Barbosa (52), de Goiânia/GO, membros do moto grupo Motobelle Adventure, fez uma viagem de 3.875 km com sua Suzuki Vstrom 650 até a cidade baiana do Prado para participar do Moto Rock 2013. Eles compartilham com os leitores um relato da viagem, com impressões sobre o encontro e as estradas pelas quais passaram.

Mais detalhes – Roteiro Baiano

Distância total percorrida: 3.875 km
Duração: 9 dias
Total de combustível consumido: 215 litros
Saída de Goiânia: 3 de março de 2013
Retorno a Goiânia: 11 de março de 2013
Moto: Suzuki Vstrom 650
Estados brasileiros percorridos: Goiânia, Minas Gerais e Bahia.
Roteiro de ida: Goiânia, Pires do Rio, Cristalina, Paracatu, Três Marias, João Pinheiro, Curvelo, Diamantina, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Teixeira de Freitas, Prado.
Roteiro da volta: Prado, Teixeira de Freitas, Teófilo Otoni, Pedra Azul, Salinas, Montes Claros, Patos de Minas, Uberlândia, Goiânia.

A viagem – Primeira etapa:

Saímos de Goiânia no dia 03/03/13, domingo, por volta das 6 horas da manhã pela GO-020. Graças a Deus, o governo de Goiás está recuperando e asfaltando boa parte da malha viária estadual que estava em estado caótico e a GO-020, que corta Bela Vista, Pires do Rio e termina em Cristalina, está em boas condições de tráfego. Depois, entramos na BR-040 com destino a Paracatu. Após Paracatu e João Pinheiro, chegamos a três Marias, nos deparamos com a beleza do rio São Francisco e ficamos contemplando as maravilhas do lago que forma a represa da usina de Três Marias.

Como gostamos de curtir as coisas bonitas da natureza, resolvemos, eu e minha amada, passar a noite no Hotel Náutico, que fica à beira do lago, com diária de R$ 137,00 reais, incluindo café da manhã. Os apartamentos têm vista para o lago e são nota oito.

Após tomar umas cervejas e saborear um filé de pintado no restaurante Beira do Lago, admiramos o pôr do sol sobre o lago, uma vista inigualável.

Depois do anoitecer, fomos dormir, pois a recuperação física é mais que necessária para enfrentar uma viagem longa como esta.

Total percorrido no dia: 790 km

Segunda etapa:

Acordamos às 6 horas da manhã para tomar aquele café especial e pegar estrada com destino a Diamantina.

Continuamos pela BR-040 e, após Felixlândia, entramos à esquerda no trevo com destino a Curvelo pela MG-259. Enfrentamos muito trânsito de carretas até a cidade de Diamantina, onde nos deparamos com um calçamento de pedras feito nos tempos dos escravos. Tivemos uma grande dificuldade para transitar pela cidade com a moto carregada com três bauletos, com peso passando dos 300 kg. As subidas nas ruas de pedras com a moto em primeira marcha e pedindo água não é nada fácil.

Ficamos hospedados na pousada Vale dos Garimpeiros, onde fomos muito bem recebidos pela Simone, proprietária da pousada, que nos passou as dicas turísticas da cidade.

Saímos a pé, pois andar de moto naquelas pedras é tarefa quase impossível.

Almoçamos no restaurante da praça principal e depois saímos de taxi para visitar alguns prédios históricos da cidade, como as igrejas e o Colégio Santa Glória, fundado em 1715. Depois, fomos ao Beco da Paciência tomar umas cervejas e comer a tradicional linguiça mineira com cebola frita, além de escutar uma boa musica brasileira. Logo depois, fomos dormir.

Total percorrido no dia: 260 km.

Terceira etapa:

Partimos no dia seguinte às 6 horas da manhã, após tomar aquele cafezinho mineiro. Fomos com destino a Governador Valadares. Pegamos a MG-259, que passa por Serro, Guanhães, Gonzaga e termina na BR-116, com acesso a Governador Valadares.

