Viagem de moto até Ushuaia, Argentina

De moto até Ushuaia

Viagem de moto até Ushuaia, Argentina

A programação da aventura foi feita por Ignês a partir de estudos em livros escritos por motociclistas que já haviam realizado a viagem. A navegadora elaborou minucioso e detalhado roteiro onde constavam estradas a serem percorridas, restaurantes, postos de abastecimento da motocicleta e cidades onde dormir.

Utilizando uma motocicleta Honda Varadero, com minha esposa Ignês na garupa, saí de Porto Alegre dia 16 de dezembro passado com destino a Ushuaia, cidade mais austral do continente Sul Americano, na Província da Terra do Fogo, Argentina. Retornamos 6 de janeiro.

Lugar lindo, clima frio agradável, fica no Canal de Beagle, com a Cordilheira dos Andes em seu entorno. A cordilheira, parte coberta de neve, é linda de se ver. Cidade limpa, bom comércio, o povo argentino sempre simpático, acolhedor, prestativo e atencioso. As estradas percorridas no Uruguai, Argentina e Chile são espetaculares, pouco tráfego e pistas de rolamento impecáveis, sem buracos nem depressões e bem sinalizadas. Exceção apenas para os 130 km de rípio entre Cerro Sombrero, Chile, e San Sebastian, Argentina.

O rípio é uma espécie de cascalho. Esse tipo de pavimentação e os fortes ventos dificultam a estabilidade da motocicleta. Neste trecho, a atenção deve ser redobrada, tendo em vista que os ventos são soprados de lado, além do movimento de caminhões. Ventos de intensidade moderada a forte nos acompanharam na viagem de ida e se fizeram ainda mais intensos na volta. Em muitos trechos, a Varadero andava inclinada para o lado.

Parque Nacional da Terra do Fogo, marco do final da Estrada 03, na Bahia de Lapataia: para chegar lá, saindo de Ushuaia, trafega-se por 25 km de rípio, numa pista estreita, com trafego de ônibus, vans de turismo e outros veículos. Neste trecho, há pontes de madeira, bem estreitas, onde passa um só veículo de cada vez. Na região de Ushuaia foi onde se sentiu mais frio, sendo as mãos das pessoas a parte do corpo mais afetada. Ficaram geladas e ressecadas, mesmo com luvas de lã, reforçadas com luvas de couro por cima.

O Glacial Perito Moreno está distante, aproximadamente, a 75 km de El Calafate. Seguimos até lá na Varadero, numa estrada onde os últimos 30 km antes da chegada ao Glacial são de curvas e mais curvas, uma após outra, subindo e descendo montanhas, margeando o berço Sul do lago argentino. O glacial é formado de neve sobre neve, acumuladas durante muitos anos.

Na parede onde o glacial aflora, 5 km de largura por 40 a 50 m de altura, ainda há o dobro para baixo, sob o lago. Observam-se, na parede de gelo, nervuras de cor escura, que são minerais. A cor original é branca, mas vária em função do tempo. Na ocasião, estava um pouco azulada. Tudo muito bonito. Tem-se a certeza da presença das mãos de Deus na maravilha do Glacial Perito Moreno.

Para quem aprecia andar de moto, esta viagem é de prazer indescritível, é quando se tem a oportunidade de andar por novos lugares, conhecendo belas paisagens a cada dia, em excelentes rodovias.

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Estrada El Calafate para Puerto San Julian

Fizemos abastecimento da moto em Esperanza, onde colhemos a informação de que o próximo posto estaria a 300  km. Neste caso, tivemos que fazer uma entrada a Rio Gallegos, conhecida como “cidade do vento”, para reabastecer. Na aproximação da cidade de Gallegos, o vento não fez por menos e se apresentou por inteiro, obrigando-nos a ter a motocicleta rodando bem inclinada, para que fosse mantida equilibrada. Veículo abastecido, tivemos que retornar cerca de 50 km e seguir para Piedra Buena, com vento e tudo.

Patagônia Argentina

Províncias visitadas: Rio Negro, Chubut, Santa Cruz e Tierra del Fuego. O nome Tierra del Fuego foi dado porque os índios, no passado, faziam fogueiras para se aquecerem. Região rica, linda, bem cuidada, excelentes estradas, que são pouco movimentadas. Lá estão localizadas muitas indústrias químicas, petroquímicas, eletrônicas, além de sítios petrolíferos, fazendas com agricultura e pecuária. A pesca e o turismo são atividades pujantes.

Por lá, há subsídios do governo para combustíveis, com nafta premium a três pesos argentinos. A gastronomia é excelente e variada, rica em pescados, carnes bovina e caprina. O comércio tem zona franca, não há miséria, não há favelas, não há pedintes nas ruas. Existem empregos, com bons salários. O lugar é excelente para fazer turismo, principalmente quem aprecia viajar de motocicleta. Temos muito a aprender com os argentinos.

Informações ao viajante

Roupas: casaco e calça de cordura, luvas de couro e, no frio, por baixo, luvas de lã, botas impermeáveis, capa de chuva e proteção para os joelhos. É recomendável levar uma “segunda pele”, utilizada na região do Ushuaia devido ao frio intenso.

Percurso:

Um total de 9.880 km rodados entre Porto Alegre e Ushuaia, ida e volta.

A moto:

Honda Varadero, com a maior autonomia entre as Big Trail, bom torque, sistema de frenagem por ABS, conforto e segurança ao piloto e garupa. Na viagem com garupa, bagagem e mais o vento, a autonomia diminui. O reabastecimento era feito em intervalos de até, no máximo, 250 km. Aqui no Brasil a autonomia da Varadero é de até 350 km a cada novo abastecimento.

Sites úteis:

Livros recomendados:

  • Viajar de Moto para el Fin del Mundo, de Artur Albuquerque – Editora Nova Letra Gráfica (pedidos pelo e-mail mail: artur_albuquerque@hotmail.com);
  • Na Garupa de um Motociclista até o fim do Mundo, de Antonela Siqueira (pedidos pelo e-mail antonela74@terra.com.br);
  • Duas Rodas e Um Sonho, de Sergio Pires (pedidos pelo e-mail phd-sc@phd.com.br).

Blog:

Para conferir mais detalhes, fotos e os relatos diários da viagem, veja o blog do Ricardo Maia


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