Um desafio chamado ” The Snake “

Embora eu não seja um fervoroso seguidor de guias e catálogos, esse trecho da 421 é um dos mais badalados no meio motociclistico. Realmente ele reune características que o tornam um verdadeiro parque de diversões para quem gosta de viagem de moto. Vejam só: atravessa a Cherokee National Forest, cruza duas montanhas, corta os dois vales formados por elas (Shaddy Valley e Holston Valley) e ainda por cima contorna um lago ao seu final.

A parte gostosa, no entanto, é o seu traçado com curvas de todos os tipos, subindo e descendo. Complementado por uma pavimentação excelente e com curvas compensadas (mais alta na parte externa).

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O problema (ou o gostoso) é que são curvas quase que em sequência. E são muitas curvas exigindo muita “mão de obra”. Você não tem tempo para relaxar. Apesar da sinalização ajudar um bocado, na maioria das vezes você não tem noção do que o espera ao entrar numa curva. Por isso, toda a atenção é necessária, qualquer descuido as coisas se complicam terrivelmente, até por que não existe guard-rail e a topografia é semelhante ao Rabo do Dragão, barranco de um lado ribanceira do outro. Não dá para fazer presepada. Tem que respeitar, principalmente em dias como o de hoje em que não havia movimento quase nenhum. Cruzei apenas com duas motos (juntas) e o Michael e Cris (mais à frente vocês saberão quem são) que iam na mesma direção. Se caio numa ribanceira daquelas ninguém vai descobrir… Mas a velocidade em que fui, poupando a pobre Helo, deixou a companhia de seguros bem tranquila…

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Country Store – Shady Valley

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Na descida da primeira montanha, a mais difícil, a gente se depara com um vale tranquilo, quase que totalmente despovoado, à exceção de uma meia duzia de ranchos esparsos. Na metade do vale, à direita, uma placa que é o marco da The Snake. Ao lado, um empório. Ao entrarmos temos certeza de estar voltando uns dois séculos no tempo.

O tal de Country Store vende de tudo, roupas, pedras semi-preciosa, cocares de indios, CDs de música country, sanduiches, tira-gostos diversos, cervejas, pilhas, ingressos para o metrô, enfim, uma loucura total, mas tudo isto em um clima daqueles saloons do velho oeste. A decoração é de uma cafonice gloriosa com balanças, caixa registradora e até as garçonetes do inicio do seculo passado. Só não tirei fotos porque a bateria da máquina estava indo pro saco. Mas terei que voltar por aqui e tiro as fotos que fiquei devendo. Vai valer a pena, o lugar é imperdível. Lembrei de meu sobrinho Mario Coutinho, quando vi uma bomba de gasolina antiquíssima no meio do salão. Uma hora a gente descola uma.

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Essa foto, no marco da The Snake, é uma tradição e no meu caso, além do orgulho, serviu para lembrar-me daqueles que de alguma forma ajudaram a realiza-la: Mario Coutinho, Rodrigo De Rezende Cabral, Leozinho, Fernando Tanure, Cyro Franca, Dotô Badá da Lapa, Chick (Ride Like a Pro de LA), os instrutores do MSF (Virginia e Colorado) e muitos outros que a memoria, já pegando no tranco, me deixa na mão.

Coincidências que, sem provas, dirão que é mentira

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Como acabei de receber um e-mail do Michael e respondi enviando as fotos para ele e a Cris (e melhorei da enxaqueca) achei que voces teriam o direito de compartilhar dessa incrível coincidência. Como falei antes, tive que fazer a tal de The Snake com cuidado para não forçar a Helô. Nada de reduzidas, giros muito altos, etc… Mas a danada da estrada é tão bonita que resolvi parar e fazer umas fotos para vocês. Eu estava terminando a atividade quando ouço uma moto, algumas curvas abaixo, subindo e seu piloto tirava tudo que o motor tinha pra dar. Era uma beleza “ouvir” o trabalho do piloto reduzindo, fazendo a curva e acelerando na retomada. Daria tempo de sair na frente dele, mas resolvi ficar e fazer uma foto daquele “solista”. Além do mais o ritmo em que eu estava acabaria por prejudica-lo. Quando a moto apontou na curva, esperei um pouco até ela ficar no enquadramento que eu queria e cliquei torcendo para dar certo. No momento em que eles iam passando por nós (eu e a Helô), a mulher que ia na garupa quase que ficou em pé, com os braços bem abertos e exclamou: “- Brasileiro !”, e isso num perfeito português….

Descobrir que tinha brasileiro na parada foi fácil pois o auri-verde pendão está devidamente preso na bolsa traseira da Helô. Mais tarde, na tradicional parada no empório que é um point da “Snake”, encontrei os dois: ele americano, pilotando uma Victory, e ela brasileira de São Paulo.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Batemos um papo, ela feliz por poder falar português (eu idém) ele sem entender nada. No final trocamos e-mails, ele acabou de me escrever e eu repondi enviando as fotos. Ou o mundo está ficando cada vez menor ou os brasileiros estão se espalhando por ele. Ou os dois.

Hoje não vai dar

Aos amigos e colegas que acompanham as insanidades que posto aqui minhas desculpas, mas não tenho cabeça no momento para escrever nada além deste post.

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Ontem ao chegar em Mountain City já havia percebido um barulho estranho na Helô. Hoje pela manhã abri a janela de inspeção da tampa da primaria e vi que a corrente estava muito frouxa. Fiz o aperto e melhorou alguma coisa. Como só tinha um dealer da Harley-Davidson em Bristol, a 34 milhas e pelo tal de “The Snake”, não tive alternativa senão seguir em frente pilotando da forma mais conservadora possível. Consegui chegar e levei a moto na concessionária e o técnico acha ( e eu também já desconfiava) que o esticador da corrente dos eixos de cames (comando de válvulas) foi para o vinagre. Além disso, estrago poderia ter sido grande, a ponto de condenar o motor. Eles me trouxeram para o hotel, foram super atenciosos, e amanhã vão desmontar o motor para ver a extensão do dano e entrar em contato comigo. Enquanto isso ficarei aguardando no hotel.

O duro foi sair da Harley-Davidson e deixar a Helô para trás…

De qualquer forma, nessas horas lembro sempre de um ditado de um cabo velho com quem servi na Força Aérea: “Um artista não se impressiona com facilidade!”. Até hoje não sei que merda é essa, mas é meu grito de guerra… deve ser algo como “a gente enverga, mas não quebra”.

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