Blue Ridge Parkway, a melhor estrada entre as melhores

Staunton (VA) – Galax (VA) – 16 de agosto

A Blue Ridge Parkway aparece como a melhor estrada para motocicletas no “ranking” da AMA (American Motorcycle Association). Só conheci esse “ranking” recentemente, mas a Blue Ridge conheço desde 2011, quando aluguei uma Electra na Harley-Davidson de Staunton e fiz o Tail of the Dragon pela primeira vez.

Engraçado que eu nunca ouvira falar nela e, na ocasião, iria pela I-81 normalmente. Por acaso conheci uma senhora bem idosa que me falou maravilhas sobre a estrada, mas que, segundo ela, tinha apenas um problema: era a preferida pelos motociclistas… Ela não sabia que eu era metido a motociclista e fiquei calado, já que ela me deu um mapa e um livreto com todas as informações sobre a estrada. Foi amor à primeira vista.

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De lá para cá já percorri a Blue Ridge em toda a sua extensão (460 milhas de Waynesboro a Cherokee) umas três vezes nos dois sentidos. E não me canso de faze-lo, pois quem a construiu deve ter sido motociclista. A preocupação com a preservação do meio-ambiente (já naquela época – década de 1910) ajudou no traçado sinuoso da estrada visto que ela acompanha as dobras, subidas e descidas das montanhas Blue Ridge (que fazem parte das Appalachians) ao invés de túneis escavados na rocha, pontes, aterros e viadutos na tentativa de retificá-la. Esses recursos são utilizados da forma menos agressiva possível e isso, além de tornar a estrada mais “natural”, resulta em curvas que fazem a alegria dos motoqueiros. Porém isso não é tudo, ela integra o Parque Nacional Shenandoah ao Great Smoky Mountains, isso permite que você rode o tempo inteiro dentro de uma floresta nativa, com sua fauna preservada, flores silvestres, sem nenhum comércio em toda sua extensão, com exceção de um restaurante e 2 lojas de souvenir, além de ser vedada a veículos comerciais (ônibus e caminhões).

Acordei cedo, fazia frio, porém o sol estava começando a cumprir sua missão. Céu de brigadeiro, hotel sem breakfast, tralha colocada na moto e parti em busca da entrada da Blue Ridge que conheço tão bem (I-64 Exit 99).

Um pouco antes da entrada parei para comer alguma coisa e vejo no estacionamento um Triumph “Jacaré” imaculadamente novo. Parei a moto e comecei a bater papo com o gringo dono do carro e ele me disse que estava aguardando outros carros pois fariam um mini-rallye apenas com carros ingleses.

Para fazer hora, fui abastecer a Helô, quando encosto na bomba me deparo com um Hot-Rod Ford 1931 amarelo. Uma coisa linda, o dono era um senhor (mas bem senhor mesmo) que na hora de ir embora fez questão de acelerar o V-Oitão e me matar de inveja.

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Voltei para os ingleses após abastecer e comer umas besteiras, e lá estavam Jaguares, MG, Lotus Elan (com volante na direita) e Triumphs. Todos muito bem restaurados e originais. Não esperei a largada pois tinha que tratar da minha vida, afinal o plano de vôo era fazer 220 milhas pela Blue Ridge até Galax.

Se você for pela I-81 pode fazer em quase a metade do tempo pois a velocidade máxima permitida é de 65 e 70 milhas enquanto na Blue Ridge é de 45 (milhas), isso sem contar que as paradas são muito mais frequentes, tanto para fotos como simplesmente curtir um local que nos encante (e são muitos). No meu caso nem titubeei, fui de Blue Ridge sem pestanejar.

Entrei na estrada, temperatura que permitia pilotar de casaco, proa da Helô na direção Sul e lá fomos nós. Visualizada a primeira curva para a esquerda, em aclive, redução de marcha com o “clank” característico de moto de macho, rotação do motor elevada ao nível adequado, um leve balanço chamando a Helô para bailar e ela, como sempre, jamais recusando um passo mais ousado. E assim, olhando o ponto de entrada, procurando o de tangência e adivinhando o de saída, formamos o desenho da curva. Um toque sutil na manopla esquerda da barra de direção desperta o milagre do contra-esterço e tudo acontece: a Helô inclina-se graciosamente, contornando a curva, levando todos a pensar: “- Oh céus, como aquele velhote pilota bem !”. Inocentes…sabem de nada !

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Não sou o dono da verdade nem fechado a novas descobertas, continuarei buscando outras estradas, pesquisando e ouvindo opiniões. Quem sabe eu descubra outra que também mereça o título de “America’s Favorite Drive”, enquanto isso vou saboreando a “minha” Blue.

Hoje foi o dia dos carros. Parei em Roanoke para abastecer e quando sai da loja de conveniência tinha um Camaro antigo, lindíssimo e todo mexido. Um baita de um buracão no capô com as bocas dos carburadores aparecendo.

Fiquei procurando quem era o dono, mas só tinham dois caipiras mal-enjambrados e uma baixinha gorducha. Era a gorducha a dona do carro, pedi para fazer as fotos e ela muito simpática mandou um dos red-necks abrir o capô.

Agradeci, ela saiu vagarosamente, fez o retorno e quando colocou o carro na pista certa, acelerou fundo e parecia que tinham aberto os portões do inferno. O carro levantou a frente, afundou a traseira e saiu urrando como um leão sendo emasculado. PQP. Uma gorduchinha de nada !!!!!!

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