Outra das 15 estradas TOP dos Estados Unidos – Lolo Pass

Clarkston (WA) – Missoula (MT) – 14 de julho

Essa também estava planejada, afinal montei meu roteiro de forma a abranger o maior número possível de roteiros tipicamente motociclísticos dos Estados Unidos, onde o prazer da pilotagem encontre um cenário à altura. Foi assim que o Lolo Pass entrou na seleção.

O nome foi dado a uma passagem nas montanhas, entre Idaho e Montana, por onde o famoso Chief Joseph, líder dos Nez-Perce, levou sua tribo em uma retirada de 1.400 milhas perseguido por 2.000 homens do exército americano. Considerando que a tribo era composta de 700 pessoas e apenas 200 eram guerreiros, usando táticas sofisticadas, durante 3 meses enfrentaram 4 grandes batalhas e diversas escaramuças o que levou o General Sherman a declarar que aquela foi uma das mais brilhantes manobras militares da história americana. O início da confusão foi, como não poderia deixar de ser, a descoberta de ouro no território dos Nez-Perce, levando o governo americano a descumprir o tratado com eles. Hoje esse chefe é um dos ícones na história da conquista do oeste americano. No Visitor Center do Lolo Pass existe uma ala dedicada a ele. Aliás não apenas ele, mas vários dos grandes chefes indígenas são hoje considerados heróis e cultuados como tal pelos americanos.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Mas o nosso assunto é moto e foi o que mais vi na estrada, aliás moto e um belíssimo rio que nos acompanhou por mais de 100 milhas das 200 do roteiro. Você sai de Clarkston em Washington e já, do outro lado da rua, está entrando em Idaho onde pega a Route US-12 em território dos Nez-Perce.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Paralelo à estrada, do lado esquerdo da moto, tranquilamente, desce o Clearwater River. No início, fui fazendo fotos com a mão esquerda, mas a estrada pede para você se dedicar à pilotagem, não só pelo atenção, mas pelo prazer que ela proporciona a quem curte uma motocicleta.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

A estrada é muito boa mesmo. Para variar, o famoso cuidado com o combustível, pois tem um trecho de quase 80 milhas sem posto de gasolina. O negócio é abastecer sempre que possível. Por outro lado, é comum encontraráreas de descanso com banheiros, sombras e onde se concentram os bikers. Todos se cumprimentam, alguns que percebiam que eu era brasileiro puxavam conversa e até mesmo um mexicano veio tirar sarro com minha cara: “-Quatro años más tendrá que esperar”, ele me disse. Na mesma hora mandei na lata: “-No hay problema, tenemos 5” e mostrei a mão espalmada para ele com os dedos bem separados para não haver dúvida. Mas isso faz parte, ele levou numa boa.

Nessas paradas duas coisas também chamam a atenção: a primeira é a idade média da turma: acima dos 60 anos fácil. Em alguns momentos eu me senti um garoto. Sem exagero, tinha gente na casa dos 80 ! E isso, além de impressionar, me deu uma alegria incrível. Só não sei se os filhos vão compartilhar dessa alegria. O outro aspecto que chamou a atenção, mais do que no ano passado, foi a quantidade de mulheres pilotando HD, especialmente as Tourings. Coisa de louco, senhoras já entradas na casa dos 50 fazendo dupla com o marido, também com uma Touring. Coisa bonita de se ver.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Foi uma viagem daquelas que ficam gravadas para sempre em nossa memória. De vez em quando vem a imagem de um trecho onde o Clearwater se apressava formando pequenas corredeiras onde o pessoal fazia “rafting” e eu quase saia da estrada tentando ver as coxas das gringas (com todo o respeito, naturalmente).

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Depois que você chega ao alto do morro e atravessa o Lolo Pass, entrando em Montana, a estrada fica mais fácil, embora seja a descida da serra, com a velocidade máxima de 70 milhas. Isso já dá uma idéia das curvas bem abertas e com ótima visibilidade durante toda a descida. Interessante é que logo no início da descida tem um aviso dizendo que as marcas brancas (na realidade pequenas cruzes brancas em um suporte espetadas no acostamento) eram locais de acidentes fatais. Não contei pois o visual e as tomadas de curva justificavam muito mais minha atenção do que uma contagem mórbida.

Cheguei cansado e com dor de cabeça pois fiquei muito tempo sem comer, me esqueci. Coisa de velho esclerosado.

{gallery}1214/rotas/lolo{/gallery}


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Para adquirir os livros abaixo, acesse o site do autor: romuloprovetti.com

Livro A caminho do céu - uma viagem de moto pelo Altiplano Andino
A caminho do Atacama
Livro sobre viagem de moto pelo Himalaia
Livro sobre viagem de moto até Ushuaia
Um brasileiro e uma moto no Himalaia indiano