Victorville (CA) – Buttonwillow (CA) – 3 julho 2014
Depois de fechar um costa a costa, em pleno verão, com um conjunto (moto e piloto) se aproximando dos 100 anos, o mais sensato seria fazer o caminho de volta mais curto possível. Quiçá (cuíca, como diria Benedito Valadares) colocar a Helô numa transportadora e o piloto coxinha num avião, mas aí eu não seria o Hélio, o insensato.
A verdade é que informações ficaram maquinando na minha cabeça, principalmente o tal site das 15 melhores estradas eleitas pelos motociclistas (que o Carlos Shaeffer me enviou) e uma conversa com o Dotô Badá Barreto sobre a costa do Pacífico na California. Pesando os prós e ignorando os contras, descobri que ficou tudo favorável à minha lúcida e equilibrada decisão: vamos continuar procurando essas tão faladas estradas preferidas dos motoqueiros da gringolândia. Até ontem eu tinha encontrado e “solado” 3 delas: Blue Ridge Parkway, Tail of the Dragon e a Million Dollar Highway.
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Hoje achei e executei mais uma das 15 melhores rotas para motocicletas dos Estados Unidos: a “Angeles Crest Highway”, que liga La Cañada-Flintridge à Weightwood, uma estação de esqui no alto das San Gabriel Mountains e dentro da Angeles National Forest.
Como vim de Victorville, a cerca de 40 milhas da estação de esqui, fiz o circuito no sentido inverso. Depois que você passa de Weightwood e entra na chamada Angeles Crest Hwy, você está no meio da floresta e nenhum comércio existe até você chegar ao final, 60 milhas à frente. Certifique-se que tem água e gasolina suficiente para atravessar a floresta.
O dia estava ajudando, nem uma nuvem no céu, pouquíssimo trânsito e à medida em que subíamos a temperatura caia. Em um ponto comecei a sentir frio, apesar do sol, mas era aquele friozinho gostoso que aumenta o prazer de pilotar.
A estrada, apesar de ter o nome de Angeles Crest Hwy, é a Route 2, muito badalada no meio motociclístico de Los Angeles. Você tem que tomar muito cuidado com os ciclistas que sobem de carro e descem com as bikes como uns alucinados. O visual é belíssimo e a estrada é uma sucessão de curvas o tempo inteiro. Ora subindo, ora descendo.
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A maioria dos trechos não tem guard-rail porém o asfalto e a sinalização são perfeitos. Só no final, na direção em que eu fui, e que tomei um susto. Até então, a velocidade máxima era de 45 milhas, às vezes caindo para 35, 25 ou 15, dependendo do angulo da curva. De repente a velocidade máxima aumenta para 55 milhas e eu, filho de mineiro, desconfiei e mantive as 45 milhas, depois de 2 ou 3 curvas quase que me estrepo, foi a curva mais “quadrada” de toda a viagem. Consegui fazer sabe Deus como ! Nem o Valentino Rossi faria aquela curva a 55 milhas! Desse trecho em diante, realmente as curvas foram ficando mais abertas, mas ainda assim muitas exigiam velocidades bem mais baixas, acho que o cara das placas se enganou ou algum motoqueiro pegou a mulher dele!
Eu entrei na estrada hoje por volta de 8h30 da manhã. Um cafe meia-bomba num 7-Eleven e nada mais. Parei inúmeras vezes para tirar fotos e com isso, em um trecho de 80 milhas, acabei fazendo em mais de 3 horas. Até a bateria da câmera zerou, tive que tirar o GPS e fazer uma gambiarra para carrega-la. Cavacos do ofício.
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Quando acabei o trecho de descidas e as 10 milhas de La Cañada, no primeiro sinal de civilização, um bar e restaurante cheio de motos na porta. Parei a moto em frente, com um monte de jaspion olhando aquele ser anti-diluviano descer de uma jurássica HD. Todas as motos eram essas modernas esportivas de plástico: Kawa, Ducati e Honda (tinham umas 10 motos). A maioria dos pilotos era japa, vestindo aqueles macacões com corcunda e verrugas enormes nos joelhos. Não me deram a menor atenção, o que foi ótimo já que poderiam desconfiar do que eu estava pensando desde que cheguei. Quando vi aquelas motos enfileiradinhas pensei comigo mesmo: “- Ah um lança-chamas na minha mão agora, resolveria isso em 30 segundos.”
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