Em outubro de 2014 decidi fazer uma viagem de moto até o sul do Brasil, saindo de Natal (RN). A viagem tinha três objetivos: percorrer toda a extensão da BR-101, que começa na cidade de Touros, aqui no Rio Grande do Norte e termina na cidade de São José do Norte (RS); conhecer a Serra do Rio do Rastro; e conhecer as Cataratas do Iguaçu.
Após dois meses pesquisando na internet, completei o programa de viagem, revisei e divulguei nas redes sociais a fim de conseguir parceiros. Dezesseis amigos responderam interessados.
Em janeiro de 2015 enviei mensagem a todos marcando uma reunião para março daquele ano. Nossa primeira reunião contou com apenas 6 motociclistas, sendo que alguns deles vieram com suas companheiras. Apresentei o programa de viagem e depois de pouco mais de 50 minutos terminamos a reunião combinando que dali a três meses nos reuniríamos novamente.
Realizamos três reuniões ao longo do ano. No mesmo período aconteceram várias desistências. Em novembro de 2015 o grupo estava com apenas 7 motociclistas.
Marcamos um passeio pelo litoral sul do nosso estado a fim de ver o entrosamento. Uma semana antes do nosso passeio aconteceu mais uma desistência. Assim, o grupo reduziu para 5 motos e 6 motociclistas.
Em dezembro, mais dois amigos desistiram por motivo de trabalho, Cláudio e Eliandro, e o efetivo caiu de 5 para 3 motos e 4 motociclistas, sendo 3 homens e uma mulher, Rayane, a namorada de Rodolfo, que iria de avião até Florianópolis uma semana depois da nossa partida, pois ficaria em Natal a fim de participar de um concurso.
Saída de Natal e início da viagem
No dia 4 de janeiro de 2016 nos encontramos no posto Emaús. Vários amigos (Maneco, Glades, os pais de Rodolfo, Rayane e motociclistas do MC Paz no Asfalto) foram dar um apoio na nossa saída.
Às 6h iniciamos a nossa viagem; Rodolfo na sua Harley-Davidson Fat Boy 1600, Negreiros em uma TransAlp 750 e eu na Yamaha Fazer 250. Cláudio, Ezequiel e Gilmara nos acompanharam até a divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba, onde nos despedimos e seguimos o nosso roteiro que previa 20 dias de viagem.
Motociclistas nas Estradas
Em nossas paradas conhecemos pessoas que, assim como nós, estavam em viagem, algumas fazendo seguindo no sentido contrário ao nosso, outras com itinerários diferentes, mas todos curtindo as mesmas emoções. Deles levamos os apertos de mãos, as apresentações, algumas fotos, abraços, troca de adesivos, telefone, endereço do “Face”, etc. São motociclistas que conhecemos e que talvez jamais voltemos a encontrar.
Sandra (Triciclista)
Na nossa primeira parada para refeição encontramos com a Sandra. Dali em diante mantivemos contato durante toda a viagem. Ela nos apoiou de forma amiga e constante e através dela, tivemos nove apoios ao longo da viagem.
Sandra nos falou que, se fôssemos pernoitar em Aracaju, conhecia uma pessoa que poderia nos dar apoio. Ela nos passou o contato e nos despedimos. Várias das pessoas que conhecemos e os lugares que pernoitamos durante a viagem foram através da Sandra.
Aracaju (SE)
Ao final do nosso primeiro dia de viagem chegamos a Aracaju e fomos recebidos por Damião, que nos buscou em um posto de gasolina na BR e nos levou para sua casa, onde já nos aguardavam vários motociclistas. Uma janta e muita e boa conversa. Por fim, os parceiros se despediram. Nosso anfitrião nos deixou sozinhos na sua casa e foi dormir na casa da namorada. No dia seguinte Damião apareceu conforme havia combinado, antes das 5h da manhã e nos acompanhou até a saída da cidade. Super acolhida, boa conversa e muitas fotos, foi uma ótima noite;
Eunápolis (BA)
Na Bahia, fomos apoiados pelo Baiano, que também nos buscou em um posto de gasolina e nos levou para sua casa, onde seus amigos nos aguardavam com uma churrasqueira acesa, algumas cervejas e muita alegria. Mais um brother que nos recebeu muito bem e nos deixou bastante a vontade. Pela manhã preparamos todo o nosso material e acordamos o Baiano para nos despedirmos.
