Uma Grande Jornada pela América do Sul

Simone Maria Richardt, uma engenheira alemã, sempre foi fascinada pela ideia de liberdade. Após anos dedicados à sua profissão, decidiu que era hora de transformar um sonho em realidade: uma viagem de moto pela América do Sul. Seu meio de transporte? Uma Royal Enfield Classic 500, uma motocicleta robusta e clássica, que refletia o espírito de aventura e resistência necessários para enfrentar uma jornada desafiadora.

Ela decidiu deixar seu emprego em uma fabricante de peças automotivas para aproveitar melhor a viagem, sem pressão de tempo.

O Roteiro da Viagem

A jornada de Simone começou em Bogotá, na Colômbia, e traçou um roteiro que incluiu Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Brasil e Uruguai. Ela explorou tanto as paisagens costeiras quanto as montanhas andinas, enfrentando terrenos variados e cenários de tirar o fôlego. Ao cruzar fronteiras, Simone visitou pontos turísticos icônicos, como o Deserto do Atacama, a Cordilheira dos Andes e a Ruta 40 na Argentina, além de conhecer pequenas cidades e vilarejos ao longo do caminho, onde teve a oportunidade de mergulhar na rica cultura sul-americana.

Desafios ao Longo da Estrada

Viajar sozinha de moto por um continente vasto e desconhecido certamente trouxe desafios. Simone enfrentou condições climáticas extremas, desde o calor escaldante do deserto até o frio congelante das montanhas. Além disso, houve momentos em que a altitude elevada dos Andes causou mal-estar, testando sua resistência física e emocional. Em países como o Peru e a Bolívia, as estradas precárias e o tráfego caótico aumentaram a dificuldade da viagem, mas sua determinação e o desejo de continuar a impulsionaram a seguir em frente.

Diversos trechos de off road fizeram parte do roteiro de Simone, testando o desempenho da Royal Enfield nas mais diversas condições. “Estava pilotando em uma estrada que tinha um trecho de passagem de águas. Não tive outra escolha, senão atravessar e a água, que subiu até o tanque e fez o motor desligar. Me senti como num barco à deriva, mas a motocicleta se saiu bem. Também fiquei presa na lama durante uma tempestade no Salar de Uyuni, na Bolívia. Ali o desafio foi sair da chuva e tentar encontrar um lugar seguro para me esconder. Tudo isso sem nenhuma outra pessoa a quilômetros de distância para ajudar”, comenta.

Outro desafio foi a manutenção da moto. A Royal Enfield Classic 500, embora confiável, exigiu ajustes e cuidados durante a jornada. Simone, que já possuía um conhecimento básico de mecânica, aprendeu na prática a lidar com pequenos problemas mecânicos e a realizar a manutenção necessária para manter a moto funcionando.

Por que Viajar de Moto?

A decisão de Simone de viajar de moto foi impulsionada pelo desejo de estar imersa no ambiente ao seu redor. Ela acredita que a moto proporciona uma conexão direta com as paisagens, culturas e pessoas que encontra pelo caminho. “A moto te coloca no meio da natureza, você sente o vento, o cheiro das árvores e da estrada. É uma experiência que te conecta com o mundo de uma maneira única”, disse Simone em uma entrevista.

A liberdade de explorar o continente no seu próprio ritmo, sem estar presa a horários ou rotas rígidas, era outro motivo importante para sua escolha. Para Simone, a viagem de moto representa uma metáfora para a vida: cheia de curvas, desafios e beleza inesperada.

A Escolha da Royal Enfield Classic 500

A escolha de Simone pela Royal Enfield Classic 500 não foi ao acaso. Ocorreu há seis anos, quando se apaixonou pelo modelo na Índia. “Eu estava na cidade de Goa e queria alugar uma motocicleta. Olhei para ela, decidi testá-la e me apaixonei. Ela é fácil de pilotar e confortável, foi sempre uma máquina confiável durante minhas viagens”, conta Simone. A alemã tem uma ligação especial com a Índia, pois trabalhou em Nova Délhi e, no ano passado, viajou por 10 dias e mais de 3.000 quilômetros no Himalaia, também com o modelo Classic 500.

A motocicleta, com seu design retrô e motor robusto, combinava perfeitamente com a ideia de uma viagem de longa distância por terrenos variados. Simone admirava o estilo clássico da moto, mas o que mais a atraía era sua simplicidade mecânica, algo importante para quem pretendia atravessar regiões remotas, onde o acesso a serviços especializados seria limitado.

