De San Antônio de Los Cobres a San Pedro de Atacama

em

8° Dia – San Antônio de Los Cobres – San Pedro de Atacama

No segundo dia atravessando a Cordilheira dos Andes com nossas motos, pegamos a lendária Ruta 40 para ir de San Antônio de Los Cobres a Susques. Aquela estrada cruza a Argentina de norte a sul e é uma rota clássica para quem quer aventurar-se ao pé da Cordilheira.

Foi um dos dias mais interessantes de toda a viagem. Fica a dica para quem passar pela região: incluir alguns quilômetros pela Ruta 40, vale a pena.

Logo ao sair de San Antônio de Los Cobres nos deparamos com a dificuldade de localização. Não sei porquê a rota não aparecia no meu GPS. Também não havia placas de sinalização. Com a indicação de alguém que passava pela estrada, pegamos o rumo certo.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

A primeira parada foi no Viaducto La Polvorilla, uma via férrea de 63 metros de altura onde passa o famoso “Tren a las Nubes”. O trecho que percorremos da Ruta 40 é todo em rípio, em certos trechos, afina a ponto de só caber um veiculo pequeno à beira de precipícios sem qualquer proteção. Foram momentos tensos.

Viagem de moto Deserto do Atacama

Nesse dia vimos paisagens indescritíveis, a estrada é sempre cortada e margeada por riachos que parecem vir de água de degelo. Passamos por formações rochosas de vários formatos e cores.

Com a altitude, começou também o frio e a balaclava saiu da mala.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Essa parte da Ruta 40 passa por vilarejos de casinhas de adobe que parecem ter ficado no passado.

Depois de muito rípio e areia solta chegamos finalmente à Ruta 52. Em Susques, paramos para almoçar e descansar e decidimos por cruzar o Passo de Jama naquele mesmo dia.

Viagem de moto Deserto do Atacama

As motos estavam irreconhecíveis de tanta poeira e barro.

Paso de Jama

Na região do Passo de Jama é onde localiza-se o controle de fronteira, onde é comum ter fila para ingressar no Chile. Tivemos sorte, pois havia poucas pessoas na nossa frente na aduana, porém o trâmite de entrada é muito burocrático, tivemos que passar por uns cinco guichês diferentes. Eles são muito rigorosos e impedem a entrada de qualquer produto de origem animal ou vegetal. É bom se desfazer de comida, folhas de coca, etc. para evitar ser multado.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Depois que revistaram a nossa bagagem (tive que abrir todos os alforjes) começamos a cruzar o Passo de Jama. Já eram 16h.

Viagem de moto Deserto do Atacama

Nos primeiros quilômetros de subida do Paso, já com frio intenso, começamos a nos aproximar de uma tempestade. Ventava muito, mas resolvemos seguir em frente. Nesse momento a moto começou a perder potência, a ponto de não passar dos 60km/h. Quando chegamos à parte mais alta, a mais de 4000 metros de altitude, a temperatura ficou próxima a 0º e a chuva transformou-se em gelo e cobriu a estrada com uma camada espessa. Consegui prosseguir pois um carro que ia na frente abriu uma trila na neve. Mesmo assim, em algumas trocas de marcha e frenagens a moto “saiu de traseira”. Quando diminuiu a altitude, voltamos a ver o asfalto, aí paramos a moto e tive de colocar as mãos no escapamento pois já não sentia mais os dedos.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Achamos que o pior já tinha passado. Porém, uns dez quilômetros antes de chegar a San Pedro de Atacama a chuva, que estava descendo da montanha, formou um canal que atravessou a pista, levando junto muitas pedras. Já estava anoitecendo. Estávamos presos ali, entre o pico nevado do Paso de Jama e a estrada interrompida. Por sorte, a vazão da água diminuiu e aproveitamos para cruzar o trecho desviando das pedras que se acumulavam sobre o asfalto.

Viagem de moto Deserto do Atacama

Chegamos moídos em San Pedro de Atacama, mas por sorte estávamos bem. Nessa desventura aprendemos algumas coisas que acho importante dividir nesse relato:

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

  • A travessia do Passos de Jama deve ser feita próximo ao meio dia, já que a temperatura é um pouco mais alta e tem menos probabilidade de nevar. Antes de cruzar o Passo, vale a pena informar-se com a polícia sobre a previsão de neve na estrada. Em caso de mau tempo é melhor adiar a travessia.
  • No deserto também chove! Isso acontece no período chamado de “Inverno Altiplânico”. As tempestades que presenciamos na nossa viagem eram geralmente acompanhadas de muito vento e raios. A chuva na cordilheira pode ser perigosa, pois a água, ao descer a montanha, vai formando canais e levando pedras adiante. Durante a nossa passagem, a região de Purmamarca tinha sido destruída por uma destas enxurradas. É importante saber a previsão de tempo para cruzar estas regiões.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *