El Dorado (AR) – Vicksburg (MI)

Novamente acordei antes das 6 (estou ficando bom nisso, o que me preocupa, pois acordar cedo é coisa de velho). De qualquer forma, valeu a pena, tomei café no quarto mesmo, já que ontem à tarde comprei algumas coisas mais compatíveis com nosso desjejum do que aqueles pães doces besuntados de uma geleia feita de óleo do diferencial de Opala 74.

Não esqueci nada e deixei o GPS desligado. Hoje eu iria ditar o rumo com base nas minhas observações e nas minhas consultas ao guugou ontem à noite. Descobri que a 82 no sentido Est iria, em algum momento e eu assim esperava, encontrar com a 61, a “The Missipi Blues Trail”. Essa estrada tem toda uma história e foi utilizada por aqueles que queriam descer até o Delta do Mississípi e se transformar em um “Blues Man” ou partir para um dos ramos do Blues.

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Foi assim com o maior de todos, o lendário Robert Johnson. Embora tenha gravado apenas 29 músicas e morrido com 27 anos, é considerado pelos seus pares como aquele que deu uma personalidade ao Blues e recebeu a alcunha de “King of the Delta Blues Singers”. Diz a lenda que ele fez um pacto com o diabo na encruzilhada da 61 com a 49. Na realidade, trata-se apenas de uma história inventada por um despeitado blues-man.

Mas a própria 82 mostrou-se uma estrada muito melhor do que qualquer outra que a bosta do GPS queria me “vender” (vou acabar jogando fora essa invenção de ateus). Logo cedo, ainda meio no lusco-fusco, o sol com uma preguiça danada, passo por um trecho e resolvo fazer umas fotos, afinal ontem fiquei devendo.

Marcha para o Oeste

Quando fui me aproximando da divisa do Arkansas com o Mississípi avistei o rio Mississípi. Apesar de ter chegado logo após uma tempestade, via-se restos de galhos de árvores pelas ruas bem como painéis derrubados pelo vento, a beleza e a placidez do rio dominavam a paisagem. Procurei um local para estacionar a moto e fazer as fotos, já que não uso o acostamento para isso. Prefiro dar uma margem de segurança além de não dar motivo para os policiais me multarem. Ainda assim, no momento em que estava preparando a máquina, um carro da polícia parou entre as faixas amarelas que dividem as pistas, mas apenas para me perguntar se estava tudo bem. Sim estava e aproveitei para fazer uma foto dele indo embora.

Marcha para o Oeste

Andando um pouco mais, cruzo uma bela ponte estaiada e fico na expectativa da placa de boas vindas do Mississípi. Não demorou muito e lá estava ela, prontinha para ser fotografada, mas guardando uma desagradável surpresa.

Marcha para o Oeste

Terminei as fotos, montei na moto e começo a rodar, de repente vejo o “Visitor Center” e resolvo parar ao mesmo tempo em que sinto uma ferroada no joelho que quase caio da moto (eu estava manobrando para estacionar). Desço da moto, mais caí do que desci e olho para minha calça coalhada de formigas. Eu tinha parado em cima de um formigueiro e como estou usando bota de cano alto levou algum tempo até elas “escalarem” e chegarem na minha perna. Corri para o banheiro pulando que nem saci, tirei as calças, botas e meias e por sorte o banheiro estava vazio. Quando voltei para o estacionamento a senhora que estava tirando fotos com as filhas já tinha sumido.

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Após fazer as fotos, sai ao encontro da 61 e foi muito fácil encontra-la, é só seguir a Est 82 que ela cruza com a South 61, pelo menos era isso que eu vinha repetindo para mim mesmo desde que tinha saído de El Dorado, com medo de errar e dar “moral” ao tal de GPS e da maluca faladeira.

Daí para a frente foi só festa, a 61 corre paralelamente ao Rio Mississípi em toda a sua extensão, atravessando pequenos condados,áreas de plantações e algumas velhas casas abandonadas, típicas da região.

Com muita folga, por volta de 1 hora da tarde, cheguei a Vicksburg, onde pretendo visitar o museu da Guerra Civil amanhã, fazendo o Road Tour (se a previsão estiver errada e não chover).

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