Route-36 – uma estrada incrível

Eureka (CA) – Red Bluff (CA) – 9 de julho

Uma das coisas que aprendi, em relação a numeração das estradas americanas, é que aquelas que correm no sentido North-South são representadas por números ímpares e as no sentido Est-West por números pares. A Route 36 liga a 101 à 5 atravessando de lado a lado a Shasta-Trinity National Forest que é como se fora a continuação da Mendocino National Forest. São quase 150 milhas de uma das melhores estradas para motocicletas da California que conheço.

Valeu a pena ouvir as sugestões do Rodrigo Cabral, consultar o site das TOP 15 que o Carlos Schaeffer me enviou e a conversa com o Dotô Badá Barreto. Não adianta querer bancar o sabichão, temos de estar atentos às sugestões daqueles que curtem motocicletas e tem olhos de águia para descobrir locais onde essas máquinas maravilhosas se sentem à vontade.

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A verdade é que a 36 é uma espécie de montanha russa, principalmente a metade mais próxima a Red Bluff. Você experimenta subidas e descidas a todo o momento. Curvas nem se fala. Não existe tempo para você relaxar e apreciar o visual.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Já a metade mais próxima a Eureka atravessa a Shasta-Trinity National Forest, um dos visuais mais incríveis que vi entre todas as estradas por que passei. Você atravessa uma floresta com a estrada serpenteando por entre sequóias gigantes. Em algumas curvas, no ponto de tangência, o retrovisor passa bem junto delas e essa proximidade, no começo, assusta e intimida. O grande problema que a beleza do local traz é você não saber se pilota ou aprecia o visual, o que é muito, muito perigoso. Resolvi parar quando visse um local especialmente bonito, curti-lo e tirar fotos, mas a cada curva surgia um cenário mais bonito do que o anterior, até chegar ao ponto em que decidi não mais parar e curtir unicamente a pilotagem, afinal foi para isso que viajei até ali.

Bem verdade que estava com um pouco de medo. Já explico: o rio que corre ao lado da 36 na área da floresta, onde os ursos pescam os salmões e trutas que nadam subindo para desovar, estava com um filete d’água e isso deve deixar os ursos com fome. Por vias das dúvidas, durante as fotos, o motor da Helô ficava ligado para qualquer eventualidade.

Depois que abandonei as fotos e me dediquei a pilotar passei a me concentrar em fazer curvas o mais redondas possíveis, usando o mínimo, ou não usando na maioria das vezes, o freio. Só mantendo as rotações em um regime que nem force o motor, mas que tenha “tesão” suficiente para segurar a moto quando fecho o punho. Em um trecho, que lembrava muito o Rabo do Dragão, uma camionete da manutenção da estrada, cujo motorista já tinha batido um papo comigo numa parada, ficou atrás de mim. Como eu não usava freio, só reduzia ou apenas fechava o punho antes da curva, ele se aproximava pois vinha com tudo e freava com vontade em cima. Acontece que eu saia mais forte do que ele nas curvas (o carro dele era automático) e abria distância, porém vinha uma curva logo em seguida e ele voltava a se aproximar, mas cada vez menos, até que desistiu. Foi um pouco de criancice minha, mas não passei do meu limite, apenas deixei uma margem de 10 % ao invés dos 30 % tradicionais. Por outro lado, o cara estava logo ali, qualquer “vaca” ele iria ver e parar.

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Os maiores riscos da 36 são, além do traçado exigir toda sua habilidade durante 3 a 4 horas, ter pouco trânsito em dias de semana, muitas áreas sem guard-rail, não ter sinal de celular e ursos. Um péssimo local para você ter problemas.

A sinalização também é terrível na metade próxima a Red Bluff, ela só diz que a velocidade máxima são 55 milhas, mas muitas das curvas não tem nenhuma indicação ou aviso. E isso em curvas de 180 graus ! A atenção tem que ser redobrada tentando adivinhar o que vem pela frente através de marcas de freio no asfalto, procurando a continuidade da estrada para calcular o angulo, 3 dedos da mão esquerda “cobrindo” a manete de embreagem, pé por cima do pedal do câmbio pronto para uma rápida redução se a curva o exigir e, principalmente, motor “cheio” para qualquer eventualidade. Tudo isso com sol a pino e temperatura na casa dos 40 graus. O desgaste é grande, podem ter certeza. Porém, pesando tudo diretinho eu diria que foi uma das melhores estradas para motocicleta em que já pilotei. Faria novamente sem sombra de dúvida.

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