Viagem de moto até o Chile

De Cuiabá a Santiago do Chile

Viagem de moto até o Chile

Primeiro de novembro de 2000, inicio da realização de um sonho. Depois de muita deliberação com minha esposa Adelaide (Dedé), resolvemos realizar a nossa primeira viagem longa de moto. Fomos para a internet e encontramos alguns relatos, mas nenhum com a distância e duração parecidas com a que queríamos. Arriscamos e saímos em direção a Santiago do Chile.

1º Dia – Saímos de Cuiabá, Mato Grosso, de madrugada. Chegamos em Ponta Porã ao anoitecer. Procuramos um hotel onde dormimos bastante ansiosos pelo que nos aguardava nos dias seguintes.

2º Dia – Lá estavamos em estradas paraguaias de pavimentação muito boa, com acostamentos bem cuidados. No primeiro abastecimento, optamos por atravessar o pantanal paraguaio por uma rodovia recém contruída seguindo até “Pozo Colorado” e daí até “Assuncion”, onde chegamos no final do dia.

3º Dia – Acordamos bem cedo e nos dirigimos para a fronteira. onde, com um pouquinho de $$ boa vontade, fomos liberados e já estávamos em território argentino. Seguimos pela margem direita do Rio Paraguai até a cidade de “Resistencia”. De lá fomos pela Ruta 11 até Santa Fé. Nesta cidade, tivemos dificuldade de encontrar um hotel razoável e foi lá que com cheiro de mofo passamos a noite.

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4º Dia – Amanheceu garoando. Após tomarmos um café “con leche” e comermos una media luna saímos do hotel na direção de “Cordoba“, tivemos que parar em um posto para melhorarmos a nossa proteção contra a chuva qua havia aumentado muito. Com nossas roupas de chuva e bastante sacos de lixo, fizemos uma ótima proteção.

Passamos por San Francisco, depois Vila Maria (onde comemos um assado típico, com muita carne de cerdo (porco). Dali fomos para Vila Mercedes e de lá para San Luis, tudo correndo normalmente.

O dia estava se pondo e ainda estávamos na estrada com intenção de chegarmos a “Mendoza”. Não foi possível. Depois de uma violenta chuva de granizo (verdadeiros ovos de galinha) paramos muito assustados em uma pequena cidade chamada La Paz, fora da estrada 6 km e onde o único posto de serviço das proximidades estava lá. Ligamos o ar condicionado do hotel para que pudéssemos secar um pouco nossas roupas.

5º Dia – Havia parado de chover e saímos bem cedo (mais café “con leche” e “media luna”) e visualizamos o deserto que circunda a rodovia até Mendoza. Almoçamos lá e fomos margeando um rio completamente seco (Rio Mendoza) em direção às cordilheiras que já mostravam os cumes nevados.

Viagem de moto ate o Chile

Muito movimento nas estradas (era domingo), carros com barcos inflaveis em cima. Não entendíamos a razão disso, pois só o que víamos era um leito seco de rio. Mais adiante alguns poços d´agua no rio e logo ele estava caudaloso e com muitos praticando canoagem. Incrível. A neve estava derretendo e tornando o rio um local de recreação. Santa Natureza.

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Esfriou bastante e depois de passarmos por “Las Cuevas”, chegamos na fronteira, que cruzamos pelo Túnel Cristo Redentor, com 4.000 metros de comprimento e a 4.000 metros de altitude. Do outro lado, mais frio, com grandes formações de neve acumulada formando imensos blocos de gelo bem perto da estrada. Não resistimos e fomos comer um sorvete de neve.

Viagem de moto ate o Chile

Descemos os famosos Caracoles usando bastante os freios de nossa moto. Chegamos em Santiago às 16 horas e instalamo-nos num maravilhoso hotel bem no centro novo da capital.

6º Dia – Encontramos diversos amigos, alguns vindos do Brasil e participamos do primeiro dia de um Curso da Pró-Vida. Mas a Adelaide acabou contando para os amigos e providenciaram rápido um bolo para que comemorássemos o meu aniversário (eram 50 anos) com direito a cantar o “Parabéns a você” também em espanhol (Cumple años).

