Explorando as Belezas do Planalto Central

No final de 2012 comecei a considerar fazer uma viagem mais longa, de alguns dias, algo que me colocasse em contato com a moto, a natureza e que significasse a possibilidade de explorar riquezas culturais também. Comecei, então, a avaliar alternativas e conversar com meus colegas que adoram andar de motocicleta.

Com o falecimento do artista e arquiteto Oscar Niemayer, no final de 2012, a imprensa trouxe à tona diversas obras deste mestre da arquitetura brasileira. Evidente que já havia visto e lido muitas reportagens sobre as obras dele, mas naquele momento, um click soou em minha mente, porque não visitar a cidade de Brasília? A cidade traduz muito do que foi o artista Oscar…

Comecei então a pesquisar e ler um pouco mais sobre as obras dele na capital federal. Paralelamente, inicie um draft de plano de viagem e comecei a divulgar minha ideia. Meu plano inicial, que depois se consolidou, previa cinco dias na viagem, utilizando o feriado de 1º de maio, que seria numa quarta-feira, emendando assim a segunda e terça, dias 29 e 30 de Abril, de modo que iniciaríamos a viagem no sábado, dia 27 e retornaríamos na quarta, dia 1º de Maio. Passei a buscar adeptos.

Confesso que a reação inicial foi pouco receptiva, muitos acharam a viagem muito longa, muitos quilômetros, problemas em se ausentar do trabalho por dois dias etc…

Evoluí no itinerário, definindo que a viagem começaria em Valinhos-SP, cidade onde resido, e seguiríamos no primeiro dia até Uberlândia – MG onde descansaríamos e pernoitaríamos, seguindo no dia seguinte até Brasília – DF, onde descansaríamos e ficaríamos naquela cidade duas noites e um dia completo. No quarto dia começaríamos o retorno, seguindo para Anápolis-GO e depois para Goiânia-GO, depois até Itumbiara, também em Goiás, onde descasaríamos e pernoitaríamos, indo no quinto e último dia para Valinhos-SP.

Virgílio, um grande amigo, se empolgou e me disse que iria. Depois, outros dois amigos se interessaram pela viagem, o Ocir e o Eduardo. Estávamos então com quatro adeptos e tudo caminhava bem. Começamos a refinar os planos.

Infelizmente, no sábado de aleluia, furtaram a Hornet do Ocir, que por conta disto precisou desistir. Uma semana antes da viagem,o Eduardo também precisou desistir para atender uma demanda de trabalho. Eu e Virgílio continuamos firmes.

No sábado, dia 27 de Abril, como planejado, começamos esta que foi uma incrível e deliciosa viagem ao planalto central.

Nosso ponto de encontro foi um posto de combustíveis na cidade de Campinas-SP, no distrito de Barão Geraldo, famoso por conta da Unicamp, que fica sediada naquele distrito. Três amigos, Antônio Carlos, com sua Yamaha Speed, Eduardo e Vilson com suas Harleys, seguiram conosco até a cidade de Ribeirão Preto-SP, onde fizemos um rápido lanche, quando eles retornaram e nós seguimos adiante.

Seguimos pela Anhanguera para aquela que seria a minha primeira grande viagem de motocicleta.

Não é preciso falar da qualidade da rodovia Anhanguera, simplesmente espetacular, asfalto impecável e farta sinalização. As 2 motos deslizavam.

Seguimos direto até a nossa próxima parada que seria feita na cidade de Uberaba-MG. Neste trecho de aproximadamente 180 km, pudemos contemplar a beleza agrícola das cidades paulistas até que chegamos ao Rio Grande que divisa os Estados de São Paulo e Minas Gerais, marcando, assim, o final da rodovia Anhanguera e o inicio da rodovia BR-050.