Eu nunca havia trafegado de moto por uma estrada com tantas curvas e quebra molas por km rodado. Gastei 4 horas para fazer 160 km e vocês podem ter certeza, se não tiver muito preparo físico para aguentar temperaturas acima de 40 graus, pede arrego. Além disto, eu e a patroa estávamos usando blusões touring de cordura e a sensação de temperatura era de mais de 60 graus, surgindo daí a exaustão. Além disso, se não prestar muita atenção na rodovia pode se dar mal, pois as curvas de quase 180 graus são de arrepiar.

Notei que o asfalto estava cheio de ranhuras e rasgões nas curvas, o que demostrava que já haviam ocorrido muitos acidentes de todos os tipos nessa estrada. Chegamos a Teófilo Otoni depois de um dia estafante e fomos dormir no Hotel do SESC, com diária a R$ 137,00, apartamento nota sete, com café da manhã e estacionamento fechado inclusos.

No final da tarde fomos ao chope Fim de Tarde tomar umas geladas e comer carne de sol com macaxeira. Gostamos do happy hour, mas depois não consegui dormir direito. Eu acho que a minha pressão estava alterada, pois sofro de hipertensão. Além disso, para piorar as coisas, deixei cair o meu GPS M350 seminovo no corredor do hotel e quebrei o vidro da tela de contato. Fiquei muito puto, mas depois tentarei sanar o problema em Goiânia.

Total percorrido no dia: 436 km

Quarta etapa:

Saímos por volta da 7h30 da manhã com destino a Prado, pela BR-418, passando por Nanuque e Teixeira de Freitas, com paisagens lindas e montanhas alucinantes.

Encontramos outros grupos de motociclistas que também estavam indo para o evento, principalmente do Rio de Janeiro e Espirito Santo.

Notei que diversos companheiros de estrada estavam preocupados em achar um posto para abastecimento, pois em certos trechos a distância entre os postos era de mais 200 km e isto deixou muita gente sem gasolina. Quando eu encontro um posto de gasolina em rodovia que não conheço, paro e abasteço, mesmo que o tanque esteja quase cheio. Prevenção é a alma do negócio.

Passamos por Teixeira de Freitas e vimos placas de indicação do encontro Prado Moto Rock 2013, dando as boas vindas aos motociclistas e indicando a distância que faltava.

Chegando à cidade, fomos recebidos pela Turma do Pradinho na barraca de recepção aos motociclistas, que nos recebeu com muita euforia e água gelada, comentando a bravura do casal e rasgando elogios por andar tantos quilômetros para prestigiar o evento. Eles nos indicaram o endereço da nossa pousada que estava reservada, Quiriri Hotel, R$150,00 a diária com café da manhã incluso, apartamentos nota oito, além de contar com área de lazer e piscina.

Total do percurso no dia: 333 km

O encontro foi muito bem organizado, contando com boa estrutura e muitas barracas de alimentação e venda de acessórios para motos.

Já na sexta-feira o encontro estava bombando, muita moto, muita praia e muita cerveja. Ficávamos na praia, na barraca do Capitão. Bom atendimento e cerveja geladíssima.

Nossa rotina era chegar à praia por volta das 9 horas das manhã e ficar até uma ou duasda tarde. Depois íamos para o hotel descansar e curtir uma soneca, para logo mais à noite assistir aos shows de rock, que foram bem animados.

Fomos conhecer Alcobaça, que fica mais ou menos 15 km de Prado, que por sinal possui uma orla marítima, bem mais bonita e estruturada que Prado. Pena que a cidade não promova os eventos que Prado atualmente oferece.

Encontramos nossos companheiros de estrada, os goianos de pé rachado, Renato Ferreira em sua CB 400 ano 86, um brinco para quem curte motos dos anos 80, o Zé Clóvis com sua novíssima Kawasaki Versys 1000, Chico Paralama com sua amada Gold Wing branca e Paulo de Bandit, além de muitos outros personagens cômicos presentes ao encontro, tais como um triciclo com um foguete acoplado em cima, que soltava fumaça e fazia barulhos estranhos, outro triciclo com cabeça de um boi e chifres com luzes de neon, o som da sua buzina berrava que nem touro, além de muitas motociclistas (gatas), com suas máquinas custom cheias de acessórios e luzes especiais, cruzando as estradas viajando sozinhas. A festa de encerramento ocorreu no sábado à noite com entrega de brindes aos participantes e muito rock n’roll e promessas de retorno o ano que vem.

