Tail of the Dragon

Com a chegada do Cyro, fizemos a vistoria anual da Sabrina Sato (a Wing Aspencade do Cyro), calibramos pneus e foi só clicar na partida para ela se pronunciar em grande estilo. Afinal, a filha dele mantinha a bateria carregada e ligava a moto uma vez por semana.

No início fizemos passeios por perto para testarmos as motos. O único problema foi o “stator” da minha que deu o prego (provavelmente por ficar parada muito tempo). “Stator” trocado, tudo voltou à normalidade e passamos a pensar em passeios mais longos. O primeiro que nos veio à mente foi o Tail of the Dragon em Robbinsville na divisa entre North Carolina e o Tennessee.

A estrada que nos leva de Charlottesville até Robbinsville, região do Tail of the Dragon, é nada menos do que uma das mais espetaculares estradas dos Estados Unidos. Já percorri 3 anos seguidos suas quase 500 milhas em ambos os sentidos e o prazer é o mesmo. Asfalto excelente, sinalização perfeita, curvas de todos os tipos, uma estrada construida em um complexo de parques florestais de forma a não agredi-los, por mínimo que seja. Trânsito majoritariamente de motos. Astral nas alturas. Só conhecendo mesmo para acreditar. Como um bonus, ao final ela nos deixa a poucas milhas de Deals Gap, onde tem início o Tail of the Dragon.

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Muitas pessoas me perguntam se vale a pena repetir o Tail of the Dragon, ou mesmo se compensa investir uma grana para viajar até lá. Acho que a resposta é a mesma que você receberá de um surfista se pergunta-lo por que Pipeline no Hawai, afinal, ondas existem em todas as partes do mundo. No meu caso, a primeira vez em que pilotei no Dragão foi em 2011 com uma Ultra Classic alugada em Staunton (VA). Eu estava sozinho e com uma moto alugada, isso levou-me a uma pilotagem extremamente cuidadosa e sem chegar perto de limites.

Já no ano passado, 2012, além de estar com a minha moto, uma Honda Goldwing 1987, estava acompanhado do Cyro também com uma Goldwing Aspencade. De cara cometi um erro, eu deveria ter deixado o Cyro ir na frente pela sua maior experiência mas a ansiedade falou mais alto e esqueci deste detalhe, o fato é que eu estava indo bem, a empolgação aumentando, as pedaleiras da Camila raspavam o asfalto com vontade e a sequencia de curvas não dá tempo para voce respirar. São 11 milhas, mas sem nenhuma folga entre as 318 curvas: redução, olhar, contra-esterço, aceleração e já outra curva lhe esperando. Eu ia na frente, logo em seguida vinha o Cyro e atrás dele uma moto com um casal (só depois é que fui saber). O fato é que na última milha errei uma curva, e era uma curva para a direita onde, apesar de estar com giro alto e ter fechado o punho, a velocidade ainda era superior à indicada. Com isso invadi a contra-mão e dei uma sorte enorme de não vir nada em sentido contrário (não me perguntem o que faria se viesse um corro ou uma moto pois não sei). O ponto positivo disto, se é que se pode chamar assim, foi que não desisti da curva e acabei trazendo a moto para a mão, arrastando tudo, conseguindo concluir a curva. Mais algumas curvas, o coração voltando à normalidade e entramos no estacionamento de Deals Gap. Paramos os três bem próximos e ví que o Cyro dirigiu-se para a mulher que estava na garupa da moto que estava atrás dele e rindo comentou que eu tinha errado uma curva, ao que ela respondeu: “- Foi mesmo ? Não vi nada fechei os olhos quando sai e só abri agora !”

A marcha para o Oeste - Viagem de moto pelos Estados Unidos

Naturalmente que após este evento, enquanto voltávamos vinha praticando algumas dicas que o Cyro me passou. As coisas ficaram bem melhores e vinha pensando comigo mesmo: “- Em 2013 eu pego esse Dragão pelo rabo ou não me chamo Hélio”.

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E agora, com a chuva atrapalhando meus planos, eu estava frustradíssimo e de mau humor. No dia seguinte à nossa chegada além da chuva baixou uma cerração tão densa que dava para cortar com uma faca. Nada a fazer a não ser frequentar uma lanchonete onde o Cyro fez amizade com o dono, que era um tremendo boa praça e adorava motocicletas. Tempo se esgotando, hora de ir embora e a chuva dá uma parada, embora com um pouco de cerração. Viro para o Cyro e pergunto, vamos dar uma passadinha no Dragão ? Só para olhar ? Chegando lá (a umas 8 milhas de distancia) o sol abrindo e o chão seco me convidavam. Nem esperei o Cyro, conversei com a Helo e lá fomos nós. 2ª. E 3ª. marchas sem usar freio, RPMs no mínimo a 3.500, concentração total, peso no pé do lado interno da curva, mão esquerda “cobrindo” manete de embreagem, ponta do pé esquerdo em cima do pedal do cambio para a eventualidade de precisar jogar uma marcha mais baixa (nunca a 1ª. pois o risco de ficar em neutro é grande) e a Helô bailando que era uma beleza desmentindo boateiros que dizem que HD não faz curva. A verdade é que lavei a alma, voltei encharcado de suor mas rindo a toa com o trabalho realizado. Agora vamos esquecer isto e voltar a pilotar com juízo. Tail of the Dragon é só uma vez por ano. É o único pecadinho a que me permito.

A marcha para o Oeste - Viagem de moto pelos Estados Unidos

Essas fotos são feitas por profissionais que ficam em locais estratégicos e com máquinas dotadas de lentes com zoom poderosíssimos permitindo uma resolução acima da média, tanto é que tive de reduzi-las para que o blog as aceitassem.

Interessante notar na última foto, em que foi ampliado apenas a região do conta-giros da Helô que ele está marcando 3.500 RPM no meio da curva. Acho que ficou bem didático. Entrar em curvas acentuadas ou que você não conheça com giro baixo é procurar problema.

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