Em solo mineiro, pudemos verificar a significativa diferença entre as rodovias. O canteiro que separa uma mão da outra deu lugar a uma barreira de concreto, o pavimento, antes liso e uniforme, deu lugar a um asfalto mais rústico com sinalização irregular. Infelizmente, a rodovia estava com pouca sinalização e com o mato bem alto, apesar da estiagem de outono. A paisagem, antes com muita cana de açúcar, passou a ser compartilhada com a agropecuária.

Em Uberaba-MG, fizemos uma parada para abastecer e uma rápida refeição. Seguimos agora para a Cidade de Uberlândia-MG, onde planejávamos chegar por volta das 16 horas, encontrar o hotel e poder descansar para estarmos bem para completar a viagem no dia seguinte.

O trecho entre Uberaba-MG e Uberlândia-MG, que totalizou cerca de 110 km, foi tranqüilo, predominando um trafego intenso de caminhões, a falta de sinalização e uma paisagem mais densa de cidades ao redor.

No final da tarde, estávamos bem instalados e no inicio da noite acompanhei o Virgílio na visita que fez ao seu amigo de infância João, de São João da Boa Vista. A receptividade foi digna dos mineiros… muita conversa, muita bebida e comida da boa! Apreciamos aquele pão de queijo, costela de porco defumada, picanha invertida feita no forno e muito mais. Levarei na minha mente lembranças boas desta família maravilhosa de Uberlândia.

No dia seguinte, abastecemos as motos e, quando saímos do posto rumo a Brasília, olhei no relógio e outra coincidência, o relógio marcava exatamente 8h23, o mesmo horário de saída do dia anterior, quando começamos a viagem.

Saindo de Uberlândia
Saindo de Uberlândia

Deixamos Uberlândia-MG para trás, percorremos cerca de 420 km até chegarmos a Brasília-DF.

Quando descemos a serra, pudemos contemplar uma beleza sem igual, muitas fazendas e muito verde, estrada sendo reparada em vários locais, porém, sinalização bastante deficitária e muito mato alto nas laterais, o que nos impedia de ver e até de fotografar a beleza natural daquela região. Haviam desníveis entre uma camada e outra de asfalto, uma real possibilidade de acidente para aquele que necessita utilizar o acostamento.

A próxima parada ocorreu alguns metros antes da ponte do rio Paranaíba, rio que faz a divisa natural entre os Estados de Minas Gerais e Goiás. Lá, encontramos alguns pescadores se divertindo nas margens do rio.

Na divisa entre Minas Gerais e Goiás (Virgílio com a BMW GS 1200 e Osmar com a Yamaha MidNight)
Na divisa entre Minas Gerais e Goiás
Virgílio com a BMW GS 1200 e Osmar com a Yamaha MidNight

Seguimos agora pelas estradas e cidades de Goiás, final da estrada de mão dupla e início da pista simples, porém, com mais qualidade de asfalto que as estradas mineiras. Agora o asfalto era regular e com sinalização bem feita. Poucas placas é verdade, muito verde, muitas fazendas e estrada a perder de vista. Pensei naquele momento, o que o Ocir, amigo que não pôde nos acompanhar na viagem, não faria com sua Honda Hornet aqui nesta estrada que não acabava mais, com algumas retas imensas e curvas incríveis até para as motos Custom, o que seria para as Speed!!!! Certamente ele nos daria trabalho.

As distâncias entre uma cidade e outra agora chegavam a ser entre 80 a 100 km, o que nos deixava preocupados com o abastecimento. A MidNight costuma chegar na reserva com 250 km rodados, porém estávamos imprimindo um ritmo forte e o consumo deveria ser maior. Já a autonomia da BMW do Virgílio era maior.