Além disso, a Royal Enfield Classic 500 tem uma longa história de confiabilidade, sendo usada em viagens e expedições pelo mundo todo. Simone sabia que, com a manutenção adequada, sua moto poderia suportar o rigor da jornada sul-americana, desde as estradas de terra no interior da Bolívia até os trechos intermináveis de asfalto da Ruta 40.

A História de Simone Maria Richardt

Nascida e criada em uma pequena cidade no sul da Alemanha, Hechingen, Simone sempre teve uma paixão por aventuras ao ar livre. Desde criança, gostava de explorar as montanhas e florestas ao redor de sua cidade natal. Após se formar em engenharia, começou a trabalhar em grandes projetos de infraestrutura, mas o desejo de liberdade e descoberta continuava pulsando em seu coração. Ela sempre buscou maneiras de equilibrar sua vida profissional com o desejo de explorar o mundo.

Sua paixão por motos começou mais tarde, quando, aos 28 anos, comprou sua primeira moto. Desde então, a moto se tornou uma extensão de sua personalidade aventureira, e o desejo de realizar uma grande viagem foi crescendo com o tempo, até que ela decidiu que estava pronta para embarcar nessa jornada transformadora pela América do Sul. Aos 36 anos já conheceu mais de 100 países, a maioria deles sobre duas rodas.

Experiências e Ensinamentos da Viagem

Durante sua jornada, Simone aprendeu lições que transcendem as estradas e paisagens. A viagem lhe ensinou a importância da resiliência e da adaptabilidade. “Quando você está na estrada, você aprende que nem tudo sai como planejado, e está tudo bem. É preciso aceitar os imprevistos, se ajustar e seguir em frente”, compartilhou ela.

Outro ensinamento poderoso foi o valor da simplicidade. Viajar com apenas o essencial na moto fez Simone perceber como precisamos de pouco para sermos verdadeiramente felizes. As experiências com as comunidades locais, especialmente em áreas mais remotas, mostraram a ela o poder da hospitalidade e da gentileza humana. Ela foi acolhida em diversas casas, onde recebeu comida, abrigo e, muitas vezes, histórias que a enriqueceram tanto quanto os lugares que visitava.

Simone também reconheceu a importância de estar presente no momento. Em uma sociedade cada vez mais acelerada, a viagem de moto a fez desacelerar e apreciar as pequenas coisas: o pôr do sol nas montanhas, o sorriso de uma criança em um vilarejo, o cheiro de café fresco em uma fazenda no interior.

Entre as paisagens do continente sul-americano, a que mais impressionou foi a Cordilheira dos Andes, com seus picos nevados, geleiras e vulcões ativos. Nas pastagens secas do Cone Sul, que apresentam um clima seco e frio, o modo de vida da população local ensinou importantes conceitos. “Fiquei fascinada com o fato de que muitos povos indígenas conseguem viver lá em circunstâncias muito humildes. Vivem apoiados pela criação de lhamas e porquinhos-da-índia e pelo cultivo de plantações, como quinoa, batatas e amendoim”, relembra.

No Brasil, o que chamou a atenção da viajante foi a diversidade, com belas praias, montanhas e florestas. Além disso, o que a cativou foi o misto de culturas, vistos na música, cultura e culinária, e a maneira com que os brasileiros convivem. “A população brasileira é um misto de outras culturas – muitas delas europeias. É ótimo ver o respeito com que todas elas vivem no mesmo espaço. A amabilidade, felicidade e hospitalidade dos brasileiros são notáveis”.

Conclusão

A viagem de Simone Maria Richardt pela América do Sul foi uma jornada de autoconhecimento, desafios e conquistas. Ao escolher a Royal Enfield Classic 500 como sua companheira de estrada, ela se conectou não apenas com as paisagens, mas com as culturas e pessoas ao longo do caminho. A experiência trouxe ensinamentos profundos sobre a vida, a simplicidade e a importância de abraçar a incerteza.

Para Simone, essa viagem não foi apenas uma aventura, mas uma transformação pessoal. Ao final de sua jornada, ela não apenas havia cruzado fronteiras geográficas, mas também superado suas próprias barreiras internas, saindo da estrada como uma pessoa mais forte, sábia e conectada com o mundo ao seu redor.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Uma resposta para “Uma Grande Jornada pela América do Sul”

  1. Ótimo texto para relatar essa jornada corajosa da alemã! Excelente sua observação sobre a viagem longa de moto como uma metáfora para a vida! Parabéns!

Para adquirir os livros abaixo, acesse o site do autor: romuloprovetti.com

Livro A caminho do céu - uma viagem de moto pelo Altiplano Andino
A caminho do Atacama
Livro sobre viagem de moto pelo Himalaia
Livro sobre viagem de moto até Ushuaia
Um brasileiro e uma moto no Himalaia indiano