Brasileiro irá de moto da Austrália ao Japão

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Nas últimas duas décadas, o mineiro Rodrigo Fiúza, de 37 anos, cruzou de moto mais de 247 mil quilômetros em 62 países do globo. Dono de uma agência de turismo em Belo Horizonte, ele se considera um “aventureiro profissional”: sobre duas rodas, foi à Patagônia, ao Alasca, à Sibéria, à África, ao Oriente Médio e, em 2009, deu a mais rápida volta ao mundo com uma motocicleta.

Mesmo com tanta rodagem, Fiúza afirma que está longe da aposentadoria. “Em 2014 começo mais uma jornada, que terá a Austrália como ponto inicial e o Japão como linha de chegada”. No caminho, ele pretende passar por países como Malásia, Tailândia, Laos, Vietnã e China (além de contar com ajuda de embarcações para atravessar trechos marítimos).

“Serão cerca de 22 mil quilômetros de percurso”, calcula o aventureiro. “Minha ideia é começar a jornada logo depois da Copa do Mundo e me tornar um dos únicos motociclistas que já viajou pelos cinco continentes”.

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Para realizar o empreendimento, Fiúza conta com uma série de patrocinadores. A Yahama lhe cede as motos (que variam de 125 cc a 660 cc) e empresas como a Pacific Motors lhe dão verba para associar seus logos às viagens do mineiro. O governo federal, por sua vez, ajudou a patrocinar Fiúza em 2004, em um projeto chamado “Caminhos da Paz”, em que o aventureiro levou alimentos e mensagens de paz do Brasil (com assinaturas do presidente Lula) para dezenas de áreas atingidas por guerras no Oriente Médio.

Para conseguir tanto apoio, Fiúza tem duas estratégias principais: “quando comecei minhas viagens, tinha como objetivo realizar coisas que poucas pessoas haviam feito antes, como ir de moto do Brasil até o Alasca”.

A essa ousadia, o mineiro junta um aguçado senso de marketing. Ele sempre tenta inserir suas jornadas em algum importante acontecimento mundial, o que lhe facilita ganhar mais atenção da mídia.

Uma de suas últimas viagens, por exemplo, começou em Londres e partiu em direção à África do Sul: a meta era cruzar todo o Continente Negro durante dois meses e chegar à terra de Nelson Mandela um pouco antes da abertura da Copa do Mundo de 2010. Diversos meios de comunicação brasileiros noticiaram a empreitada.

Alegrias e percalços

Empolgadíssimo com a viagem que fará em 2014, e acostumado com aventuras extremas sobre duas rodas (uma vez ele foi do Oiapoque ao Chuí de bicicleta), Fiúza reconhece que percorrer longas distâncias sobre uma moto não é fácil.

“Chego a passar 12 horas sobre a moto, enfrentando chuva, calor e frio”, conta ele. “E há diversas situações perigosas que sempre aparecem na estrada”.

As paisagens de Moscou servem de cenário durante viagem de Rodrigo Fiúza pela Rússia
Em 2010, enquanto cruzava a Etiópia, Fiúza viu seu cinegrafista (que viajava pela primeira vez com ele) se envolver em um grave acidente. Uma carroça cruzou seu caminho e ele atropelou o cavalo que a puxava, ferindo-se gravemente (e deixando também ferida uma menina que estava por perto).

Com uma fratura exposta, o cinegrafista teve que ser enviado ao Brasil (não havia hospitais na região capazes de atendê-lo) e Fiúza ficou “preso” em seu lugar. “O acidente ocorreu em uma área que pertencia a uma tribo e, para eu ser liberado, tive que pagar 5 mil dólares ao chefe do clã. O detalhe é que, com três dólares na Etiópia, você come um banquete”.

O aventureiro também conta que cruzar fronteiras, principalmente as de países de terceiro mundo, sempre representa uma dor de cabeça. “Nas minhas viagens, o pior dia é quando tenho que passar de um país a outro. Além do desembaraço da moto, sou muitas vezes obrigado a enfrentar agentes de fronteira de atitudes suspeitas”.

No Egito, um guarda o fez pagar, sem nenhuma base legal, 1.100 dólares para deixá-lo entrar no país. Já ao sair da Ucrânia, policiais ameaçaram prendê-lo por carregar na mochila alguns centavos da moeda local (eles alegaram que Fiúza estava cometendo evasão de divisas). “Mas já me livrei de situações perigosas pelo fato de ser brasileiro”, conta ele.

“Em uma visita ao Irã, fui detido por estar filmando um prédio governamental. Os policiais pensaram que eu era da CIA, mas começaram a me tratar muito bem quando descobriram que eu vinha do Brasil. Fui liberado na hora”.

Dicas de destinos

Para pessoas que gostam de viajar de moto, Fiúza tem algumas dicas: “a América do Sul é um lugar maravilhoso para ser explorado sobre duas rodas, pois oferece paisagens lindas na estrada. Também indico a Ásia como destino de viagem estradeiro, que, além de belas paisagens, oferece povos com cultura rica e totalmente distinta da nossa”.

E é na Ásia que está um destino ainda não alcançado por Fiúza: “tenho muita vontade de viajar de moto pela Coreia do Norte, mas ainda não consegui uma abertura para fazer minhas jornadas por lá”.

É provável que haja tempo para a realização de tal empreitada, visto que Fiúza não pretende parar de percorrer o globo tão cedo. “Tenho 37 anos e me sinto cada vez mais jovem. E ainda há muita coisa para ver nesse mundo”.

Fonte: UOL Viagem
Fotos: arquivo pessoal


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