9º dia – De Tours a Orlèans

09/08/2010

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Hoje o dia foi intenso. Saímos de Tours e seguimos o curso do Rio Loire (fala-se “Loar”), que serpenteia uma das regiões mais encantadoras da França, conhecida como o “Vale dos Reis”. Ao longo do trajeto, fomos brindados com a presença majestosa de dezenas de castelos que fazem desta região um verdadeiro cenário de conto de fadas. Entre as cidades mais charmosas que atravessamos, destacam-se Amboise, Vouvray e Blois, todas com um passado riquíssimo e arquitetura deslumbrante. Agora, estamos hospedados em um hotel em Olivet, que é praticamente um bairro de Orléans — cidade famosa por Joana d’Arc, a heroína francesa que libertou a cidade dos ingleses durante a Guerra dos Cem Anos e que, ironicamente, foi queimada na fogueira anos depois, em Rouen.

O ponto alto do dia foi, sem dúvida, a visita ao Castelo de Chambord, um dos mais impressionantes da região e um dos símbolos do Renascimento francês. Construído por ordem do rei François I, o castelo é um delírio arquitetônico, com suas torres, chaminés ornamentadas e a famosa escadaria em espiral projetada (dizem) por Leonardo da Vinci. Tiramos algumas das melhores fotos da viagem até agora. E olha que não são poucas: o contador da câmera já marca 2.414 imagens capturadas! E pensar que ainda nem chegamos à metade da jornada…

Outro castelo que nos encantou foi Chenonceau, conhecido como o “Castelo das Damas”, pois foi influenciado por grandes mulheres ao longo de sua história, como Diana de Poitiers e Catarina de Médicis. Diferente de Chambord, este é mais romântico, construído sobre o Rio Cher, e pudemos explorar seu interior ricamente decorado. Claro, tiramos mais um monte de fotos.

Um detalhe curioso da região são as adegas subterrâneas cavadas nas rochas calcárias. Em Vouvray, passamos por algumas delas, parecendo verdadeiras cavernas. A cidade é famosa por seus vinhos brancos, muitos produzidos e conservados nessas adegas naturais, que mantêm a temperatura ideal para o envelhecimento da bebida.

As estradas seguem impecáveis. Optamos por evitar as autoestradas, preferindo as estradas regionais que cruzam vilarejos e fazendas. Mesmo as vias rurais são asfaltadas e de qualidade superior a muitas rodovias brasileiras, com pavimento abrasivo que garante segurança, mesmo sob chuva.

A pausa para o almoço foi em Amboise, onde experimentamos um clássico da culinária francesa: coq au vin (galo ao vinho), acompanhado por uma entrada de melão com presunto cru. A cidade, além de deliciosa em termos gastronômicos, é historicamente importante — Leonardo da Vinci passou seus últimos anos aqui e está enterrado na Capela de Saint-Hubert, dentro do Castelo de Amboise.

No fim do dia, uma situação inusitada. Após visitarmos Chambord, decidimos agilizar a chegada ao hotel e, para isso, reconfigurei o GPS permitindo o uso de autoestradas. Pegamos um trecho de aproximadamente 40 km, com pedágio automático. Funciona assim: você pega um cartão na entrada e paga na saída. Até aí, tranquilo. O problema é que, ao pagar com uma nota de 20 euros, a máquina devolveu tudo em moedas! Algumas caíram no chão e, enquanto eu tentava juntá-las, a cancela abriu sozinha. O sistema, provavelmente, interpretou que eu já tinha passado. Voltei correndo para a moto e saí, mas, para meu desespero, uma sirene começou a tocar alto. Olhei pelo retrovisor esperando ver carros de polícia surgindo atrás de mim… mas nada aconteceu. Apenas um susto para fechar o dia com emoção!

O clima foi quente: sol forte durante a maior parte do tempo, com poucas nuvens. Aqui, o tempo muda rápido — se está sol, faz calor, mas basta nublar para esfriar bem, principalmente à noite.