Campos dos Goytacazes (RJ)
Em Campos dos Goytacazes fomos recebidos e acolhidos pelo pessoal do Moto Clube Campos. Eles nos levaram para a sua sede e depois de um longo e agradável bate papo, se despediram e nós fomos descansar. Na manhã seguinte um dos integrantes do Moto Clube nos presenteou cada um com a camisa do último evento do clube e nos conduziu até a saída da cidade;
São João de Meriti (RJ)
Chegamos à cidade do Rio de Janeiro pela ponte Rio Niterói, mas passamos direto quando deveríamos entrar na Linha Vermelha. Assim, fomos parar quase no centro da cidade. Entramos na Av. Brasil e voltamos sentido interior. Ao chegarmos na altura do Caju havia uma grande obra, com o trânsito intenso, retenção e desvios. Acabamos num momento de descuido, nos afastamos e nos perdemos de vista. Eu entrei por uma rua enquanto Negreiros e Rodolfo entraram em outra. Parei a moto em um quartel da Aeronáutica e voltei a pé cerca de 500 metros e os encontrei em um posto de gasolina, nos orientamos e seguimos para São João de Meriti.
Chegamos naquela cidade por volta das 10h e tivemos a recepção de Luís, meu amigo de longos anos que nos recebeu com um almoço e nos proporcionou uma excelente permanência em sua casa, conforme me havia prometido meses atrás.
Partimos na manhã seguinte às 5h, já com o dia claro e seguimos para Miracatu (SP), onde dormimos em um posto de gasolina à beira da BR-101.
Curitiba (PR)
Chegamos a Curitiba por volta das 10h e fizemos contato com Tigrão, que nos orientou a irmos até um lugar onde ele estaria nos aguardando. Chegando ao local e feitas as apresentações, seguimos para o centro da cidade, onde o brother nos levou até uma boa oficina a fim de fazermos a manutenção das motos, ou seja, troca de óleo, filtro, ajuste de corrente, etc. Depois das motos devidamente reparadas, seguimos para a casa do amigo e de lá, horas depois, fomos para a sede do seu moto clube, Dragões, onde conhecemos outros motociclistas.
Mais tarde saímos com destino ao aniversário do Moto Clube Moto Gole. Logo que chegamos ao evento um temporal caiu. A área do evento era grande e felizmente o local para montagem de barracas era embaixo de um grande toldo. Após as apresentações para os donos da festa, montamos nossas barracas e fomos aproveitar o evento. Eu preferi não demorar na festa e fui para a barraca, de onde fiquei curtindo a música até que adormeci.
Na manhã seguinte percebi que a chuva que caiu por toda a noite alagou a barraca. Sorte minha que todo o meu material estava sobre o colchão. Rodolfo me chamou, abri a porta da barraca e pude ver o tempo fechadíssimo.
Discutimos sobre a hora de sair e decidimos esperar a chuva parar. Em seguida o Negreiros acordou também e fomos para o café. Depois de alimentados, Tigrão, que também havia dormido no camping, ficou conosco até a hora que decidimos colocar as motos na estrada com chuva mesmo. Despedimo-nos dos nossos amigos e então aconteceu o nosso primeiro problema, se é que podemos chamar assim:
Negreiros perdeu a chave da moto. Nos mobilizamos para ajudar o amigo, percorremos os lugares onde ele havia estado desde o dia anterior e nada. Por fim, decidimos desfazer os alforjes e baú e nada foi encontrado. Já não havia mais onde procurar quando o Negreiros olhou no cós da calça e, pra surpresa geral, encontrou a chave ali. Ela tinha deslizado pela perna de calça abaixo indo parar no pé. Fizemos a festa. Ele arrumou novamente a bagagem e por volta das 10h, ainda com chuva, nos despedimos e seguimos a nossa viagem.
Camboriú (SC)
chegamos depois do horário previsto e sob muita chuva em Camboriú. Já era quase 14h. Fomos para a casa do Rodrigo, que nos recebeu e abrigou de maneira calorosíssima. Ele e sua família nos aguardavam para o almoço, mas em virtude de nossa demora eles já haviam almoçado. No entanto, sua receptividade e carinho conosco foram detalhes para jamais esquecermos.
Florianópolis (SC) – Rayane se junta ao grupo
Nossa volta para a estrada ocorreu no dia seguinte. Também foi um pouco mais tarde pelo fato de que aquele dia seria o encontro com Rayane e estávamos a apenas 90 km de Florianópolis.
