A chegada a Istambul é simbólica. Atravessei esta cidade bonita e imensa, num trânsito caótico que me levava ao ferry que cruza o Estreito de Bósforo depositando-me no que nós chamamos de princípio da Ásia. Segundo os amigos turcos, a verdadeira Ásia começaria depois de Ankara. No entanto, já me iam avisando que dali para frente a realidade era outra.

Dirijo-me a Kodikoy onde fica o restaurante da Mine Aydemir, uma turca bem-disposta, que me acolhe de braços abertos como convidado especial no restaurante. Tenho direito a fotografia no quadro de honra. É na sua casa que ficarei abrigado nos três dias de Istambul. Aí, via encomenda postal, recebo finalmente o passaporte com o tão desejado visto do Irã e o seguro atualizado. Aproveito também para me enviarem dinheiro suficiente para cruzar o Irã, condição necessária, uma vez que naquele país é impossível levantar dinheiro. Dólar ou euro é o ideal, sendo preferível o dólar. Para quem se aventure por estas paragens (Irã) aconselho também a instalação de roaming, de preferência mais do que um, para livre acesso à internet. Tem de ser instalado antes de se entrar. Por estranho que pareça, em Dubai acontece o oposto. O uso de roaming provoca-nos problemas. Tive que desinstalar.

Viagem de moto Nepal Ankara mausuleo de Ataturk
Mausuleo de Ataturk – Ankara

Entrando em Istambul, é organizado um jantar pela Mine, para me ajudarem a cruzar a Turquia. São convidados os membros fundadores do EMOK (maior moto-clube da Turquia) e o presidente do AKUT (organização de busca e salvamento, com intervenções em cenários de catástrofe em diferentes partes do mundo). Juntos traçam-me uma nova rota de passagem pela Turquia, até ao Irã, estranhamente mais a sul, isto por sugestão de um elemento dos Serviços Secretos do Exército, amigo de um dos presentes. Daí para a frente teria abrigo quase todos os dias ou alguém a quem recorrer se necessário. Pelo AKUT foi-me dado um contato de emergência, sendo-me assegurado que no espaço máximo de duas horas estariam perto de mim. Estes turcos não brincam em serviço. Aliás, coisa que aprendi, foi que por essas paragens e nos países seguintes, quando alguém te diz que podes contar com o seu apoio, di-lo de coração e não hesitará em nada para cumprir essa promessa.

Sigo então rumo a Ankara onde mais uma vez o acolhimento é fantástico.

No dia seguinte, pela primeira vez, abasteço o galão reserva após um susto. Começo a ter problemas de viajar por uma ferida no pior lugar possível, onde me sento…

Após dias terríveis de dor e algumas lágrimas derramadas, cedo aos pedidos dos amigos e mulher para que procurasse ajuda.

Recorro aos amigos turcos e em Tatvan sou levado ao hospital e o problema é resolvido. Com mais uma paragem e abrigo em VAN chegava o dia de aproximação ao Irã, pernoitando em Dogubayazt, única fronteira aberta para passagem.

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