Num determinado trecho, quando já havíamos rodado cerca de 190 km, comboiando a BMW, avistei um vilarejo e um posto de combustíveis. Imediatamente relaxei e pensei comigo: “hora de abastecer, fazer um alongamento e seguir viagem”. Porém, o Virgílio, por ter maior autonomia, estava pilotando numa velocidade boa e tranqüilo, não percebeu os sinais que eu dava e continuou a marcha. Reduzi um pouco a velocidade para que ele percebesse a minha necessidade de parar, mas ele não se atentou e continuou em diante. Passou o posto e o vilarejo, eu o segui para não nos dispersarmos. Nesse momento, pedi para o papai do céu colocar outro vilarejo próximo…

Fomos adiante. Já estava com cerca de 230 km rodados e nada. Dei sinal para o Virgílio e paramos para fazer um alongamento, quando disse para diminuirmos a velocidade para gastarmos menos combustível. Seguimos adiante e com 263 km rodados, a minha moto entrou na reserva. Já havíamos percorrido perto de 70 km desde o último posto. Falei para mim mesmo, que seria impossível não ter um outro posto nos próximos 50 km, mas confesso que a adrenalina aumentou. Felizmente, depois de 8 km, encontramos um posto perdido naquele sertão. Quando avistei uma cobertura grande, bem característica de um posto de combustíveis, falei para mim mesmo: “estamos em casa, tomara que seja um posto em funcionamento”.

O posto era bem simples, com piso de concreto apenas próximo às bombas de combustível, ao redor era terra batida, as bombas, ainda analógicas, algo que não via desde muito tempo, mas tinha o principal, a gasolina. Estávamos na cidade de Ipameri em Goiás.

Abastecemos e, outra coincidência, a BMW e a MidNight consumiram a mesma quantidade de combustível, exatos 12.9 litros cada uma.

Seguimos viagem. Passada a tensão, a paisagem ficou, para mim, muito mais bonita.

A próxima parada seria para um rápido lanche. Avistamos um simples, mas bonito hotelzinho perto da estrada, ainda estávamos na cidade de Ipameri. O hotel tinha um restaurante bem na frente, com a fachada para a rodovia BR-050. Estávamos no Km 128. Paramos e estacionamos as motos bem na frente do restaurante. O sol estava a pino e o calor era imenso. Rapidamente, tiramos o capacete, as luvas e quando estávamos tirando as jaquetas, três crianças vieram ver as motos. Elas estavam encantadas com as duas motos ali paradas, foi incrível ver como as três meninas apreciavam, parecia que nunca tinham visto algo semelhante. Virgílio, muito gentil perguntou para as meninas, aparentemente a menor com cerca de 7 anos, outra com perto de 10 e outra com um pouco mais que isto, ele perguntou se elas queriam subir nas motos, a menor disse de imediato: “pode mesmo tio? Eu quero”. E todas subiram, fizemos algumas fotos, elas desceram trocaram de moto e depois nos despedimos.

Ipameri - GO
Ipameri – GO

Fomos para o restaurante e, quando estávamos almoçando, vimos pela janela que elas voltaram, agora com um rapaz adulto que carregava uma câmera. Elas ficaram todas em frente das motos e ele fez algumas fotos, foi muito legal.

Seguimos para Brasília, faltava agora cerca de 270 km ou perto de 3 horas de viagem para a chegada ao nosso destino final.

Chegamos próximos à cidade de Taguatinga e depois Guará e o trafego foi aumentando significativamente com muitos carros. Entramos na estrada que liga as cidades chamadas de satélite de Brasília e foi para mim, confesso, a pior parte da viagem, muitos, mas muitos radares de 40 km de limite de velocidade. Já estávamos cansados e debaixo de um sol intenso, tendo que dobrar a atenção por conta do excessivo número de radares e com baixíssima velocidade, além do pesado trafego de carros. Ufa! Avistamos a placa que indicava Brasília a 1 km. Ficamos felizes, paramos para a tradicional foto de chegada.