Saímos de Camboriú com chuva fina em direção Florianópolis, onde Rayane chegaria de avião e se juntaria a nós. No deslocamento, a moto do Negreiros, a Transalp, começou a apresentar problemas na relação. Chegamos a Floripa e iniciamos a busca pela peça para a moto do amigo. Encontramos pela bagatela de R$ 1300. Putz, uma relação da Transalp estava custando 1.300 reais. Andamos por várias lojas até pararmos em um posto de gasolina onde aproveitamos uma trégua da chuva e “lagarteamos” um pouco até a hora da chegada do voo de Rayane. “Lagartear” é uma expressão gaúcha que significa ficar exposto ao sol).
Depois de uma hora no posto, seguimos, eu e Rodolfo, para o aeroporto a fim de buscar Rayane, enquanto Negreiros ficou nos esperando.
O voo de Rayane chegou rigorosamente na hora e foi uma festa quando nos vimos. Após abraços e breve resumo da viagem, ela abriu a mochila, retirou seu colete e pronto, estava preparada para seguir viagem. Voltamos para o posto onde havíamos deixado Negreiros, arrumamos as motos e agora com o grupo completo seguimos viagem.
São José do Norte (RS) – Final da BR-101
Saímos de Floripa quase ao meio dia e logo a chuva caiu. O motociclismo estava nos proporcionando momentos muito especiais e nós estávamos vivendo-os, estávamos conhecendo pessoas diferentes, fazendo novas amizades, conhecendo culturas diferentes. Tudo estava ótimo. Seguíamos para a conclusão da primeira etapa da nossa viagem, que era chegar ao final da BR-101, na cidade de São Jose do Norte, Estado do Rio Grande do Sul.
Esse dia foi o mais longo. Paramos na estrada às 20h45 e permanecemos ali cerca de vinte minutos a fim de apreciar um por do sol muito especial. Depois seguimos por mais uma hora até a cidade de São José do Norte, final da BR-101.
Paramos à beira da estrada, em frente à placa com o nome da cidade, mas não encontramos a placa de final ou início da BR-101, como temos aqui no nosso estado, o Rio Grande do Norte.
Depois das fotos e do momento máximo de alegria, procuramos um lugar para jantarmos e passarmos a noite e encontramos uma casa mobiliada pela qual pagamos 150 reais.
Na manhã seguinte fomos procurar o Marco Zero da BR-101 e encontramos três locais possíveis, mas nenhum que oficialmente determinasse o final. Fotografamos os três e voltamos para a cidade onde tomamos café e continuamos a viagem.
Lauro Muller (SC)
Mais uma vez fizemos uma viagem muito boa e chegamos ao cair da noite a Lauro Muller. A cidade estava silenciosa. Paramos em um restaurante, comemos e conversamos com o gerente que nos apresentou um amigo que estava para inaugurar uma pousada. Negreiros foi o negociador. Se afastou por alguns minutos e, ao voltar, nos disse que estava tudo certo, que o nosso pernoite na pousada teria o valor de 100 reais, ou seja, 25 reais por pessoa. Ótimo! Com aprovação unânime, pagamos a conta e fomos para a pousada. Realmente era novíssima, tudo de primeira e ainda não havia sido inaugurada. “Espetacular”, como bem dizia o amigo Negreiros.
Foram providenciadas as acomodações, sendo um quarto para Rodolfo e Rayane e um para Negreiros e eu. Colocamos a nossa bagagem nos quartos e, na hora de fazermos o pagamento adiantado, percebemos que Negreiros entendera o valor errado, eram 100 reais por pessoa. Renegociamos e, como já estávamos alojados, o preço acabou ficando em 50 reais por pessoa. Que mico! Mas tudo bem.
No dia seguinte, às 6h, deixamos a pousada para iniciarmos a subida da Serra do Rio do Rastro.
Cara, nós estávamos lá, íamos subir a serra que passamos um ano planejando conhecer, um dos destinos mais desejados por muitos motociclistas. Nós estávamos lá com nossas motos paradas à beira da estrada, prontos para subir, mas uma nuvem nos envolveu e perdemos a visibilidade. Ficamos tristes, discutimos um pouco as possibilidades e decidimos que seguiríamos mesmo assim.
Pilotamos cerca de um quilômetro e a nuvem se dissipou, deixando à mostra toda a beleza do lugar. Seguiram-se as curvas sinuosas que tanto havíamos visto em vídeos e fotos. Chegamos ao primeiro mirante da estrada e paramos. Fizemos as primeiras fotos e percebemos que tínhamos intenções diferentes para desbravar a serra. Decidimos nos separar para que cada um aproveitasse aquele momento à sua maneira.
Rodolfo e Rayane queriam curtir as curvas e partiram, Negreiros deu um tempo e partiu também e eu fiquei por lá um tempo e ainda fiz um vídeo para alguns motociclistas que chegaram, depois nos despedimos e continuei minha subida.
Fiz algumas paradas até chegar ao mirante da serra. A visão do percurso é incrível. Encontrei vários motociclistas e turistas de locais diferentes, fiz fotos e apreciei o visual sem igual. Colei o meu adesivo “Anjo da Estrada MG” na coluna do pequeno prédio onde há um binóculo para apreciação da serra. Permaneci no mirante por mais ou menos uma hora e segui em direção a Urubici.
Na descida, fiz muitas paradas para fotos, tomei banho de cachoeira e vi os sinais do deslizamento que havia acontecido na semana anterior e interditado a estrada.
Após uma hora e meia de descida, visualizei a cidade de Urubici. Parei à beira da estrada para apreciar a vista de cima e tirar algumas fotos. Aproximaram-se duas motos com dois casais. Conversamos e fiquei sabendo que um deles havia caído em uma curva da serra e o outro que vinha logo atrás o ajudou. Daí eles seguiram juntos para o mirante e de lá para Urubici. Conversamos e fotografamos por alguns minutos e despedimo-nos.
Antes de chegar à cidade, percebi a placa indicativa para a cachoeira do Avencal. Depois de pilotar por mais ou menos um quilômetro por estrada de chão, sem problema para a moto, cheguei a uma propriedade particular muito bem cuidada. Paguei 5 reais, entrei e fui direto para a área da queda d’água. A propriedade tem outros atrativos, vale a pena conhecer. Hora de seguir.
Chegando a Urubici, fui ao prédio de apoio ao turista apanhar a senha para subir o Morro da Igreja, de onde dá pra ter uma visão da Pedra Furada. Fica na rua por trás do Banco do Brasil. Depois procurei uma concessionária Yamaha, pois a minha moto estava suando na tampa do filtro de óleo, mas na cidade não tem concessionárias. Encontrei uma oficina e o mecânico falou que não me preocupasse pois a moto aguentaria chegar em casa, que eu ficasse atento e, se derramasse óleo, completasse. Fiquei mais tranquilo.
Segui em direção ao Morro da Igreja e fui parando nos pontos de visitação do caminho: grutas, santos, cavernas e pequenas cachoeiras. Cheguei ao portão de acesso e o guarda me aconselhou a não subir em virtude da hora e do tempo fechado. Assim, voltei para Urubici e vaguei pelas ruas até encontrar os meus amigos. Paramos em frente a uma pousada para saber o valor do pernoite, quando passou por nós um rapaz de moto. Ele parou e nos falou que era proprietário de um camping muito bom e nos convidou a ficar lá, que apesar de distante uns 4 km da cidade, valeria a pena. Nós o seguimos até o local e por unanimidade concordamos em ficar. Ele nos cobrou 25 reais a diária por pessoa. Havia mais 3 casais no camping. Ficamos bem à vontade e a noite foi ótima.
No dia seguinte fui para o Morro da Igreja. Depois de 13 km de subida, fui envolvido por uma neblina fria e muito vento, o que me forçou colocar o casaco. Cheguei ao alto do morro e encontrei dois casais que estavam esperando a visibilidade melhorar. Um era o mesmo que havia encontrado quando estava chegando a Urubici. Não dava pra ver a pedra furada, a neblina estava muito densa. Um dos casais, percebendo que sou de Natal, perguntou se eu conhecia o maneco, que havia feito essa mesma viagem no ano anterior e foi apoiado por eles na Bahia. Falei que sim e daí o que não faltou foi assunto. Permanecemos ali por 40 minutos sob forte vento e frio, até que o casal baiano desistiu e depois de meia hora nós desistimos também e fomos embora sem conseguirmos ver a Pedra Furada. Descemos com muito cuidado e paramos na Cachoeira Véu de Noiva que fica numa entrada vizinha ao portão de acesso ao Morro da Igreja. Dali nos separamos e segui para a Serra do Corvo Branco.