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7º Dia – Deixei a Electra para fazer uma revisão e trocar o pneu dianteiro na revenda Harley e saímos fazendo um “city-tour” na companhia do Fernando Pedreira (que de tão parecido comigo, tinha recebido alguns cumprimentos na noite anterior) e sua esposa Aldaiza com o carro de um porteiro do hotel. Cidade fantástica, extremamente limpa e sem vestígios de favelas.

8º e 9º Dias – Alugamos uma Van e fomos conhecer o Pacífico, indo a “Valparaiso”, “Viña de Mar” e a região vinícula próxima a Santiago.

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10º Dia – Com a mesma Van, subimos a cordilheira com destino ao “Valle Nevado“, a menos de 100 km da capital e 3.500 m acima do nível do mar. Chagamos até a “Estação Colorado” e o motorista informou que não seria possível continuar pois, apesar de ser novembro, a temperatura estava muito baixa e poderia haver queda de neve. Mal terminou de falar e nevou bastante, acumulando quase 30 cm por toda a montanha. Mais um magnífico presente.

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11º Dia – Hora de começarmos as despedidas para voltarmos. Fechamos com chave de ouro com uma grande festa, organizada pelos amigos chilenos, com direito até a dança de musicas folclóricas. E ainda dividimos a mesa com outros três casais de “Harleiros” chilenos.

12º Dia – Saímos empolgados e na bela auto-estrada, não vimos a placa indicativa de 70 km/h (estávamos respeitando criteriosamente a velocidade de 110 km permitida naquelas rodovias). O policial, muito educado, mas bastante rígido, queria de todas as formas apreender minha carteira, já que eu estava viajando somente com a habilitação brasileira. Usando uma técnica ensinada pelo Pina, começamos a falar repetidamente “No entiendo, No compriendo” . Fomos liberados, levando um “pito” do policial, dizendo-nos que ali era Chile não a bagunça do Brasil para desrespeitarmos as leis. Subimos os “Caracoles” em êxtase, maravilhados.

Atravessamos a fronteira e paramos para ir até o pé do “Aconcágua”. Visão sem igual. Estávamos lá. Seguimos depois por “Mendoza”, abastecemos novamente em “La Paz”, pois daí até “San Luis” não havia um único posto e dormimos lá. “San Luis” tem uma característica muito peculiar. Por estar em pleno deserto, com muito vento, a grande maioria das casas tem frente somente para o lado oposto ao vento.

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13º Dia – Seguindo recomendações, pegamos a rodovia com destino a “Cordoba“, depois de muitos quilômetros, visualizamos no horizonte (interminável no deserto) um pequeno ponto que logo veríamos tratar-se de uma “Shadow 600″, que ultrapassamos e fomos seguidos até o reabastecimento. Ricardo, argentino de Buenos Aires, estava fazendo sua primeira viagem de moto pela região e indicou-nos uma pousada na belíssima “Villa de Carlo Paes”, ao lado de um imenso lago, sobre as montanhas do “Cerro El Condor”. Ali voltamos a pegar chuva de granizo que transformou-se em neve e daí sofremos para achar um jeito de andar de Harley, super carregada sobre o gelo. Não foi nada fácil fazer os 15 km que nos separavam do “Parador El Condor”, um pequeno restaurante perdido no alto da montanha.

14º Dia – Passamos o dia admirando as belezas da “Villa Carlo Paes“, que recomendamos a todos os viajantes.

15º Dia – Depois de um merecido descanso, pegamos a estrada no sentido de casa, passando por “San Francisco”, almoçamos em um “comedor” na beira da estrada e sem saber, ingerimos miúdos de porco, bem condimentados, que provocou na Adelaide terríveis dores de estômago. passamos por Santa Fé e depois de intermináveis quilômetros de plantações de girassóis, chegamos em Reconquista, onde pernoitamos.

16º Dia – Depois de um dia inteiro viajando sob forte calor e a Adelaide sofrendo ainda bastante dores, saímos da Argentina passando por “Resistência, Corrientes”, Pousada, na região de “Missiones” e finalmente a divisa brasileira.

17º Dia – Passeio por Foz do Iguaçu e visita ao Paraguai, para algumas “comprinhas” extras.

18º Dia – Por uma estrada infernal, atingimos Ponta Porã em mais de 12 horas para andar 550 km.

19º Dia – Retorno para casa – Valeu, foi muito bom. Inesquecível.

Juarez Vargas
www.juarezvargas.com.br


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