Chegada em Brasília (Osmar)
Chegada em Brasília (Osmar)

Chegada em Brasília (Virgílio)
Chegada a Brasília (Virgílio)

Chegamos a Brasília, uma cidade bonita, planejada, limpa, com muitas ruas, avenidas e bem sinalizadas, porém, uma sinalização diversa da que temos em São Paulo e, acredito, nas outras grandes cidades, tudo orientado para “N” de Norte, “S” de Sul a assim por diante, “eixo Sul” e “Norte”, etc… Virgílio, mais escolado e com melhor senso de direção, foi desbravando e eu seguindo com cuidado, vendo aquela maravilha!!!!

Estávamos procurando o hotel, entramos numa avenida e vi as torres do congresso. Fiquei, confesso, um tanto quanto extasiado por ter chegado até aquele lugar.

Encontramos o hotel, estávamos em casa!!!! O odômetro da MidNight marcava naquele momento 991 km percorridos entre o início, na cidade de Valinhos-SP, e o Hotel em Brasília-DF. O do Virgílio, um pouco menos, pois ele saiu de Campinas e eu de Valinhos, mas descobrimos também, que existe uma diferença na marcação entre os odômetros da Yamaha e da BMW, que mais adiante comentaremos.

No final da tarde já estávamos prontos, aceitei o convite do Virgílio e o acompanhei na visita que ele planejou fazer para o primo Henrique. Assim como ocorreu em Uberlândia, a recepção foi excelente, conversaram bastante, mataram as saudades.

Na segunda-feira, dia 29, era o dia de conhecer as obras do mestre Niemayer. Saímos cedo para a expedição e, com as duas motos, percorremos a cidade explorando aquele verdadeiro museu da arquitetura, uma cidade tombada pela UNESCO.

Havia preparado uma lista com 21 obras com a assinatura do Oscar. Conhecemos a Praça dos Três Poderes, Supremo Tribunal Federal, Palácio do Congresso Nacional, Palácio do Planalto, Palácio da Alvorada, Palácio da Justiça, Palácio do Itamaraty, Centro Cultural Três Poderes, Memorial dos Povos indígenas, conjunto Cultural da Republica, Biblioteca Nacional de Brasília, a ponte JK, Catedral, Palácio do Jaburu, ponte presidente Costa e Silva e o Panteão da Liberdade e Democracia.

No Congresso, conhecemos o Senado e a Câmara onde, inclusive, almoçamos naquele dia. Fiquei muito bem impressionado com as obras e artes que temos no Salão Verde da Câmara.

Finalizamos nossa expedição visitando o Memorial JK. Difícil dizer o que é mais bonito em Brasília, são tantas obras de relevante beleza…

Na terça, dia 30, começamos a viagem de retorno. Voltamos por um caminho diferente. Visitamos a cidade de Pirenópolis em Goiás, depois seguimos para Anápolis, Goiânia, Itumbiara, triângulo Mineiro, Ribeirão Preto, Campinas e depois Valinhos.

Na saída de Brasília, tivemos uma pequena dificuldade em localizar a BR-070, estamos acostumados em São Paulo com a farta sinalização, o que infelizmente, não ocorre em outros estados. Por conta disto, entramos numa estrada errada e, depois de alguns bons quilômetros rodados, decidimos retornar. Neste momento, tomei a dianteira e, quando avistei um grande caminhão estacionado no acostamento da rodovia, pude notar que havia uma placa, mas por conta do caminhão ser grande e estar no acostamento, ela não estava visível para leitura. Dei sinal e paramos no acostamento de terra, e voltamos à pé para conferir. Exatamente o que procurávamos, a placa indicativa a BR-070.

Agora tranquilos, seguimos adiante e, mais alguns metros, encontramos o início da BR-070.

Seguimos para Pirenópolis, cruzamos a divisa entre o Distrito Federal e Goiás pelo Oeste na cidade de Águas Lindas de Goiás.