Subindo Serra do Corvo Branco
Cheguei ao final do trecho asfaltado onde havia uma grande placa advertindo sobre as péssimas condições da estrada dali pra frente, e que por causa das chuvas havia risco de deslizamento da encosta. A placa não proibia, apenas alertava para os perigos da subida. Apesar disso, decidi ir em frente. Depois de percorrer 300 metros, comecei a sentir a dificuldade. A moto patinava e chegava a ficar atravessada na estrada devido à lama. Mesmo assim a vontade de chegar era maior. Percorri pouco mais de 1000 metros e encontrei uma pickup parada com o motorista dentro. Perguntei se estava longe e ele disse que sim, andei mais um pouco e me preocupou continuar, pensei na possibilidade de eu cair e a moto cair sobre minha perna. Se isso acontecesse seria muito perigoso, tendo em vista que eu estava sozinho. Tive a impressão de ter ouvido uma buzina, mas não dei atenção. Parei a moto e caminhei por mais ou menos 200 metros até outra curva para fazer um reconhecimento da estrada. À medida que voltava para minha moto, senti vontade de desistir. Os pés deslizavam e era difícil até pra andar. Quando visualizei novamente a minha moto, para minha surpresa Negreiros estava ao lado dela. Foi muito bom aquele encontro. A alegria tomou conta de mim. Ele disse que também pensara em desistir lá atrás, mas me avistou e buzinou e como não respondi, decidiu continuar.
Tomamos uma injeção de ânimo e decidimos seguir. Se um de nós caísse, o outro ajudaria. Fomos subindo devagar até que surgiram à nossa frente os “paredões” da Serra do Corvo Branco, enormes, imponentes, lindos.
Foi uma emoção sem igual, uma alegria enorme. Desci da moto e fiz várias fotos, o asfalto estava bom. Negreiros passou à frente e seguiu e eu fiquei admirando aquela imensidão. Depois de passada a euforia, alcancei Negreiros e fizemos muitas fotos, vídeos e olhamos tudo. Eu estava alegre, a visibilidade estava ótima e ficou assim por mais ou menos meia hora, tempo suficiente pra a gente aproveitar aquele momento do jeito que merecia ser aproveitado, até o morro ser tomado por uma forte neblina e uma fina chuva.
Decidimos descer pois já havíamos feito o que nos propusemos fazer ali. A descida teve o mesmo grau de dificuldade, mas foi melhor.
Para mim a emoção de estar na Serra do Corvo Branco superou percorrer as curvas da Serra do Rio do Rastro. Os paredões são imensos e a sensação foi indescritível.
Rodolfo e Rayane não foram naquela direção. Acho que com a Harley eles teriam mais dificuldade que nós.
Sendo aquele o nosso último dia em Urubici, considerei que alcancei o nosso objetivo com relação a Serra do Rio do Rastro, apesar de não ter visto a Pedra Furada do Morro da Igreja e ter perdido o momento em que o “Colete de Augusto” (falecido) foi jogado do alto do mirante pelos meus amigos. Encerramos o dia com um brinde com vinho no camping.
De Urubici (SC) a Foz do iguaçu (PR)
Acordamos cedo, desmontamos o acampamento, tomamos café, nos despedimos dos que ficaram no camping e partimos para 840 km de estrada até Foz do Iguaçu, onde chegamos à noite. Ainda na BR, na entrada da cidade, duas motocicletas se colocaram próximas da gente de maneira preocupante por alguns quilômetros, até que paramos e eles seguiram. Fizemos contato com o nosso apoio e fomos para um posto de gasolina, onde quase uma hora depois fomos resgatados por Rubem e Lu, que nos levaram pra sua casa.
No nosso primeiro dia em Foz cruzamos a Ponte da Amizade e fizemos compras.
No segundo dia fomos conhecer as Cataratas do Iguaçu, onde conhecemos o casal de motociclistas Poeta e Líriti, que também estavam em viagem e permaneceram conosco durante o passeio. Rubem perguntou se gostaríamos de entrar na Argentina e aceitamos. O casal quis seguir conosco e fomos todos para mais essa aventura. Encaramos a fila da fronteira por pouco mais de meia hora e entramos na cidade de Puerto Iguazú. Fomos passear em uma feira de artesanato, assistimos uma apresentação de artistas de rua, fomos a um restaurante e depois voltamos para o lado do Brasil.
A recepção de Rubem e Lu foi ótima, excelentes anfitriões.
Assim concluímos a terceira e última etapa do propósito da nossa viagem.
Na manhã seguinte seguimos para Londrina, iniciando o nosso regresso pra casa.
Londrina (PR)
Saímos cedo e viajamos apenas 500 km nesse dia. Em Londrina fomos recebidos por Mumiah e Cris, que como em todos os apoios, nos buscaram em um posto de gasolina e nos levaram para sua casa. No dia seguinte nos levaram para um passeio pela cidade e, na despedida, nos sugeriram conhecer o Hotel Yara, na cidade de Bandeirantes (PR).
Nossa despedida à beira da BR foi muito legal.
Pilotamos por pouco mais de 100 km e chegamos à cidade de Bandeirante, que atravessamos e tomamos uma estrada de chão. Mais à frente atravessamos um enorme canavial e avistamos a propriedade. Chegamos em frente e o portão estava aberto. Entramos e passamos a explorar o local. Realmente muito esquisito e ao mesmo tempo curioso. Fiz muitas fotos e vídeos do local. Andei por todos os compartimentos. Tudo incrivelmente esquisito, tem um chafariz que derrama água clara, mas dentro da piscina a água é barrenta, super interessante.
Depois de mais de uma hora ali, seguimos viagem. Bem distante, senti falta da minha máquina fotográfica. Perdi. Senti vontade de voltar, mas observando o velocímetro já havíamos pilotado mais de 100 km, então dei definitivamente por perdida. Perdi fotos do hotel Yara e do dia anterior.
Ribeirão Preto (SP)
Chegamos no fim da tarde a Ribeirão Preto e fomos recebidos por Neno, um brother que é reserva da Aeronáutica. Ele nos levou para sua casa, que também é a sede do seu MC. Junto com ele estava mais um motociclista. Tivemos ali um ótimo jantar e muita boa conversa, sem contar a companhia de sua esposa, também muito atenciosa conosco.
Patos de Minas (MG), Cancela (MG) e Santo Estêvão (BA)
Saímos de Ribeirão Preto e tivemos mais dois pernoites em Minas Gerais, onde desfrutei da comida mineira que adoro; e outro pernoite em Santo Estêvão, onde mesmo com chuva, eu e Negreiros nos aventuramos a sair da pousada para comer acarajé.
No dia seguinte, nosso último dia de viagem, almoçamos em Paulo Afonso e toda a nossa atenção estava voltada para a chegada a Natal. A euforia tomou conta de nós agora de maneira diferente, estávamos voltando pra casa.
Um pouco de Pernambuco, outro de Paraíba e entramos no Rio Grande do Norte. Paramos perto de Mamanguape para comer abacaxi, alongar, bater papo e fazer fotos.
É muito boa a sensação de estar chegando de volta à nossa cidade, nossa casa, depois de vários dias de uma longa viagem de moto.
Nesse clima de missão cumprida, chegamos a Goianinha e pudemos avistar do alto do viaduto da cidade, os nossos amigos que nos aguardavam na margem da BR e nos acenavam.
Paramos por alguns minutos e seguimos em comboio. Goianinha fica a 65 km de Natal. Mais uma hora de viagem e chegamos. Fomos direto para a Zona Norte, para a casa de Rodolfo, onde a família dele e amigos nos aguardavam com um almoço.
Resumo
Objetivo da viagem: percorrer toda a BR-101; conhecer a Serra do Rio do Rastro; e conhecer as Cataratas do Iguaçu;
Planejamento: durante todo o ano de 2015, com 3 reuniões e um passeio;
Período da viagem: de 4 a 23 de janeiro de 2016 (20 dias);
Estados Percorridos: Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, paraná e Rio Grande do Sul;
Distância percorrida: eu andei 10.443 km, mas variou para cada moto, pois nem todos os passeios foram iguais;
Velocidade: entre 100 e 115 km/h;
Horas na estrada por dia: planejamos ficar na estrada de 6h às 17h e percorrermos 700 km/dia, mas não cumprimos. Às vezes foram mais, outras vezes menos;
Alimentação: o meu gasto diário com alimentação ficou entre 30 e 40 reais;
Consumo de combustível: Gastei 351 litros de gasolina, com preço variando entre R$ 3,60 a R$ 4,05. No total foram R$ 1.400,00;
Hospedagem: não conseguimos dormir em pousada pagando menos que R$ 50,00, exceto aquela negociada por NEGREIROS. Gasto total de R$ 350,00;
Campings: ficamos 3 dias em camping, na cidade de Urubici ao preço de R$ 25,00/dia/pessoa, totalizando R$ 75,00;
Pedágios: a partir da região sudeste, com valores variando entre R$ 1,50 a R$ 7,00. Total de R$ 45,00;
Apoio: Tivemos 09 Apoios.
