Inspeção veicular na Terra de Marlboro

Whyteville (VA) – Mountain City (TN) – 9 e 10 de junho de 2014

Descobri que a concessionária Harley-Davidson não abria na segunda-feira. Como como tinha passado em frente a uma loja multimarcas, fui lá perguntar se faziam a inspeção veicular. Na mesma hora fui encaminhado para a oficina. Deixei a moto e o documento e fui apreciar as motos usadas.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Após uns 30 minutos apreciando as motos, vendo uma Goldwing 2013 mais barata do que uma 883 no Brasil, o gerente da oficina me procurou e entregou-me o comprovante da inspeção. Paguei 12 dólares e a moto já estava prontinha e com o selo no local (e que local miserável o primeiro dono escolheu!).

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Segui viagem sem ter que pagar DUDA, agendar a vistoria numa cidade a 40 Km de onde moro, entrar numa fila para correr o risco do computador estar fora do ar e outras gracinhas mais. Não falo isso para exaltar o sistema dos gringos, mas para mostrar que é fácil e é possível, mas nossa cultura cartorial, que vem do tempo em que D. João VI trouxe aquele monte de parasitas que formava sua corte e não sabiam fazer merda nenhuma – com raras exceções. Agora mesmo vemos, a cada governo que sucede a outro, a criação de milhares de cargos para colocar os seus próprios apaniguados. O pior é que são imbecis de pai e mãe e alguns motivadíssimos, o que é um perigo. Um incompetente motivado pode deflagrar a III Guerra Mundial. Melhor seria eles ficarem em casa, o prejuízo para a nação seria muito menor.

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Após estas brilhantes reflexões, tinha que decidir-me por uma direção a seguir em minha viagem de moto. Abri o mapa e vi que estava ao lado do Tennessee, e isso sempre é muito bom. O velho Jack, mulheres fogosas (não sei de onde tirei isso !) e estradas que são o sonho de qualquer motoqueiro que se preze. Resolvi então ir para Mountain City (TN), afinal já tinha ouvido falar na cidade e numa tal de 421 que atravessa o Cherokee National Forest até Holston Valley, num percurso com 489 curvas, 2 montanhas e 2 vales. Tudo isso num circuito de 33 milhas cujo nome é famoso no meio motociclistico: The Snake ! Logicamente o GPS foi instruído para evitar as estradas principais, mas ele foi além, de vez em quando ele “congelava” e me deixava perdido. Eu tinha que parar, desliga-lo e tornar a liga-lo. Com isso entrei e sai da Carolina do Norte umas três vezes até que encontrei o caminho certo, e que caminho ! São estradas que cortam florestas preservadas, com riachos sumindo em meio à vegetação, aparecendo após uma curva preguiçosa formando verdadeiros cartões postais. Acrescente-se a isso uma temperatura que me obrigava a colocar o casaco em algumas ocasiões, tornando a pilotagem extremamente confortável. O melhor de tudo é quando atravessamos um túnel de arvores, onde a temperatura é mais baixa ainda e, lá na frente, divisamos os raios de sol, prontos para nos aquecer, como se fossem os braços da mulher amada, esteja ela em que dimensão estiver…

Parada para saudar a natureza e agradecer ao Criador

Cruzando os limites de Mountain City deparei-me com um local especialmente simpático, tão sossegado que deu vontade de pisar naquela grama descalço. Por pouco não dou um mergulho naquelas águas, cristalinas e geladas, só de cueca (o legal mesmo seria peladão). Só não o fiz porque me lembrei do filme “Os motoqueiros selvagens”, vai que aparece aquele policial ? Já pensou ? Tô fora…

Viagem de moto pelos Estados Unidos

De qualquer forma valeu a pena, as estradas que o GPS descobriu para mim foram sensacionais. Cores, imagens e aromas que me permitiram resgatar momentos de um passado distante. Em uma ocasião, senti o cheiro de uma madeira que lembrou o primeiro pião que ganhei de meu pai. Na época eu morava em Marechal Hermes e ele comprou o pião numa quitanda próxima à estação. Depois, passei por uma área com um monte de pinheiros e senti perfeitamente o cheiro da arvore de Natal armada na casa dos meus avós (os italianos) na Rua Pacheco Jordão. Todos os filhos e netos presentes, uma festa italiana, com muita gritaria, choros e gargalhadas. Eu tinha uns 5 anos de idade, porém jamais esqueci o cheiro da arvore (acho que era natural). A partir de cada um desses eventos o encadeamento com outros era automático me lembrando pessoas, sorrisos, palavras, olhares e até mesmo determinados detalhes que marcaram um momento.

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Foi muito bom, alias sempre o é quando você pilota uma moto com o caráter e a personalidade da Helô, hoje Senadora da “Republica Descacetada do Bananão”.Whyteville (VA) – Mountain City (TN) – 9 e 10 de junho de 2014

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