Rodamos cerca de 140 km e encontramos uma cidade colonial, que floresceu na exploração de pedras e que tem um importante parque de cachoeiras. As ruas são calçadas com pedras, o que dificulta muito a dirigibilidade de motos do tipo custom como a MidNight. A cidade é muito bonita, mas esta carente de restauração, tem um ar de abandono em cada esquina. Confesso que esperava muito mais.

Decidimos visitar uma cachoeira. Subimos uma montanha e avistamos placas indicativas, mas decidimos voltar para a estrada e seguir viagem.

Saímos da cidade com destino a Goiânia. Seriam outros 128 km. Decidimos almoçar num típico restaurante local na BR-153, localizamos uma placa indicando uma panificadora e restaurante, não pensamos duas vezes. Paramos e almoçamos num pequeno local, comida caseira de beira de estrada, administrada pela dona Rosineide e seu filho,com fogão a lenha, comida no fogão, cada um se serve e paga um valor fixo, que era a grande monta de R$ 9,99 por pessoa. Comemos arroz com feijão, carne de porco, chuchu, frango ensopado e um bife, conversamos com as pessoas que estavam também almoçando, com a Dona Rosineide, fizemos algumas fotos e pé na estrada.

Bom asfalto, boa sinalização, porém, pista simples e com muito trafego de caminhões, bem característico em Goiás, trafego de caminhões e paisagem linda, verde, mais verde e muito sol e céu azul.

Passamos por Anápolis-GO, paramos para um refresco em Goiânia-GO, onde descansamos um pouco. De lá, seguimos para Itumbiara-GO, última cidade antes da divisa entre os estados de Goiás e Minas Gerais. Lá iríamos dormir e descansar.

Rodamos entre Goiânia e Itumbiara cerca de 205 km, paramos apenas para abastecer, tomar um café e fazer alongamento.

Chegamos a Itumbiara por volta das 17 horas, seguimos para o centro da cidade para localizar o hotel onde pernoitaríamos, paramos em alguns semáforos e a população local olhava para nós e nossas motos com muito interesse.

Chegamos ao hotel um pouco antes de escurecer. Felizmente, os três hotéis que selecionamos foram excelentes escolhas, cama e café da manhã bom e chuveiro excelente, o que, na minha opinião, é essencial para este tipo de viagem. Nossos agradecimentos a Luciana que me ajudou a selecionar estes três locais.

Levantamos bem cedo na quarta, dia 1º de Maio, pois percorreríamos num só dia a nossa maior distancia, cerca de 680 km. Saímos do Hotel e demos uma volta ao redor e vimos que é muito bonito. Na margem do rio Verde existe uma excelente área de lazer feita pela prefeitura, com quadras poliesportivas, pista para skate, locais para explosivo e para o famoso piquenique.

Atravessamos a ponte do Rio Verde, que marca a divisa entre Goiás e Minas, abastecemos e, outra coincidência, a mesma quantidade de combustível para as duas motos.

Entramos na pista de mão dupla, boa qualidade de asfalto e sinalização de solo, porém deficitária na sinalização vertical, mato bastante alto no canteiro central e nas laterais o que, de certa forma, prejudica a visualização das poucas placas indicativas e as manobras nos muitos acessos aos retornos.

Como falei antes, descobrimos que havia uma diferença nos odômetros da BMW e da Yamaha. Na saída deste posto, fizemos um teste de aferição de velocidade e descobrimos que a MidNight marca mais que a GS, quando a GS estava a 80 km/h a MidNight estava a 90km/h, 120km/h na GS significam cerca de 135km/h na MidNight. Quem está certo? A Japonesa ou a Alemã? Algo para Yamaha e BMW discutirem…

Em Minas, enfrentamos alguns trechos de densa fumaça, produto das queimadas realizadas em alguns poucos trechos, onde o mato do canteiro central havia sido cortado, fato que nos fez diminuir muito a velocidade, pois, além de prejudicar a respiração dentro do capacete, em alguns trechos a visibilidade era muito baixa.