- Aracaju (SE) – Damião,
- Eunápolis (BA) – Baiano,
- Campos do Goytacazes (RJ) – MC Campos,
- São João de Meriti-RJ – Luís,
- Curitiba (PR) – tigrão,
- Camboriú (SC) – Rodrigo,
- Foz do Iguaçu (PR) – Rubem e Lu,
- Londrina (PR) – Mumiah e Cris,
- Ribeirão Preto (SP) – Neno.
A todos que nos apoiaram, quero registrar o nosso agradecimento pela hospitalidade, pela confiança sem nos conhecer e por abrirem as portas de suas casas para nos abrigar. Obrigado.
Agradecemos também aos amigos que dispensaram alguns minutos por dia pra fazerem contatos conosco e de alguma forma se prestarem a alguma ação a fim de ajudar. (maneco, Edjanio e outros que jamais conhecemos).
Preços diversos
- o preço de comida em todo o nosso percurso variou de 13 a 17 reais o prato feito;
- água mineral a 2 reais;
- pousada em média 50 reais por pessoa;
na região da Serra do Rio do Rastro
- camping de 25 reais a diária por pessoa;
- a maioria das visitas na região da serra é gratuita e não há necessidade de guias;
- os únicos locais pagos, por se tratarem de propriedades particulares, foram a cachoeira avencal, cachoeira véu de noiva e caverna do rio dos bugres e em todos o mesmo valor: 5 reais.
- os trechos não asfaltados são bons a não ser que esteja chovendo;
- não houve nenhum ponto onde deixamos de ir por motivo de estradas ruins para as motos, fomos em todos;
- Não achei nada caro na região da Serra do Rio do Rastro, tudo que paguei considerei justo.
Em Foz do Iguaçu
- entrada para conhecer o Parque do Iguaçu/cataratas = 32 reais
- água mineral 7 reais
No Paraguai
- tem muita coisa barata realmente, basta pesquisar.
Na Argentina
- gastos com preços normais, exceto onde comemos.
Clima
- a partir do Rio de Janeiro até o Paraná, enfrentamos muita chuva. Viajamos três dias consecutivos completamente molhados.
Gasto total com a minha viagem
- toda a minha viagem custou R$ 3.072,00
OBbs: há algumas diferenças entre o cartaz da viagem, que foi publicado na Agenda da Revista Moto Clubes e os fatos, pois mudanças aconteceram na publicação.
Agradecimentos
- À Rayane, Rodolfo e Negreiros, pela companhia, pelos momentos bons que vivemos, pelos momentos não tão bons também, mas que foram superados, e por tê-los no meu círculo de amizade;
- À Sandra, que esteve conosco todos os dias via celular, que se mobilizou fazendo contatos com a maioria das pessoas que nos apoiaram e pelo grande espírito de companheirismo. Minha amizade e meu respeito;
- Aos amigos que não puderam nos acompanhar na viagem, pelos mais variados motivos, mas que participaram de todo o planejamento e todas as reuniões: Eliandro e Cláudio;
- Aos amigos que foram se despedir da gente no dia que saímos de Natal e aos que nos esperaram em Goianinha por ocasião da nossa chegada de volta a Natal;
- Ao pai do Rodolfo, que organizou um almoço para nos receber de volta, lá na Zona Norte de Natal;
- Por último, mas não menos importante, muito pelo contrário, o mais importante agradecimento ao meu Deus, meu amigo em quem confio, meu refúgio e proteção, por tudo o que nos proporcionou nessa viagem.
“O Senhor é meu pastor, nada me faltará, deitar-me faz em…”
Minha mensagem
Quase tudo podemos quando confiamos em Deus e em nós mesmo. Se você tem vontade de fazer uma viagem de moto, faça. Economize, prepare-se financeiramente, fisicamente e psicologicamente, prepare a sua moto, pesquise sobre os lugares que pretende conhecer, não esqueça a máquina fotográfica, acredite que vai dar tudo certo e vá para a estrada sem medo.
Robson – Anjo da Estrada MG
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