Viagem de moto do Chuí ao Oiapoque

Cento e onze dias de viagem, 15.455 quilômetros rodados, esses foram o tempo e a distância que o motociclista rio-grandino, Jair Oliveira, de 56 anos, levou para viajar do Chuí (RS) ao Oiapoque (AP) sozinho em sua moto Suzuki 250 CC. “Sempre sonhei em fazer essa aventura. Conhecer um pouco mais do Brasil que só conhecia em leituras. Como sou mergulhador, na ida viajei pelo litoral para conhecer o maior número de praias possível“, revelou Jair.

O motociclista partiu do Rio Grande no dia 25 de maio deste ano, viajou cerca de 500 quilômetros por dia, e cruzou as cinco regiões brasileiras na sua aventura solitária.

Percorri as regiões Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Passei por 20 estados e pelo Distrito Federal. Cheguei a visitar San Jose, na Guiana Francesa, mas minha prioridade mesmo era conhecer Oiapoque“, disse o motociclista. No Oiapoque, no extremo norte do Brasil, Oliveira disse que ouviu muitas histórias sobre garimpagem clandestina e que é um lugar muito violento.

No início de sua aventura, contou com a companhia do motociclista Deloir Dias Luz, que seguiu a viagem tripulando uma Shadow 600 CC. Mas Deloir decidiu abandonar a aventura quando chegou a Aimorés, em Minas Gerais. “De lá ele seguiu de caminhonete com um casal de amigos, me dando apoio até Fortaleza, no Ceará“, revelou Jair. Nos trajeto dos 15.455 quilômetros rodados, o motociclista enfrentou muita estrada de chão e revela que o maior desafio que teve foi durante as nove horas de viagem, gastas para percorrer apenas 100 quilômetros na região do Jalapão, no estado do Tocantins. “A estrada era de areia solta e fazia uma temperatura de uns 40 graus. A moto ficava cravada na areia. Saí de Ponta Alta às 9h e cheguei ao hotel-pousada Rio Novo às 18h. Mais empurrei do que pilotei a moto.

Foi cansativo, mas valeu a pena. A região é linda. Ao lado da pousada passava o rio Boi Frito, que deságua no rio Novo, que é o maior rio de água potável do Brasil”, contou o motociclista. De acordo com Oliveira, no geral, a viagem foi tranquila. O mais arriscado foi o trajeto percorrido na BR-153, rodovia Belém-Brasília, pelo grande fluxo de caminhões. Na aventura do motociclista ainda teve uma viagem de navio, no trecho entre Belém e Macapá, costeando a Ilha de Marajó, no Pará. Como grande aprendizado da aventura, Oliveira destaca a hospitalidade das pessoas nos diferentes locais que visitou. “Com certeza a gente vem mudado depois de uma viagem dessas, e o que mais me chamou a atenção foi ver que ainda existe muita bondade pelo Brasil. As pessoas estão sempre dispostas a ajudar“, avaliou Oliveira, ao revelar ainda que teve um pouco de dificuldade com os diferentes sotaques que ouviu. “Em alguns lugares eu simplesmente não conseguia entender o que eles estavam dizendo, apesar de estarem falando português”.

O financiamento para a aventura foi próprio. Para a hospedagem nos locais visitados, contou com o apoio de motociclistas brasileiros, cadastrados no site AMEBR, criado pelo motociclista Beto Sampa, com o objetivo de dar apoio a motociclistas estradeiros do Brasil. “O site já tem mais de seis mil motociclistas cadastrados. Através dele consegui informações de hospedagem e alimentação, mas na maioria dos locais, fiquei hospedado na casa de motociclistas mesmo. O motociclismo é uma irmandade muito grande“, salientou Oliveira, destacando a acolhida que teve na Ilha São Luis, no Maranhão. “Lá, fui acolhido por um grupo de motociclistas. Eles são um exemplo de como deve ser um verdadeiro motociclista, de como se deve tratar um irmão”.

Jair é motociclista há 40 anos, faz parte do motoclube Cavernosos, e já havia feito outras viagens mais curtas em sua motocicleta. “Já havia ido à Argentina e ao Uruguai, mas para essa viagem de agora tive que fazer uma preparação psicológica e financeira. Porque deixei para trás a família e os amigos e seguir sozinho. Eles me apoiaram, valeu a pena realizar meu sonho“, concluiu o motociclista aventureiro. O aventureiro ainda irá concluir a sua aventura viajando até o Chuí nas próximas semanas. Na próxima quinta, o motoclube Cavernosos estará realizando um churrasco em sua sede, como recepção ao motociclista.

Fonte: www.jornalagora.com.br


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Para adquirir os livros abaixo, acesse o site do autor: romuloprovetti.com

Livro A caminho do céu - uma viagem de moto pelo Altiplano Andino
A caminho do Atacama
Livro sobre viagem de moto pelo Himalaia
Livro sobre viagem de moto até Ushuaia
Um brasileiro e uma moto no Himalaia indiano