Viagem de moto até o Paraguai

De Loma Plata a Concepción

Segunda-feira – Estamos em pleno Chaco Paraguaio: “A paisagem se divide em três grandes blocos: úmido, semiárido e árido. A palavra ‘chaco’ deriva da língua quechua chacu, em alusão a uma estratégia de caça utilizada no passado pelos índios da América do Sul, que ‘cercavam a caça para capturá-la’.

A definição denota que a região sempre foi uma área rica em fauna e de grande interesse para o ser humano. Nela, habitam antas, queixadas, cervos, aracuãs (um parente do jacu) e espécies emblemáticas como o tatu-canastra e a onça-pintada, da qual restam apenas 20 indivíduos na região (2020). Todas essas espécies têm sido objeto de caça permanente, para agravar mais a situação”.

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A rodovia, nos seus primeiros 70 km, era um tapete! Depois um verdadeiro enduro com muitos buracos e desvios entre trechos de asfalto novo e terra batida, mas chegamos bem a Concepción.

Uma cidade bem interessante e típica, conhecida como “La Perla del Norte” (a pérola do norte). Logo ao entrarmos na rua principal, já encontramos uma grande imagem sacra do Paraguai, a Virgem Maria Auxiliadora, localizada em frente ao Santuário de la Virgem Auxiliadora e Colégio Salesiano. Nessa mesma calle (rua), ao longo de seu calçadão central, há o Museu a Céu aberto… Trata-se de veículos e equipamentos de ferrovias antigos decorando o canteiro central. Muito legal!

Em seguida, fomos conhecer o Porto (no rio Paraguai) e acompanhamos o término do carregamento e saída de uma embarcação muito comum por estas bandas. Algumas pessoas e famílias vêm a Concepción fazer compras em geral e depois retornam, viajando até 5 dias nesse barco onde comem, bebem e dormem em redes.

À noite, fizemos uma caminhada e comemos mais uma uma refeição típica paraguaia: o lomito (pão de hambúrguer ou pão árabe, bife de vaca, queijo, presunto, ovo frito, tomate, alface, milho, maionese e molhos). Há diversas “Lomiterias” espalhadas pela cidade e país.

Passamos por bons trechos da Rodovia Bioceânica, a que o papá de Daniel, nosso mecânico de Encarnación, com tanto entusiasmo se referiu.

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“Corredor Bioceânico
A idéia inicial era de que o Corredor Bioceânico constituiria-se de aproximadamente 4 mil km de rodovias, que atravessariam o continente sul-americano no sentido leste-oeste, a partir do Porto de Santos, cortando a Bolívia e chegando aos portos chilenos de Arica e Iquique. Assim os bolivianos poderiam dispor de maior facilidade de transporte e acesso para o mar.

Em agosto de 2017, ocorreu a 2ª Expedição da Rota da Integração Latino Americana, partindo de Campo Grande e percorrendo toda sua extensão até os portos chilenos de Iquique e Antofagasta, parada final. A rota passou por 4 países: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. A 1ª Expedição percorreu o trajeto atravessando pela Bolívia, até os portos chilenos. Devido ao histórico recente com o governo boliviano, decidiu-se que a rota deve seguir via Paraguai e Argentina. A ideia era de que o corredor fosse terminado em 2022. A maior parte do trabalho deverá ser realizada pelo Paraguai, que precisará implantar e/ou asfaltar mais de 600 km de rodovias (a maioria do trecho tendo que ser implantado do zero). O trajeto terá 2400 km entre Campo Grande e Antofagasta.

A rota deve diminuir em até 2 semanas o tempo de viagem das exportações do Centro-Oeste do Brasil até a China e Japão. Com a rota, parte da produção brasileira, que atualmente deixa o país pelos portos de Santos e Paranaguá, será exportada pelos portos chilenos a preços mais baixos.

Para viabilizar a rota, o Brasil irá construir uma ponte entre as cidades de Porto Murtinho e Carmelo Peralta, no Paraguai, com previsão de início em 2021. Também irá ampliar a BR-267 no Mato Grosso do Sul.

O Governo Paraguaio dividiu a obra em 3 lotes: o primeiro, de cerca de 270 km, liga Carmelo Peralta, na divisa com o brasil, a Loma Plata, no meio do país. O segundo trecho liga 2 cidades no meio do país, e o terceiro trecho liga o meio do país à divisa com a Argentina. Em agosto de 2021, o Paraguai já havia concluído 203 km do lote 1, faltando 72,6 km para terminar este trecho.

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Turismo
Servirá de ligação para vários destinos turísticos: o Pantanal mato-grossense, a Entrada das Cordilheiras dos Andes, em Jujuy, Argentina; o Deserto de Atacama, no Chile.”


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