Deixando a California em grande estilo

Red Bluff (CA) – Klamath Falls (OR) – 10 de julho

Ontem fiquei num excelente hotel em Red Bluff, 44 obamas, sem café da manhã, mas o quarto com vista para o rio. Além disso, inscrevi-me no programa de “milhagem” do Hotels.com que dá uma diária grátis a cada 10 pernoites, hoje completei as 10, vamos ver como funciona essa encrenca.

Dormi maravilhosamente e acordei cedo, com isso pude sair do hotel às 7h30. Dia lindo. Parei num posto para abastecer e fazer o desjejum. Comprei um sanduíche, um suco e sentei-me embaixo de uma árvore linda em frente ao posto, fazendo uma espécie de pic-nic matinal. Tirei até uma foto da árvore, muito bonita mesmo.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Liguei o GPS, coloquei o destino e notei que ele (o GPS) estava de sacanagem comigo. Como não confio nele nem na maluca que fica berrando, olho sempre no Road Atlas e sabia que o caminho era pegando a 5 e depois a 97, umas 60 milhas à frente. O descacetado do GPS já veio com um papo totalmente diferente, mandando-me para uma tal de 273 depois 299 e provavelmente eu estaria em Havana se sigo aquele louco e perigoso aparelho. Refiz o trajeto, usando um artifício que aprendi com meu amigo MGiver (Luiz Maria Netto) o que foi ótimo pois o GPS viu que não estava lidando com nenhum leigo e parou de agir com viadagem. Eu optei por esse caminho para ficar dentro da área do Shasta-Trinity National Forest, que se estende quase até a fronteira com o Oregon e foi uma escolha das mais felizes. A Route 5 passou por locais maravilhosos, sem exagero. Sei que estou com o astral lá em cima e tudo fica bonito nessas horas, mas o que eleva qualquer astral é o ambiente que nos cerca, e eu estava muito bem cercado. Para começar, o Shasta Lake, enorme, com a 5 dando uma visão privilegiada de suas casas e ancoradouros, além da floresta que comparece nos locais e momentos mais apropriados. O próprio desenho de estrada, com curvas parecendo jamais terminar, mas que, repentinamente, invertem o sentido fazendo você levar sua “dama”, com suavidade e firmeza, a inclinar para o outro lado numa dança que, em alguns momentos, chega quase a ser tão bom quanto sexo.

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Eu seguia assim, quase embriagado de tanto bailar numa paisagem cinematográfica quando, ao sair de uma curva, me deparei com uma montanha com marcas brancas de geleiras. Embora não tivesse local para estacionar, parei no acostamento mínimo para emergência, liguei o pisca-alerta e fiz as fotos. Vocês mereciam ver aquilo, muito impressionante. Daí para a frente, quando aparecia um local com recuo para paradas eu entrava e fotografava.

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Com isso nem me dei conta que a gasolina estava indo para o brejo. Usei a tal função do GPS e acabei chegando a um posto na lateral da estrada. Abasteci e perguntei ao negão (forma carinhosa de falar afro-descendente) que me atendeu na loja o nome da montanha. O cara sabia tudo sobre ela: o nome é Mount Shasta, tem mais de 4.000 m de altitude e é o segundo mais alto da California. As geleiras do Shasta constituem um mistério pois estão aumentando com o tal de “aquecimento global” ao invés de diminuir (conferi no Google e é verdade, crescem 15 m por ano). Ele disse que as geleiras representam as pegadas do Deus quando ele desceu a Terra. Não discuti com ele pois tinha 2 m de altura, pesava uns 200 Kg e o cabelo tinha um corte tipo brócolis. Uma figuraça. Falando em figuraça, quando saí da loja e abastecendo, ao lado da Helô estava um Fordinho 1931 inteiro, com 2 coroas ao lado. Puxaram conversa e perguntei se podia fotografar no que eles concordaram. Ficamos ali batendo papo, eles se espantaram quando disse que vinha da Flórida e disseram que vinham do Arizona. Falei com eles que era uma grande viagem para o carrinho que, a propósito, estava cheio de bagagem na parte de trás. Fiquei meio desconfiado pois a placa do carro era California, mas vai saber !

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Eles foram embora, fiquei mais algum tempo por ali e depois peguei a estrada. Agora que eu sabia o nome da montanha estava doido para encontrar um local e parar. Assim que o encontrei, olhei lá na frente e vi dois motor-home parados e os putos dos velhinhos enganchando o Fordinho na traseira de um deles. Sacanas tiraram onda com minha cara. Passei por eles na estrada e apontei o dedo como se fosse uma arma atirei neles. Velhos coxinhas do cacête !

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Dalí, foi continuar a tocada na 97 e de repente me vi entrando no Oregon, mais um estado no livro de bordo da Helô. Esse eu nunca tinha passado.

Parei, tirei as fotos em frente ao monumento de boas-vindas e segui até Klamath Falls. Antes dei uma parada no Visitor Center, os caras tem Wi-Fi e com isso não precisei de ir a um McDonalds reservar um hotel.

Na hora de sair escutei aquele ronco e vi um enorme grupo de motos. Excursão, com toda a pinta. Contei 28 motos e os 3 presepeiros que vinham em pé nas plataformas me faziam desconfiar de que eram brasileiros. Como minha experiência com grupos de brasileiros no exterior é tenebrosa, preferi fazer hora para não atrapalhar a comitiva. Se eu soubesse que eram minhas amigas Ana Sofia ou Ana Pimenta teria me juntado ao grupo com a maior alegria pois sei que são motociclistas, e das boas, mas na dúvida melhor não arriscar.

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