A caminho do Colorado

Dodge City (KS) – Walsenburg (CO) – 25 de junho

Ontem, peguei o Road Atlas a fim de estabelecer algum objetivo para a viagem de hoje. Bem verdade que eu não estava com cabeça para isso, as despesas com os problemas da Helô ainda me preocupavam. A segunda conta para consertar a moto nem foi tão salgada, mesmo eu tendo aproveitado para trocar o mecanismo de regulagem da corrente, que era manual, por um automático por molas.

Afinal a mão de obra seria a mesma para retirar o parafuso. O fato é que essas contas na minha cabeça certamente influenciaram na escolha quando bati o olho no nome da cidade: Durango! Pronto, resolvido, é para lá que eu vou.

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Destino definido, fui fazer o levantamento básico: distancias, estradas, cidades no trajeto e meteorologia. A meteoro previa tempo bom em Dodge City e Durango, com possibilidades de chuva em ambas as cidades na parte da tarde. Isso já definiu meu horário de saída, no máximo 7h30 e uma parada na estrada para o desjejum. A distância entre as duas cidades, pela rota que escolhi, era de 520 milhas. Muita coisa para fazer em um dia. Como existem varias cidades no trajeto, decidi fazer, no mínimo, a metade do percurso e parar onde encontrasse uma pousada razoável.

Sai de Dodge City no horário previsto. Em Cimarron parei num cafe de caminhoneiros, onde as pessoas se sentam em mesas compridas onde cabem umas 20 pessoas de cada lado. Só havia caminhoneiros (uns 30) e um casal isolado numa mesa separada. Sentei-me próximo a eles e em pouco tempo o Paul (vim saber seu nome depois) aproximou-se e puxou conversa sobre a moto, minha viagem, meu país e no final, a esposa já participando do papo, tirou uma foto comigo e me deu seu portfólio. O cara é russo, veio para os Estados Unidos muito jovem fugindo daquela maravilha, mora no Novo Texas (Clovis) onde é pastor e desenvolveu uma forma de divulgar a Bíblia através de trabalhos em esculturas na madeira, além disso é um apaixonado colecionador de ítens ligados a rota 66. Com isso atrasei minha viagem, mas valeu a pena, foi um papo muito bom.

As estradas de Dodge City para esta região do Colorado (Sul) são monótonas e atravessam imensas pradarias onde nem gado se vê, apenas sente-se o cheiro horrível do gado confinado em determinadas áreas. Cheguei a andar quase 2 horas numa reta imensa onde você olhava em qualquer direção e via apenas a linha do horizonte, lembrando demais a região da patagônia argentina.

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Para mim não tem problema, de vez em quando parava, desligava a moto e ficava olhando ao redor tendo a perfeita noção de quão ridiculamente minúsculo somos perante a obra do Criador (seja lá o nome que você dê).

Essas horas são ótimas para filosofar, a paz e a distancia da influência dos chamados racionais no entorno, transporta-nos para mundos paralelos criados na nossa infância, julgados adormecidos para sempre. O resultado de toda essa filosofia é que não estou mais preocupado com os gastos na Harley-Davidson. A solução foi simples: transferi para meus filhos a preocupação…..mais uma parte da herança vai arder no altar da insensatez.

Acabei rodando quase 300 milhas e parei numa cidade chamada Walsenburg, de onde saio amanhã em direção a Durango.

Fiz amizade com um cachorro

Viagem de moto pelos Estados Unidos

Esse negócio já está virando piada. Depois de deixar a bagagem no hotelzinho resolvi dar uma caminhada para ativar a circulação. A cidade é bem pequena, mais um vilarejo, e de repente um simpático cachorro começa a me seguir. Aqui não é comum animal solto na rua (com exceção de velhos motoqueiros chamados Hélio) e fiquei preocupado pois o sacana poderia estar perdido. De repente, de seguido passei a seguidor. O cachorro passou minha frente trotando calmamente, ao dobrar uma esquina correu para uma espécie de ferro-velho onde, logo na frente, estava estacionado um carro de bombeiros, um International KB-6 idêntico ao que tinha no Depósito da Aeronáutica onde servi em 1961. Esses gringos tem mania com carro de bombeiros mesmo, incrível.

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