Fechei minha conta no Excalibur, em Las Vegas, cuja reserva iria até amanhã, porém, não aguentei mais. Las Vegas, para mim, são 3 dias no máximo e depois é pé na estrada. Muitas luzes, muito cigarro, muito jogo, muita gente e pouca moto.
Ontem à noite, deixei toda a tralha amarrada na moto e mantive-a coberta com a capa no estacionamento do hotel. Fiquei meio preocupado e toda hora olhava pela janela, mas eu estava na Torre 1 que, embora tenha uma linda vista, não alcança o estacionamento.
Procedimentos de partida efetuados, liguei a Helô, deixei-a aquecer um pouco e depois foi só seguir o GPS que estava “setado” para Barstow, California. Um pulo, coisa de 160 milhas, porém, atravessando o deserto de Nevada e depois o de Mojave com temperaturas acima de 40 graus.
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No caminho fui matutando, por que Califórnia ? A verdade é que embora eu não seja adepto de desafios e muito menos queira inscrever meu nome no Guiness Book (por favor entendam, não tenho nada contra quem assim o faz), quando encontrei os canadenses na divisa de Utah com Nevada, eles viram a placa da minha moto (Virginia) e perguntaram se eu tinha vindo rodando com ela. Claro, respondi. Então eles me falaram que era uma longa viagem e que eu quase tinha feito um “Coast to Coast”, só faltava ir à Califórnia. Aquilo ficou martelando na minha cabeça, mas ao mesmo tempo não encontrava justificativa nenhuma para ir à Califórnia. De repente, lembrei-me de Barstow e do Bagdad Café onde deixei uma camisa autografada do Gato Cansado em outubro de 2010, bem como um adesivo logo na porta de entrada. Será que eles ainda estariam lá ? Pronto, essa era uma questão transcendental e merecia uma ida ao tal de Bagdad Café, que fica em Newberry Springs. Isso sem falar no melhor da Route 66, umas cidadezinhas fantasmas que pedem para ser fotografadas. “Missão dada, missão cumprida!”, como diz o meu amigo Tanure. E assim, parti para a Califórnia e mais um estado foi conquistado.
Agora, fronteira ultrapassada, vamos ver se acho o Bagdad Café. Quando vim em 2010, encontrei-o seguindo um mapa. Agora, disponho dessa modernidade chamada GPS, do qual tirei a voz por não aguentar mais aquela “vaca” me enchendo o saco ! Diz ele, o GPS, que sabe onde é, vamos ver.
O calor está absurdo e, de repente, vejo um antigo mercado no meio do nada, deve ser mais um remanescente da velha 66. Embico para lá, atravesso um “mata-burro” (consegui e não morri) e o local realmente parou no tempo. Quando tirei o capacete, um coroa, que parecia o dono, levou-me até um chuveiro do lado de fora e falou para eu molhar a cabeça. Pra que? Tirei o casaco de verão a carteira do bolso e entrei debaixo do chuveiro com calça e bota. A impressão é que saia até fumaça da calça. Depois, foi entrar, tinha ar condicionado, e beber um litro d’água bem devagarinho. Antes de ir embora, ainda tirei umas fotos da entrada daquele “point”, do qual jamais esquecerei pela gloriosa chuveirada.
Eis que o GPS me coloca direitinho na porta do Bagdad Café.
Mas e a camisa, ainda estaria lá ? E o adesivo na porta de entrada do afamado estabelecimento ?
Beleza, aproveitei para colocar um mais novo e também o adesivo do Moto Clube Asas da Liberdade de Cabo Frio, em homenagem a um amigo que batalha para viabilizar seu Moto Clube.
Entrei no estabelecimento e comecei a procurar as camisas e nada. O que o dono do Bagdad Café fez, como eram muitas camisas, ele dobrou-as e grampeou-as na parede. De repente bato o olho e lá está a lendária camisa do “Gato Cansado”, bem próxima a uma bandeira brasileira pregada no teto.
Fiquei tão entusiasmado que toquei o hino do Botafogo ao piano. Quando o cara viu o pavilhão alvi-negro com a gloriosa estrela solitária fez de tudo para compra-lo. Prometi levar uma autografada no próximo ano. Já tenho uma desculpa para voltar a Newsberry Springs (CA).
Depois disso, ele tirou a camisa da parede e perguntou se eu queria leva-la. Claro que não, respondi, quero apenas colocar o nome de 3 pessoas fundamentais em minha vida. Ele trouxe-me a caneta apropriada e coloquei o nome das 3 netas bem como um autografo atualizado e a data. Vai que uma das minhas netas tenha o meu DNA e cisme de ver se a camisa ainda está lá.
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Dali, foi seguir em direção a Barstow, mas passando por lugares fundamentais. Locais por onde passou a verdadeira e única Route 66. Enquanto curtia os pedaços que, na minha imaginação, ia juntando e formando um quadro daquela época, eis que recebo mais um presente: a buzina de um trem passando bem ao lado de onde eu estava. Emocionante para aqueles que curtem, coxisse para os malvadões e perdoável em velhos malucos.
Estou em Bartstow, cansado e pronto para jantar e dormir, mas garanto a vocês, valeu a pena. Aliás, sempre vale quando você está de olhos abertos, ouvidos aguçados e a boca fechada…
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