Viagem inesquecível pela Cordilheira dos Andes

No dia 04, estávamos com tudo pronto para a viagem, Eu (Sabadini) e Isabel (Filhos do Asfalto MC) e o Deca e a Ângela (Porcos do Asfalto MC), quando caiu um dilúvio em Resende e resolvemos abortar a saída, pois o tempo estava fechado até Foz do Iguaçu, com muita chuva. No dia seguinte 05 de janeiro, as 5 horas da madruga, indo a Nova Fátima no Paraná, onde nos esperava o Henrique, integrante dos Filhos do Asfalto, que nos recebeu feliz e fez questão de nos hospedar em sua casa. No dia seguinte em Puerto Iguazu, já na Argentina, nos encontramos com a Silvia Benitez, primeira integrante do Filhos do Asfalto MC nos país hermano, providenciamos a Carta Verde e o Permisso, documentos necessários para cruzar o país.

No sábado, viajando pela Ruta 12 uma ótima rodovia e sem pedágios, fomos ao Encuentro Internacional de Dos de mayo, evento realizado pelo Los Ultimos Dinossaurios Moto Grupo, onde batizamos nossa integrante Sílvia e fizemos várias amizades.

No domingo partimos em direção a Corrientes , passando por Posadas uma cidade muito bonita e bem organizada e pernoitamos em Resistência capital da Província do Chaco, indo em seguida conhecer Corrientes, onde fomos convidados a conhecer o Palácio Del Gobierno da Província, a Assembleia Legislativa, sendo recebidos na sala da vice-governadoria pelo secretário executivo José Guilhermo Alfonso, a quem agradecemos a gentileza e o carinho com que fomos recebidos naquela cidade.

Agora pela Ruta 11, também uma excelente e linda rodovia, com retas que ultrapassam os 200 km e sem curvas acentuadas em toda sua extensão mas com um vento violento, que dificultava nossa viagem, chegamos a San Francisco, uma linda cidade do interior da Argentina, da Província de Córdoba que vale a pena ser visitada. Passo seguinte chegamos a Córdoba, conhecida por seus taxis amarelo e preto, visitamos Carlos Paz e Mina Clavero, cidades localizadas no alto das montanhas, incluídas no roteiro turístico da região do Alacumbre. Um visual que só você vendo para sentir a beleza do lugar. Pernoitamos em Tilisarao, uma cidadezinha muito simpática já na província de San Luís, capital com cidade do mesmo nome, bonita e desenvolvida. Vale dizer que de San Luís a Mendoza, são mais ou menos 260 Kms pela Ruta 7, sendo a rodovia totalmente iluminada, com um pedágio irrisório para automóveis, e motos não pagam.

Aproveitamos para conhecer Mendoza, uma bela cidade situada aos pés da Cordilheira dos Andes, cuja região metropolitana conta com quase 800 mil habitantes, mas que mantém um agradável aspecto provinciano. Fica numa zona climática que favorece o cultivo da uva e os vinhos ali produzidos são motivo de orgulho do povo argentino. Possui boa estrutura hoteleira e por isso recebe grande número de turistas que lotam suas ruas e calçadões, chamados de peatonais.

Outro orgulho da cidade é o belíssimo Parque San Martin, com área de 400 ha e cerca de 1000 espécies de árvores, situado na área urbana da cidade, que é arborizada e muito linda, com suas praças imensas e bem localizadas, suas vinícolas e um povo hospitaleiro, seu calçadão que lembra os passeios europeus com seus barzinhos e pubs, com mesas na calçada, etc.
O único problema na cidade foi o furto do celular e documentos que o Deca sofreu, não se sabe se no hotel ou no bar, obrigando o mesmo a providenciar um salvo conduto.

Finalmente rumamos para as Cordilheiras dos Andes, onde está localizado o Aconcágua, com 6.962 metros, passando por Uspallata e Las Cuevas, no Parque Nacional Sierra de las Quijadas, que forma parte de uma região semiárida de espetaculares características geológicas e especial coloração vermelha em toda a sua paisagem, com um complexo de lagoas que desemboca no rio Desaguadero. El Potrero de la Aguada, sua depressão central, está fechado por paredes corroídas de fantásticas formas. Este parque possui uma fauna de espécies quase em extinção: guanacos, zorros, avestruzes americanos, pumas e condores. Entre sua vegetação predominam arbustos espinhosos e cactáceas. Na aduana chilena outro problema, o Deca não conseguiu passar para o Chile, pois não foi aceito sua documentação, mas conforme combinado antes, ele voltou para Mendoza e seguimos eu e Isabel, para o Chile, sendo nosso destino Viña Del Mar e Valparaíso, passando por Los Andes, San Felipe, La Calera e Quilota.

Os caracoles são lindos e meio assustadores ao mesmo tempo, pois o vento constante e violento que sopra o tempo todo, exige um certo cuidado na descida e subida com motos, pois a cada caminhão que cruzávamos, tínhamos que segurar e manter firme a moto para não sermos sugados para a pista contrária ou arremessados ao acostamento, que não é totalmente pavimentado. Alguns trechos estão em obras o que fez com que tivéssemos maior cautela durante o percurso. A imagem do Túnel Del Cristo Redentor, fica pra sempre na nossa memória, pois é o divisor entre a Argentina e o Chile.

