Illinois e Missouri

Cruzei uma pequena parte do sul do estado de Illinois, terra de Abraham Lincoln. A cidade de Cairo, logo na divisa com o Kentucky, chamou minha atenção pelo aspecto decadente, com prédios e comércios abandonados, não se vê gente nas ruas, contrastando com todos os outros locais por onde venho passando, cujas economias estão em franca ascensão.

Aparentemente a economia da cidade é baseada na agro-pecuária e fatores climáticos podem tê-la afetado negativamente. A igreja católica de Saint Patrick se destaca numa paisagem de casas abandonadas e ruas desertas.

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Basta atravessar a ponte sobre o Mississippi e você esta no Missouri, na cidade de Cape Girardeau. Como o nome sugere, a influência francesa, além da espanhola, é muito forte. A cidade preserva mansões a beira do rio Mississippi e muitas estão abertas à visitação.

A cidade parece que tem no turismo sua maior fonte de renda, embora seja um importante porto comercial para as barcaças que sobem e descem o Mississippi. Rodei um pouco com a Helô, mas achei melhor estacioná-la e percorrer a pé, a despeito do calor, as ruas do centro com seus restaurantes e comércios em prédios antigos (os tais de tijolinhos vermelhos) cuidadosamente preservados. Pena que a bateria da câmera descarregou.

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Depois de um belo prato de massas e uma taça de vinho em uma simpática cantina italiana, uma caminhada e pé na estrada que o horizonte nos aguarda.

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Lá vai tio Hélio no 3º Socorro atender a um “Pavoroso”

O GPS levou-me por estradas sensacionais enquanto cruzava o Missouri. Não sei o nome dos locais nem me preocupei com isto, apenas curtia os vilarejos, o comércio bem peculiar e parecido com as “vendas” do interior das gerais da minha infância. A qualquer momento esperava encontrar o Luiz Toledo, com sua incrível paciência, aturando minhas diabruras e perturbando seus fregueses.

Como se fosse pouco, além do visual as estradinhas tinham curvas feitas para motociclistas mesmo, aquelas em que você contra-esterça com vontade e sente a danada lhe chamando para bailar e você que não aceite ! Vai “comprar um lote” bem longe de casa.

E foi assim, Valentino Rossi uma hora, Barrichelo na outra que saio de uma curva e vejo uns vultos vermelhos no acostamento à minha direita. Fui lá na frente, retornei e quando cheguei perto o coração disparou: carros de bombeiros! Esses gringos adoram carros de bombeiros também.

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Tudo bem que eram antigos, mas eu também sou antigo, aliás muito mais do que o necessário, mas nada posso fazer para mudar isso a não ser pilotar a Helô (para desespero de meus filhos e inveja da concorrência).

Mas voltando ao tema, venho de uma família de bombeiros: meu pai, 2 tios e 2 primos. Eu escutava histórias heroicas, dramáticas e algumas muito engraçadas e cresci admirando esses bravos que não hesitam em colocar suas vidas em risco em favor do próximo. Por isso, carros de bombeiros exercem fascínio sobre mim, abandono tudo para vê-los passando com suas sirenes, abrindo caminho em direção ao perigo.

Ah, com relação ao subtítulo acima, meu pai contava que a escala de serviço tinha o Primeiro, Segundo e Terceiro Socorros. De acordo com a gravidade do incêndio “corria” o 1º Socorro e, caso fosse insuficiente, ia o 2º até chegar ao 3º Socorro. Quem estava escalado para o 3º Socorro dizia que só era chamado quando ocorria um “Pavoroso” ! Talvez seja diferente hoje, mas era assim na época do velho.

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A vingança do GPS foi maligna. Depois de velho e com um passado de glórias acabei entrando na Rolla!!!

Depois dos carros de bombeiros o GPS continuava me mostrando estradinhas maravilhosas, mas mineiro que sou, comecei a ficar desconfiado pensando: “-Esse sacana, junto com a maluca do Wrong Way, deve estar aprontando alguma para mim!”. Bem, depois de quase 400 milhas percorridas, foi batendo o cansaço e resolvi procurar um hotel. O GPS tem lá uma função, uma tal “Interest Points” (ou coisa que o valha) e uma opção para hotéis. Pedi um mais próximo de onde eu estava e ele foi me guiando.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Quando ia entrando no tal “exit” que ele indicou, vejo lá uma placa: CUBA !!!! Putaquipariu, nem meus amigos comunas se animam a ir pra lá, imagina eu, reacionário já catalogado, fichado e relacionado para a primeira “rodada” do paredon assim que possível? Vade retro Fidel…

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Passei batido e pedi outra indicação e o GPS parece que ficou meio putinho da silva e deu uma mais longe ainda. Como a vista já estava ardendo (não fumei nada, parem de pensar besteira), resolvi encarar qualquer coisa que ele recomendasse. Esse foi meu erro, depois de velho, com uma folha de ótimos serviços prestados, eis que me vejo entrando na Rolla. O nome do hotel em que estou é Rustic Rolla Motel. Céus, era só o que me faltava, uma rola rústica? O lado bom é que vários amigos enviaram mensagens inbox querendo comprar o “danadinho do GPS” (palavras deles). Acho que vou fazer um leilão. Pago a viagem e sobra uma grana.

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Bem, depois de fugir de Cuba e entrar na Rolla só me restou “firmar o caráter” com meu amigo Jack Daniel’s e tentar dormir. Amanhã será outro dia e esquecerei, com a ajuda do alemão (o Alzheimer), essa passagem vergonhosa. E foi o que aconteceu, esqueci tudo, até mesmo das dívidas, mas só até abrir a porta do quarto e ver o que me aguardava no estacionamento…

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