Retorno:

Quinta etapa:

Pedimos informações aos companheiros, pois não queríamos voltar pela estrada que dá acesso a Curvelo-MG. Eles aconselharam o retorno pelo BR-116 através de Teófilo Otoni, Pedra Azul, Salinas, Montes Claros, até a BR-365 que dá acesso a Patos de Minas, Uberlândia e Goiânia. Então, resolvemos fazer esse roteiro.

No domingo, despedimos-nos da galera com quem convivemos nos últimos quatro dias e saímos às 6 horas da manhã. Cada um pegou o seu roteiro de volta para casa. Passamos por Teixeira de Freitas e Teófilo Otoni e entramos na BR-116 por volta das 10 horas da manhã. Seguimos em direção a Pedra Azul e, após o trevo, pegamos a BR-251 em direção a Salinas e Montes Claros.

Esta talvez seja a maior mancada que demos desde o inicio desta viagem. Que fria nós entramos. 300 carretas por km rodado. O pessoal das cegonhas puxando os carros da Ford para distribuição em todo o Brasil, além das carretas carregadas de mercadorias que são distribuídas para todo o nordeste brasileiro. Os caras só andam arrebitados e com o pé em baixo. Passei carretas a mais de 140 km/h. Além disso, eles jogam as carretas em cima de todo mundo, perdi a conta de quantas vezes joguei a moto para o acostamento, porque se você não sair, você morre. Chegamos a Montes Claros por volta das 8 horas da noite, depois de um dia estafante. A temperatura beirava os 45 graus e as carretas infernizaram a nossa viagem. Além disso, tem uns 42 km antes de Montes Claros que o asfalto está péssimo.

Chegamos a Montes Claros, tendo percorrido um total no dia: 951 km.

Hospedamo-nos no Hotel Lessa, no centro da cidade, com apartamento a R$ 120,00 reais por casal, com café da manhã incluso e estacionamento fechado. O apartamento é nota 10 em conforto.

Após um banho refrescante, fomos jantar no restaurante do hotel, comida leve, salada e frango grelhado e depois fomos dormir. Dormir não, desmaiar.

Sexta etapa:

Dormimos bem e acordamos às 7h30 da manhã. Tomamos o café da manhã, acondicionamos os bauletos Givi na moto e saímos com destino a Patos de Minas e Uberlândia, onde tínhamos um compromisso familiar. A BR-365 está um tapete até a cidade de Pirapora e sem excesso de carretas. Apos Pirapora está um desastre total, com buracos e valetas na pista, sem acostamento e com desnível nas cabeças de ponte. O asfalto continua péssimo até a cidade de Patos de Minas. Passando Patos, a BR-365 se torna perfeita, o asfalto está um tapete e com poucos caminhões na pista. A viagem foi rápida e muito gostosa até a cidade de Uberlândia, onde chegamos por volta das três da tarde de segunda-feira.

Percurso total do dia: 626 km

Fomos recebidos pelos nossos familiares com cerveja gelada e carne assada, curtimos a piscina até às horas da noite e depois fomos dormir.

Sétima etapa:

Uai sô! Acordamos bem às 6 horas da manhã, tomamos aquele café mineiro, nos despedimos dos familiares e seguimos para Goiânia. O tradicional trevão de Minas está a 70 km de Uberlândia e dá acesso à BR-153 com destino a Itumbiara e Goiânia. Foram 340 km de muita tranquilidade. Encontramos um motociclista de Brasília que estava voltando de São Paulo na sua BMW GS 800, e nos acompanhou boa parte do trecho até Goiânia. Chegamos a nossa querida terra por volta do meio dia da terça-feira.

Eu e aminha amada agradecemos a Deus e Nossa Senhora Aparecida por nos dar esta chance de curtir um pouco deste nosso belo Brasil.

Até mais e abraços a todos.


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