No Chile as rodovias são excelentes e o pedágio também barato, o único item contra é que a gasolina é muito mais cara que no Brasil. Viña e Valparaiso são banhadas pelo Oceano Pacífico o que lhes confere um ar todo especial, você tem a sensação de ser um desbravador de continentes, pois tem o prazer de colocar o pés e as mãos nas águas geladas daquele oceano, sem contar que as cidades são lindas, sendo Viña conhecida como Jardim Florido, toda ornamentada por flores naturais, tendo próximo à praia principal o famoso relógio de flores de Viña Del Mar, local visitado por muitos turistas e tivemos o prazer de encontrar muitos brasileiros lá, dentre eles, um casal de Cruzeiro, cidade do Vale do Paraíba no Estado de São Paulo, cidade próxima a nossa.

Na baia de Valparaíso, quando fazíamos um passeio marítimo, tivemos oportunidade de fotografar um casal de focas marinhas que tomava banho de sol em uma boia gigante.

Sonho realizado, era hora de voltar a Mendoza , onde o Deca e a Ângela nos esperavam, e onde ficamos por mais um dia para tomar mais um vinho e comer um chorizo argentino.

Dia seguinte rumamos para Buenos Aires, seguindo pela Ruta 7, indo dormir em Laboulaye, cidade do interior de colonização francesa, simplesmente encantadora, com ar interiorano e uma paz incrível, mas com seus barzinhos e mesas nas calçadas, como na França. Ficamos no Hotel Plaza, em frente a uma linda praça. Após o desayuno (café da manhã), hora de botar o pé na estrada rumo à Capital do Tango, conhecida por muitos por ser a capital “mais europeia” da América Latina. Buenos Aires é, indiscutivelmente, uma cidade bem organizada, rica em monumentos, jardins e edifícios e dotada de uma atmosfera própria e extremamente acolhedora para o visitante. Com 12 milhões de habitantes, é um exemplo de uma cidade dinâmica e moderna, que soube manter e preservar as suas velhas tradições e bairros históricos.

Chegando, fomos direto à Casa Rosada, sede do governo federal argentino, em frente à Plaza 25 de Mayo, onde encontramos muitos brasileiros que fizeram festa, tiraram fotos e batemos aquele papo. Fomos ao obelisco, marco central da cidade, ponto de visita obrigatória e rumamos para o hotel localizado em San Telmo – Centro. Já instalados, saímos para conhecer a cidade. Visitamos La Calle Florida, El Caminito, Puerto Madero, etc. Lá conhecemos uma casal simplesmente fantástico, Carlos e Patricia, proprietários do restaurante El Alamo, localizado na Calle Chacabuco, 696 – Esquina com a Calle Chile, que adoram brasileiros e fazem uma comida sensacional. Jantamos lá por duas noites e o fato interessante é que quando dissemos que íamos embora no outro dia, os dois, sentaram-se conosco, abriram uma champanhe e comemoram nossa amizade e desejaram buenas rutas (boas estradas) e uma volta feliz. Esta imagem ficou em nossa lembrança, que com certeza, voltaremos lá para rever estes hermanos sensacionais.

Cumprida nossa agenda, era hora de cruzar o Uruguai, o que não aconteceu devido ao salvo conduto do Deca, estar somente explicitado “autorizado a voltar ao Brasil”, o que no entender da Aduana Uruguaia, não incluía passar por Montevidéu e sim cruzar por Passo de Los Libres, fronteiriça com Uruguaiana. Fomos ao consulado brasileiro em Buenos Aires, que disse não poder resolver o problema e que sentia muito. Diga-se de passagem, fomos muito mal atendidos.

Problema à vista, esquecemos o Baquebus, o navio que cruza o Plata de Buenos Aires a Montevidéo e pegamos a ruta 14 em direção a Paso de Los Libres, onde próximo a Entre Rios, fomos intimados pelo Cabo Walter Flores, da Guarda Camineira de Entre Rios, a pagar uma multa por estarmos a 105 km (conforme o radar) numa estrada onde a velocidade máxima é de 110 km. Logicamente não teve acordo e a multa ficou para ser paga na Aduana, o que não aconteceu, pois dormimos em Federacion e no dia seguinte minha moto estourou a bomba de gasolina, encharcou o cilindro, queimou uma vela e quebrou a trava da cremalheira, sendo rebocada por 180 kms até a fronteira com Uruguaiana.

Em Uruguaiana, fui muito bem atendido pelo Magrão da Magrão Motos, que fica na Av. Santos Dumont 500, Tel: (55) 3413 2480 um cara fora de série, que resolveu o problema, apesar de não ter peças de reposição, ou seja o Magrão fabricou um diafragma da bomba, instalou e botou a Devoradora de Estradas para funcionar e pra dizer a verdade, ficou melhor, mais ainda, muito melhor que antes.

É um amigo que recomendo a todos que estiverem passando por Uruguaiana, mesmo que passem lá na oficina dele pra bater um bom papo, ele ficará muito satisfeito.

De Uruguaiana fomos a Gramado, Canela, Palhoça e Floripa, retornando a Resende pela Regis Bittencourt, totalizando 8.732 Kms rodados.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Para adquirir os livros abaixo, acesse o site do autor: romuloprovetti.com

Livro A caminho do céu - uma viagem de moto pelo Altiplano Andino
A caminho do Atacama
Livro sobre viagem de moto pelo Himalaia
Livro sobre viagem de moto até Ushuaia
Um brasileiro e uma moto no Himalaia indiano