Acordei cedo com o intuito de rodar mais e recuperar a estrada perdida na noite anterior. Antes de sair, conversei com uns caras sobre futebol. Eram torcedores do River Plate e Boca, então foi aquela discussão por conta do último jogo entre eles (risos). O hotel não tinha desayuno, então tomei café na loja de conveniência de um posto, na saída da cidade de Monte Quemado.
A ideia era rodar muito e parar só para abastecer, com a intenção de chegar à cidade de Assunção – Paraguai.
A temperatura estava amena devido ao tempo nublado. Ótimo para pilotar.
Numa parada para abastecimento, o dono do posto era um argentino que morou 12 anos no Brasil e conhecia BH. Me deu boas dicas sobre a estrada.
Peguei algumas obras e rípio. Depois de Pampa del Infierno foram retas intermináveis em pista simples, mas boa. Eu passava na minha velocidade de cruzeiro de 110/120 km/h, imaginando em qual velocidade estaria ali se estivesse de Hayabusa (risos).
Um pouco antes da cidade de formosa, parei para abastecer e descobri que meus pesos argentinos estavam no fim, e o posto não recebia tarjeta. O frentista me deu a dica que no pueblo de Herrera havia um cajero automático, então lá fui eu atrás do caixa eletrônico. Rodei 10 km para entrar no povoado e cheguei ao caixa automático do Banco Formosa (risos), mas saquei os pesos direitinho com o cartão do Itaú.
Nesse posto aconteceu um dos casos mais engraçados da estrada: vieram dois argentinos conversar comigo e perguntar sobre a moto, a viagem etc. Um dos amigos perguntou, por exemplo, qual a cilindrada da moto, eu respondi 350cc. Aí o outro amigo soltou a frase: “uouuu Que Capacidad!!” Em seguida o primeiro perguntou sobre os faróis de milha de LED. Acendi para ele ver, ele falou “cega os ojos hahaha” e o outro amigo: uouuu Que Capacidad!!… Ele perguntou sobre a velocidade que eu andava na ruta: respondi 110km/h, o outro amigo: uouuu Que Capacidad !!.. hahahaha fui pela estrada rindo sozinho dessa dupla: Que Capacidad!!
A paisagem, a estrada e até os carros, faziam muito lembrar o Brasil. Ao longo da estrada, pequenas propriedades rurais com plantações de milho e criação de gado. É uma região muito plana e chama a atenção a altitude. O GPS indicava uma altitude que variava entre 50 a 70m em relação ao nível do mar. Altitude de cidade litorânea, ou seja, à beira mar, e eu estava no norte da Argentina.
Passei rápido por Formosa, seguindo para a fronteira com o Paraguai. A noite chegou quando ainda faltavam 200 km, mas a pista era boa até Assunção. A noite estava clara devido a uma meia lua no céu e as informações que obtive davam conta que era uma pista tranquila, sem ocorrência de animais ou outro perigo, então prossegui viagem.
Me chamou a atenção como a estrada estava vazia. Passei uma hora sem cruzar com nenhum veículo. Ficava pensando como uma estrada tão importante, que faz fronteira entre dois países, estaria assim tão vazia, comecei a desconfiar do GPS (risos). Mas de repente surgiu uma fila com centenas de carros seguindo no sentido contrário. Era como se estivessem bloqueados na estrada por algum pare e siga e depois foram liberados de uma só vez. Logo à frente descobri o motivo. Poucos quilômetros antes da fronteira, ainda do lado argentino, ao passar pelo posto de controle policial que existe na entrada de cada cidade, haviam cones fechando a pista. Parei nos cones e os policiais me fizeram sinal para avançar até eles. Passei entre os cones e parei a moto ao lado de quatro policiais. Então eles me explicaram que a Ruta estava cerrada por uma Manifestação poucos metros à frente, numa ponte. Me veio à cabeça o dia del paro que atravessei no Peru e toda a sua complicação. Ai estava a explicação para a estrada vazia e depois a centena de carros na estrada.
Os policiais me perguntaram de onde eu vinha e qual era o meu trajeto. Expliquei rapidamente sobre a viagem e eles sugeriram avançar devagar até a ponte e pedir permissão aos manifestantes para passar. Assim eu fiz e foi tranquilo. Haviam uns 50 manifestantes sobre uma pequena ponte, cercados dos dois lados por muitos policiais. Fui chegando e um senhor, ao ver que era uma moto estrangeira, fez sinal para eu passar.
Cheguei à fronteira com as lembranças recentes dos problemas na aduana Argentina na fronteira com a Bolívia, mas foi muito tranquilo. Em 5 minutos estava dentro do Paraguai.
Faltavam 40 km para Assunção. Olhando o horizonte, havia uma coloração avermelhada no céu, um visual muito diferente. Quando Cheguei mais perto vi que eram as luzes da capital paraguaia, refletidas nas nuvens que encobriam toda a região. Atravessei a enorme ponte sobre o rio Paraguai e cheguei ao centro da cidade.
Rapidamente achei meu hotel. Comi um sanduíche de lomito no próprio hotel e cama (risos).
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