Saímos cedo em direção a uma loja especializada em capacetes para comprar um para mim. Resolvi não trazer o meu do Brasil, tanto para facilitar a viagem quanto porque ouvi dizer que os preços por aqui eram mais em conta. A loja, Centralle Du Casque, foi uma indicação do Paulo Góis. O lugar impressiona pela variedade de modelos e, de fato, os valores eram bem melhores do que os praticados no Brasil. Um capacete idêntico ao meu da Shark custava pouco mais da metade do que paguei por ele em casa.
Optei por um modelo mais acessível da Nolan: leve, silencioso e com um bom custo-benefício. Aproveitamos a ida à Fnac e compramos uma câmera para capacete, incrivelmente barata. Resistente à água e com um ângulo de captação de 180 graus, prometia ser uma excelente aliada para registrar nossa jornada.

De volta ao apartamento da Rowan, nos despedimos e pegamos o metrô rumo à estação do TGV, o famoso trem de alta velocidade francês. O tempo era justo, mas a eficiência do transporte público na França garantiu que chegássemos sem contratempos. Uma cena curiosa aconteceu já dentro do trem: o sistema de som anunciou um atraso de cinco minutos devido a um pacote suspeito encontrado na estação. No fim, a demora foi de apenas três minutos.

A viagem durou cerca de três horas, atravessando paisagens típicas do interior francês: vastos campos cultivados, rebanhos de gado, pequenas cidades pitorescas e, aqui e ali, castelos que pareciam saídos de contos de fadas. A velocidade do trem, que pode atingir 320 km/h, só fica evidente ao passarmos paralelamente a uma autoestrada e vermos os carros ficando para trás em questão de segundos.
Chegando a Grenoble, embarcamos em um bondinho elétrico, sistema de transporte prático e eficiente. O pagamento é feito no próprio ponto de embarque: basta autenticar um cartão previamente adquirido, aguardar a chegada do bondinho e embarcar sem necessidade de fiscalização. Um painel digital informa os minutos restantes para a próxima composição.
Grenoble é uma cidade de porte médio, localizada aos pés dos Alpes Franceses, a uma altitude de 214 metros acima do nível do mar. Fundada em 43 a.C., possui cerca de 420 mil habitantes e é considerada a cidade mais plana da França. É também um importante centro universitário, abrigando mais de 60 mil estudantes. Foi lá que Vanildo fez seu mestrado e onde agora iniciará o doutorado.


Assim que chegamos, guardei minhas malas e logo Vanildo sugeriu que fôssemos ver a moto. Eu estava ansioso. Demos uma volta por uma estrada próxima para testá-la. A moto é mais leve que a minha, mais alta e tem um estilo de pilotagem completamente diferente. Gostei do torque, mas a velocidade final é relativamente baixa. Não levei ao limite, mas ela chegou rapidamente a 130 km/h. O ronco do motor é curioso, lembra o de uma enceradeira. Acho que vamos nos entender bem.

Para quem não conhece a história dessa moto, enquanto planejávamos a viagem eu considerava alugar uma. No entanto, pelo período total de 21 dias, os custos com taxas e seguro ultrapassariam 2.000 euros, um valor alto demais. Foi então que, com a iniciativa do Vanildo, começamos a buscar motos usadas pela internet. Encontramos uma TransAlp 650cc ano 2000, bem conservada, por 2.400 euros, e compramos em nome dele. O plano é vendê-la ao final da viagem, e mesmo que haja algum deságio, ainda assim será mais vantajoso do que o aluguel.
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