Naturalmente que imprevistos são uma constante em nossas viagens. Já saímos quase meio dia e, após rodar umas 40 milhas, a embreagem da moto do Cyro parecia que estava indo para o brejo. Como se não bastasse, lembramo-nos de que esqueci de pegar meu passaporte. O remédio foi voltar, pegar o bendito passaporte e partir sozinho.
A opção foi a Skyline Drive, uma estrada de umas 70 milhas que atravessa o Shenadoah National Park em direção leste, como se fora uma continuação da Blue Ridge Parkway.
As curvas da Skyline são frequentes, com pouquíssimos locais para ultrapassagens o que, aliado a constante travessia de animais e a uma velocidade limite de 35 milhas na maior parte do tempo, torna nossa velocidade media muito baixa. Além disso, o policiamento se faz presente, ao contrário da Blue Ridge. A paisagem é soberba e a estrada, sem acostamento e com menos overlock, muito bem cuidada.
Durante a travessia, passei por um susto quando vi uma bicicleta caída no acostamento e um carro parado na estrada com a porta do motorista aberta sem ninguém dentro. Reduzi a velocidade e o que vi deixou-me o sangue gelado. Um urso preto quase da minha altura, comendo placidamente quase no acostamento com o ciclista e a motorista do carro tirando fotos do bicho a uns 2 metros de distância. Eu, que já ia parando, pensando em acidente, engatei uma primeira e sai acelerando forte com medo que o sacana do urso viesse pegar uma carona na moto. Eu hein, já pensou, um urso fungando no seu cangote ?

Parei num overlock mais à frente para tomar folego, preparei a máquina fotográfica no tripé e coloquei-a em self-timer quando vi um veado parado na pista. Apertei o botão e após os 10 segundos ouvi o click. Confesso que nem eu mesmo consigo enxergar o bichinho pois estava um pouco distante e ele foi para o lado da sombra. De qualquer forma a foto está postada e acreditem em mim: tinha um veado na pista !
Na saída do parque, mais uma surpresa. Uns 50 metros à minha frente, um filhote de urso preto atravessa a pista numa embalada só. Quando ele acabou de passar foi minha vez de acelerar, pois onde há filho há mãe e não estou aqui para ouvir uma mamãe ursa me perguntando: “- Você viu aquele moleque por aqui ?”.
Após as emoções da travessia e chegando a Front Royal já escurecendo, resolvi pernoitar e prosseguir a viagem no dia seguinte.
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