San Juan National Forest

Walsenburg (CO) – Durango (CO) – 26 de junho

Ontem dormi cedo, mas deixei a bagagem toda preparada. Hoje, foi só acordar, tomar banho, fazer a barba (a Helô merece), arrumar a bagagem, abastecer no posto ao lado, aproveitando para um desjejum bem pilantra: aquele café aguado com uma rosca besuntada de um creme açucarado.

Depois disso, pé na estrada para continuar minha viagem de moto pelos Estados Unidos. Embora o dia estivesse lindo, fazia frio, exigindo a jaqueta de couro. A estrada, para variar, é ótima e, logo na saída, a paisagem começa a mudar. Ao invés daquelas imensas planícies onde você vê o horizonte em qualquer direção que olhe, continuava numa imensa planície, porém cercado de cadeias de montanhas ao longe por todos os lados. Era como se você estivesse na cratera de um imenso vulcão. Claro que isso me obrigava a parar para as fotos de praxe, afinal a natureza veio trabalhando bilhões de anos (sem adendos ao contrato nem superfaturamentos, diga-se) especialmente para o momento de minha passagem e eu vou ignorar isso ? De forma alguma, seria uma desfeita inominável.

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Parei, fiz as fotos, me emocionei, lembrei de parentes, amigos e de todos que acompanham minhas loucuras e agradeci a Quem de direito pelo presente único e personalizado.

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Como dobrar o tempo de uma viagem sem se estressar…

A estrada que liga Wasenburg a Durango é a 160. São cerca de 220 milhas passando por uma série de pequenas cidades. Normalmente é uma viagem para 4 horas, considerando a velocidade máxima de 65 milhas (fora o tal arredondamento que eu inventei), parada para reabastecimento e redução de velocidade cruzando as tais cidadezinhas. O problema é que você vai perder muito, talvez o mais importante, da viagem que é encontrar e entrar no clima da região onde você está passando. A estrada já ajuda pois tem curvas que jamais deixarão você se esquecer de que está pilotando uma moto, ao contrário das grandes Highways, com suas retas intermináveis e que, após algum tempo, você nem se dá conta de que está sobre uma motocicleta. Curvas pois, muitas curvas, são elas que nos mantém focados e que nos fazem sentir a magia de pilotar uma motocicleta no limite do equilíbrio. Bem, isso são devaneios de um velho metido a motoqueiro, o que interessa é que a 160, além dessas curvas e de uma paisagem linda, permite que você admire essas pequenas cidades pois a Main Street de todas elas é a própria 160. Como a velocidade máxima nas cidades é 25 milhas, você tem tempo de admirar o centro de cada uma delas. Assim foi que parei em Alamosa, cidade com grande influencia mexicana, para fazer algumas fotos.

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San Juan National Forest

Região entre South Fork (CO) e Durango (CO)

Meus amigos, só por este trecho da estrada já se justificaria a viagem. A vontade de parar a todo momento é muito grande, porém nem sempre há um acostamento nos locais que desejamos. De qualquer forma tentei, com minha desconjuntada Sony e sem entender nada de fotografia (vou fazer um curso urgente), registrar para vocês as melhores tomadas que consegui.

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Este rio correndo em paralelo à estrada forma, em alguns locais, imensos lagos, uma pena que não tive como parar para registrar. O frio estava brabo, mas eu, preguiçoso de marca, não quis desamarrar a bagagem para pegar a jaqueta que já havia guardado. A opção mais fácil era o velho Jack, mas fiquei com medo da Lei Seca.

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Comecei a perceber que estava com alguma dificuldade para retomar o fôlego depois que corria para as fotos. Sabem como é né, regula o tripé na altura adequada, focaliza a câmera, coloca os 10 segundos no “self-timer” e sai numa desabalada carreira após apertar o botão de disparo. Tudo bem que não tenho feito exercícios e vivo mais sentado e deitado do que de pé, mas hoje a coisa estava pior. Acontece que eu estava subindo, e subindo sem perceber, de repente noto a Helô pedindo marcha e só então me dou conta de quão íngreme é a subida. Virei o GPS para a modalidade “mostradores em profusão” e vejo no altímetro que estou a mais de 3.000 metros de altitude ! Cacetete, agora que os 3 cateterismos vão para o brejo, pensei na hora. Porém não tinha mais o que fazer, seguir em frente era a única alternativa. Pus-me a respirar como um atleta, aspirando pelo nariz e expirando pela boca. Liguei os faróis auxiliares da Helô (acredito que aumente a carga de energia positiva ao nosso redor) e continuei rodando e acompanhando o altímetro. Quando ele estava próximo de 11.000 pés vi uma placa anunciado a área para os caminhões testarem os freios. Tínhamos chegado ao ponto culminante.

Parei a moto perto do marco, e comecei a fazer as fotos regulamentares.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Logo em seguida chegou um grupo que vinha em sentido contrário. No início uma certa cerimônia, mas quando viram o nome Brasil na Helô o papo rolou solto e amigável.

Na hora das despedidas ainda fizemos uma foto juntos, trocamos e-mails, apertos de mãos, abraços e recomendações para que eu me cuidasse.

Um deles ainda mandou: “-Ride safe, gringo !“………É, aqui o gringo sou eu.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Firmando o caráter” em terras gringas !

Deixei os “gringos” para trás e iniciei a descida da serra. Muitas curvas, naturalmente, mas nada que chegue perto da Serra do Rio do Rastro ou mesmo da Serra de Mauá (RJ). Por outro lado, pavimentação, sinalização e um visual de se tirar o chapéu.

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Quase ao final, no último “overlook”, parei para comemorar, fazendo algumas fotos.

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e, já que estava a um passo de Durango, bem discretamente, abri uma garrafinha “profissional” do velho Jack e fui obrigado a “firmar o caráter” em homenagem ao belíssimo dia que tive.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Foi o primeiro “pecado” de uma enorme lista que viria pela frente.

Viagem de moto pelos Estados Unidos


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