Viagem de moto pelo Norte do Brasil

Brasil sobre duas rodas – Parte 3

Um descanso pelo rio e o pior trecho da viagem

Embarcados, motociclistas e motos seguiram viagem através do rio Amazonas para Santarém, no Pará. Tirando a beleza do encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões, a viagem de dois dias no barco, através do “Rio Mar” foi de tediosa rotina, com nossos aventureiros deitados modorrentos em suas redes no convés. Nesse trecho, um fato merece nota. O valor da passagem no barco, para cada um com a respectiva motocicleta, seria de R$500,00. Depois de muito pechinchar, no que foram auxiliados mais uma vez por um membro do Brazil Riders, conseguiram fechar um pacote de R$900,00, para todos.

Viagem de moto pelo Norte do Brasil

Apesar de todos os percalços vividos, o pior trecho da viagem, aquele que maiores dificuldades apresentaria, estava por vir. Novamente os nossos aventureiros iriam botar as motos na estrada. Desta vez o destino era Altamira, também no Pará. Para “cortar” caminho, se aventuraram para uma estrada madeireira clandestina, que ligaria as duas cidades num percurso de 250 km, rasgada em plena selva. Essas picadas, comuns naquela região, são feitas de forma ilegal para extração e transporte, também ilegais, de madeira. Esse percurso se transformou num pesadelo para os pilotos e motocicletas. Crateras intermináveis, atoleiros gigantescos, grandes clareiras abertas na mata de onde a madeira foi retirada. Para vencer esses obstáculos, muitas vezes a moto tinha que ser empurrada, com grande desgaste físico para o motociclista. Saindo de Santarém às 12 horas, às quatro da madrugada chegaram na pequena cidade de Uruará, não sem antes deixar para trás, a mais ou menos 30 km, escondida no meio da mata, a moto do Agnaldo, que teve um pneu rasgado e a embreagem pifada.

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Durante o percurso, os sons da floresta metiam medo. O urrar do macaco Capelão ecoava na imensidão da mata de maneira aterrorizante. Num dos trechos, onde as motos eram empurradas nos atoleiros, o mexer das folhagens chamou a atenção. O Juliano Trant (policial militar da PMMG), sacando da pistola, iluminou o local com sua lanterna. No facho da luz, o vulto de uma onça. Esquecendo o cansaço, nossos aventureiros apresaram-se em tirar a moto do atoleiro e continuaram a maratona. Às quatro horas as ruas de Uruará ainda tinham movimento. Motocicletas, carregando mais de dois passageiros eram comuns, como comum também a falta dos capacetes e o porte de armas. Após algumas horas de sono reparador voltaram até onde estava a motocicleta escondida na mata e providenciaram o seu conserto. Ainda no mesmo dia chegaram a Altamira.

De Altamira, sem as dificuldades enfrentadas na mata, seguiram pela BR-230, a TRANSAMAZÔNICA. Enfrentando um pesado trânsito de carretas e caminhões, foram deixando para traz a mata, passaram por pastagem verdes, embrenharam-se no sertão nordestino e chegaram até o mar, no porto de Cabedelo, na Paraíba. Nesse trajeto, deixando o Pará, cruzaram os estados do Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará e Paraíba.

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O que mais chamou a atenção dos pilotos foi a diversidade que passava ao lado da estrada. A cada quilômetro rodado, o Brasil ia mudando. Às vezes para melhor e às vezes para pior. O certo é que nesse nosso País Continente, a riqueza e a miséria vão se intercalando. Apesar de toda essa desigualdade, os pilotos afirmam que vale a pena conhecer de perto o imenso Brasil, para valorizarmos tudo o que temos, a dura realidade social contrastando com o potencial de riquezas de nossa Terra.

Dali os três pilotos se separaram. O Juliano Trant e Aguinaldo, desceram pelo litoral, enquanto Felipe ingressou pelo sertão, rumo à Chapada Diamantina, no estado da Bahia, o que aumentou o total de quilômetros que ele teria que percorrer até chegar de volta a Belo Horizonte.

Encerrando a sua jornada, Felipe rodou mais de 1000 km, fazendo o percurso de Vitória da Conquista a Belo Horizonte, indo direto para a festa de casamento de um seu amigo, conforme lhe prometera, carregando ainda nas roupas as marcas da estrada.

Viagem de moto pelo Norte do Brasil

Passado algum tempo, quando se pergunta a algum desses aventureiros como foi a viagem, a resposta sempre pronta é: “Foi indescritível, só vivenciando cada momento da viagem é que dá para ter uma idéia.”

Para todos, a “Expedição Brasil Moto” foi um sucesso. Para os amantes das aventuras sobre duas rodas que quiserem, o perfil facebook.com/brasilmoto tem mais fotos e vídeos dessa aventura.


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