Route 58

Buttonwillow (CA) – San Simeon (CA) – 6 de julho

Após 2 dias descansando arrumei a tralha em cima da Helô e botamos os pés e as rodas na estrada. Como saí às 7h30 ainda estava fresco, quase frio na realidade, mas o tempo estava aberto e eu sabia que dentro em pouco iriam ligar o forno. Nem me animei a colocar a jaqueta de couro.

O plano do dia era pegar a US-58, que liga McKittrick (a 16 milhas de onde eu estava) a Santa Margarita. Essa estrada também está entre a 15 “top”, segundo a AMA. Além de estar na lista das 15 melhoras rotas para motocicletas dos Estados Unidos, ela evita as grandes e tradicionais Highways, o que é ótimo. Na entrada da 58 já tem um aviso que desencoraja muita gente: “Next services 70 miles”. Eu já saio com o tanque cheio e minha garrafa d’água, mas de qualquer forma, é uma realidade a considerar. Além das ferramentas (bastante) carrego também kit para conserto de pneus, spray para enche-los, bomba de encher manual, calibrador e alguns ítens diversos, claro que sempre pode acontecer algo mais grave, mas se formos pensar nisso nem levantamos da cama.

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O que torna mais crítica essa estrada não é apenas a ausência de guard-rails, mas a quase absoluta inexistência de trafégo. Nas 50 milhas iniciais cruzei apenas com um carro e mais nada. Por um lado é uma maravilha a sensação de isolamento, mas a estrada é um sobe e desce incrível, serpenteando em torno de montanhas, com curvas acentuadas, à beira de ribanceiras que acenam para os mais afoitos e se você não tiver juizo as consequências podem ser muito desagradáveis.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

De repente você “desagua” no California Valley e o tráfego começa a aparecer, ainda que de forma tímida. Valeu a pena embora, na minha opinião, ela não mereça ser uma das top 15. Valeu, não só pelo traçado, que apesar de exigir muita “mão de obra” é o que um motoqueiro busca, mas também pela gama de informação que a gente adquire. Eu vi algumas dessas máquinas (que parecem papagaios gigantes) de extrair petroleo paradas, quase em processo de deterioração, não via plantação alguma e ficava me perguntando em torno de que giraria a economia daquela região.

Em pouco tempo comecei a ter uma resposta: energia solar ! Atravessei um sem número de fazendas e ranchos com uma quantidade incrível daqueles painéis solares dispostos ordenadamente em áreas enormes. Uma coisa que realmente impressiona pelo porte. Pode ser que me engane, mas os gringos estão trabalhando com seriedade para modificar a matriz energética, além de reduzir a dependência da importação de petróleo.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Já no California Valley as coisa começam a falar meu idioma: vinicultura ! Uma coisa linda ver o trabalho de plantio. A coisa é feita com extremo capricho, mas não ficamos atrás nessa área não. Quem conhece nossas vinícolas sabe muito bem disso. Mas o melhor de tudo é a tal da degustação. Todas as vinícolas tem placas na estrada convidando para dar uma “firmada de caráter”. A Helô não gostou nada quando entrei em uma delas, mas eu prometi que iria apenas olhar como era a coisa. Eu menti, claro. Dei uma talagada meio desconfortável pois o nome do vinho deu medo: “Heroe”, além do rótulo ser a cara de um cachaceiro (não, deixem de ser maldosos, não era elle não).

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Depois dessa não quis mais correr o risco e fui direto para San Simeon pegando a famosa US-1. E foi quando vi o Pacífico.

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E as saudades de Cabo Frio bateram mais forte. Mas vida de motoqueiro é assim mesmo, sorrindo o tempo todo e de vez em quando limpando um cisco que teima em incomodar a vista.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

San simeon e a incrível Colina Encantada

Chegando ao hotel, em San Simeon, a notícia que quarto só daí a 3 horas. Não conversei, tomei o rumo da Castle Road, a 3 milhas do hotel. Meus amigos, é algo que impressiona mesmo. Merece um capítulo específico. Trata-se de um castelo (castelo mesmo) construído por William Randolph Hearst (morto em 1951), fundador de um dos maiores impérios de editoras e mídias dos Estados Unidos: 26 jornais, 13 revistas nacionais, 8 estações de rádio entre outros empreendimentos na área, além de ter produzido mais de 100 filmes. Ele colecionava obras de arte de todas as partes do mundo e começou o projeto do castelo, a que deu o nome de “La Cuesta Encantada” (A Colina Encantada) em 1919, cuja conclusão ocorreu em 1947. O trabalho foi da arquiteta Julia Morgan. 6 anos após a morte de Hearst, em 1957, a Hearst Corporation doou o Castelo Hearst para o Departamento de Parques e Recreação da California com todo o acervo de obras de arte incluído.

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