Alguns automóveis, em especial uma saveiro de uma agência funerária, nos deu certo trabalho e preocupação, pois o motorista não admitia ficar para trás, ele nos acompanhou e nos perturbou por cerca de bons 50 km. Tudo começou quando ele estava na pista da direita e foi ultrapassado por nós, depois de instantes lá estava ele na pista da esquerda, fungando atrás da minha moto, imprimi um pouco mais de velocidade até para não me desgarrar do Virgílio que estava à frente e me colocar numa posição mais segura em relação à saveiro maluca. Como na seqüência, tínhamos um trecho de subida, ele naturalmente ficou para trás. Depois, pegamos um trecho de geografia mais suave e ele rapidamente avançou pela pista da direita, me ultrapassou, continuando na pista da direita e urrando o motor até se aproximar do Virgílio, mudou para a pista da esquerda e começou a pressionar o Virgílio que não podia, naquele momento, mudar de faixa pois alguns caminhões estavam trafegando na pista da direita, e impediam a manobra. Foram alguns poucos quilômetros é verdade, mas algo que não se faz, assim que foi possível, o Virgílio mudou de faixa e ele ultrapassou e seguiu adiante. Voltaríamos a encontrá-lo alguns quilômetros adiante, quando ele reduziu a marcha, ficou atrás de alguns caminhões na faixa da direita, nós dois, que tínhamos mantido a velocidade da estrada e a faixa rápida, logo o encontramos e o ultrapassamos, o que o fez novamente voltar para a pista da esquerda e apertar o acelerador para nos ultrapassar novamente, pura bobagem e irresponsabilidade. Ele se foi, já estávamos perto de Uberlândia-MG e, felizmente, não o encontramos mais.

Paramos em Uberlândia para um rápido alongamento, abastecimento e para, lógico meu amigo, tomar um sorvete. Aliás, nunca vi uma pessoa gostar tanto de sorvete, dificilmente ele não toma um depois do almoço…

Nossa próxima parada seria para descansar e fazer um rápido lanche e é lógico, meu amigo tomar outro sorvete.

Já tínhamos deixado a cidade de Uberaba para trás estávamos muito próximos da Divisa de Minas com São Paulo. Neste local, descansamos por cerca de 30 minutos. Nossas mentes já começavam a sentir saudades de Goiás, de Minas e de Brasília e de toda a viagem que estávamos terminando, motivo mais do que justo para começamos a pensar na próxima.

Depois de rodarmos bons quilômetros, minha moto entrou na reserva, desta vez não fiquei preocupado pois sabia que a autonomia da reserva seria suficiente para chegarmos a um posto de combustível, estávamos na rodovia Anhanguera e a proximidade de postos de serviços é muito maior, o que de fato ocorreu na cidade de Orlândia onde abastecemos, descansamos um pouco, mais um sorvete para o Virgílio e eu tomei um bom pingado com um pedaço maravilho de bolo mesclado.

Passamos pela cidade de Ribeirão Preto e já começávamos a sentir o cheiro da nossa casa no ar. Paramos mais duas vezes para um alongamento e fazer uma ou outra foto e nada mais, até que chegamos na cidade de Campinas, onde nos despedimos. Virgílio seguiu para sua casa e eu para a minha, na cidade de Valinhos, louco para abraçar minha esposa, minha filha e a Vicky minha adorável cooker.

Finalmente cheguei em casa, o relógio marcava 16h50 e o odômetro da MidNight exatos 2.258 km.

Foi uma viagem muito gostosa, tudo saiu como planejado e até melhor, o tempo colaborou muito, sempre um céu azul, manhãs claras e ensolaradas, boa companhia, muita conversa, bom papo, calor na parte da tarde, final do dia com o sol se pondo e horizonte avermelhado, noites estreladas, motos atendendo nosso comando e até sobrando, enfim, tudo perfeito. Agora é planejarmos a próxima.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *