Motociclistas não morrem, simplesmente desaparecem numa curva da estrada do poente !

Kissimmee (FL) – 1 de setembro

Agora que a viagem de moto pelos Estados Unidos chegou ao fim, já conheci as 15 melhores estradas americanas para percorrer com uma moto, os preparativos para a volta estão concluidos, a Helô de banho tomado e óleo trocado, dei-me ao luxo de ficar 2 dias num hotel, refletindo sobre esses três mágicos meses que acabei de viver.

Muitos me perguntam: “-Afinal, qual o objetivo de uma viagem de moto dessas, sozinho, longe de seu país, apenas vendo estrada à sua frente !”. A resposta é, para mim, muito fácil e engloba observações e reflexões que venho fazendo ao longo dos meus 71 anos de vida.

Antes de mais nada, viajar em grupo é muito interessante em viagens de pequena duração, porém o desgaste no relacionamento depois de alguns dias é fato.

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Por outro lado, não gosto de andar em grupos, evito ao máximo. E isso por um motivo muito simples, na minha “careta” opinião: quando fazendo parte de um grupo, você passa a pertencer a um coletivo com valores e comportamentos que podem não ser os seus.

Já vi gente pilotando à noite e na chuva, e sem a menor condição de fazê-lo, apenas por temer abandonar o grupo com o qual estava viajando. Já vi pessoas extremamente educadas repetindo xingamentos apenas porque o grupo assim o fazia. Agressões que jamais seriam cometidas individualmente, viram motivo de piada quando grupos dão vazão a ódios, racismos e preconceitos da minoria que o lidera. Já vi medrosos virarem valentões e, o pior, vejo diariamente grupos sendo utilizados como massa de manobra sem se dar conta disso. Principalmente agora que o conceito de “lados” ficou mais evidente através das redes sociais. Ou você é “bom” e está do meu lado, ou você é “mau” e faz parte do lado que pensa diferente de mim.

Outra vantagem de viajar “sozinho” é que você escolhe a companhia adequada àquele momento, considerando a paisagem, seu humor, as nuvens, o céu e outras alegorias que formam o ambiente perfeito para uma “conversa” com a pessoa escolhida, esteja ela no plano em que estiver. São momentos maravilhosos onde a energia dessas pessoas se faz tão forte que quase sentimos sua presença física. Tem sido muito bom, aliás tem sido excelente.

Nada se compara fazer uma curva para a direita, a plataforma quase raspando no asfalto, o contra-esterço na medida exata, o olhar adivinhando o ponto de saída, a Helô elegantemente inclinada, o motor cheio e sentir meu irmão falando: “-Beleza Hélio, agora enrosca o acelerador que vai ficar mais bonito ainda !”. Meu Deus, juro que fiz um monte de curvas com o sacana na minha garupa, chegava a “ouvir” sua risada maravilhosa.

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Mas falei, divaguei e acabei fugindo da resposta. Vamos lá, vou tentar explicar o que busco com essas viagens: Claro que pilotar uma motocicleta está entre os principais objetivos, mas existe o objetivo chave, aquele que entendo dar um sentido à minha vida: tornar nosso planeta um lugar melhor para se viver.

Para isso muitas coisas devem mudar, muita injustiça deve ser corrigida, muita miséria erradicada… enfim, uma série de medidas precisam urgentemente ser adotadas.

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O homem, vaidoso e arrogante como é, tem solução para todos esses problemas e outros que ele próprio ainda vai criar. E isto sem jamais ter estudado, mesmo que superficialmente, qualquer um deles. Mas descobri, depois de muito apanhar, que tenho enormes limitações. Descobri mais ainda, uma coisa chamada alçada: só posso modificar aquilo que conheço e que seja de minha alçada faze-lo. E se existe alguma coisa que conheço bem (ou deveria) e que consigo (se quiser) modificar: é um cidadão chamado Helio Rodrigues Silva. Esse é meu objetivo, aliás o é o de todos os “homens livres e de bons costumes” – cavar masmorras aos vícios e erigir templos às virtudes.

Piegas, pueril ! Chamem do que quiser, mas este é o meu objetivo: chegar ao fim da viagem um pouco melhor do que o Hélio que a começou !

Obrigado a todos e até à próxima !

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