Ontem resolvemos durante o jantar que alteraríamos a programação original para darmos mais um “tirim de espingarda” (em mineirês, a referência a um tiro de espingarda é, em algumas regiões do Estado, um indicativo de distâncias a percorrer).
No caso, o “tirim” seria de oitocentos e poucos quilômetros…
De café tomado às 8 horas, pegamos as motos e pé na estrada (no caso, pneus na estrada).
O friozinho que fazia em Trelew foi aumentando na estrada. Na parada para o primeiro abastecimento 200 km adiante, todos tivemos que colocar roupas mais quentes. Ver a ginástica que o Sueden teve que fazer pra se encaixar nas segundas-peles e jaqueta e balaclavas foi uma diversão à parte.
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Daí seguimos tranquilos pelas retas imensas, abrigados do frio e no conforto dos pilotos automáticos que firmam a aceleração das Uly. Até que começou a ventar…
Primeiro vieram umas rajadinhas na diagonal, empurrando mais no ombro direito e, claro, no capacete. Quando pegou o ventão lateral, aí as motos passaram a andar inclinadas mesmo, como um pêndulo. E um pêndulo porque literalmente se movimentavam, na inclinação, sempre que o vento encontrava alguma barreira, fosse um morro ao lado da estrada ou fosse uma das centenas de carretas bi-trem que circulam nestas retas daqui. A ultrapassagem nessas condições exige muita atenção, pois quando você está sob a ação do vento a moto está inclinada; quando você entra ao lado do caminhão na ultrapassagem ele barra o vento, e aí você tem que acertar a inclinação da moto, senão ela te leva pra direita (e pro caminhão…); e quando você está terminando a ultrapassagem, saindo do alinhamento com a frente do caminhão, recebe aquela porrada do vento outra vez e inclina a moto de novo.
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À tarde, pegamos um trecho de serras, do qual também foi possível tirar boas lições. Pra mim, a maior delas foi de que é preciso se manter atento sempre, pois é o piloto quem tem que se adaptar às alterações das condições da estrada.
Depois de trocentos quilômetros de retas e ultrapassagens a 120-130 km/h, encontramos a serra: pista boa, curvas de alta, e todo mundo de Ulysses. O primeiro pensamento? Êba!… Só que ao final da primeira descida havia um caminhão descendo a uns 15 km por hora, e o acostamento é de rípio… Aí, muita calma nessa hora, pé no freio traseiro e depois mão no freio dianteiro, diminuída suave, mas firme. Se o sujeito tá distraído ou ele cai ou entra no caminhão.
Nesse trecho vimos também algumas lebres cruzando a estrada e muitos rebanhos de Guanaco.
Vencidas as retas, as serras e o vento, chegamos com um belo entardecer à aprazível Puerto San Julian, na gelada Patagônia.
Conseguimos um bom hotel e à noite visitamos um interessante museu, o “Nau Victoria”, que é uma réplica da embarcação com que os primeiros europeus chegaram naquelas terras, em 1520. Num restaurante próximo, jantamos e saboreamos um bom vinho argentino.
E haja poder de síntese pra resumir tantas experiências numa viagem destas…
810 km
By J. Bosco
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