Pois bem, com o corpo já descansado, mas ainda com muitas lembranças e emoções, venho compartilhar com os amigos um rápido “balanço” do que foi, para mim, a experiência desta viagem.
Primeiramente, um enorme aprendizado sobre viajar de moto.
Foi fundamental o planejamento cuidadoso e criterioso, envolvendo revisão e manutenção das motos (antes e durante a viagem), checagem da documentação necessária, estimativa das quantias em dinheiro a levar (em moeda nacional e estrangeira), divisão de tarefas, etc. E mesmo assim, acredito que todos os companheiros acabaram descobrindo, durante a viagem, que em alguns aspectos o planejamento poderia ser aperfeiçoado.
No meu caso, saio com a certeza de que numa viagem desse porte cada moto deve ir com um GPS, pois assim se evitarão tensões e preocupações desnecessárias, como por exemplo na hipótese de um dos membros do grupo – sem GPS na moto – ficar para trás durante a travessia de cidades maiores e com trânsito mais movimentado (e no exemplo citado, o que não levou GPS fui eu… rs).
Foi possível também, é claro, pilotar em condições das mais variadas, algumas bastante adversas e raramente encontradas aqui no Brasil, como naquele vento lateral forte e frio. Portanto, houve um ganho enorme de experiência.
Num outro aspecto – e em relação a isto não há planejamento que possa resolver –, foi também oportunidade de um grande aprendizado sobre relacionamento humano, seja no que diz respeito a nós quatro envolvidos nesta “aventura”, seja em relação às inúmeras pessoas com quem tivemos contato durante a viagem.
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O convívio dos integrantes do grupo é praticamente integral durante vários dias, e se no início é tranquilo pode vir a sofrer mudanças com o passar do tempo ou com o surgimento dos incidentes da viagem (e estes fatalmente surgem…). Aí vão aparecendo as diferenças quanto aos traços de personalidade de cada um e quanto ao modo como reagem aos problemas. Sendo naturais as diferenças entre as pessoas, é natural também que, em algum momento, possam surgir incômodos decorrentes, por exemplo, de alguma característica pessoal do companheiro, alguma atitude, brincadeira ou palavra mal compreendida.
É essencial, portanto, para se realizar uma viagem assim, que todos sejam capazes de dialogar serena e francamente sobre essas situações e superar os eventuais conflitos. Caso contrário, a viagem pode fracassar no meio do caminho.
E neste ponto reitero aqui o meu agradecimento aos companheiros Dudu Porto, Ito e Sueden, que conseguiram me tolerarar durante os 24 dias da viagem.
Por outro lado, foi superinteressante constatar o quanto as pessoas se impressionam com a aventura de viajar da forma como viajamos. Com toda a certeza, mexemos com o imaginário de muita gente à nossa volta.
Enquanto estávamos rodando, foram incontáveis os cumprimentos, piscadas de farol e acenos que nos foram dirigidos. E a cada parada para abastecimento – e foram muitas – sempre se notava alguém visivelmente curioso em ver nossas motos e saber alguma coisa sobre nossa origem e nossa viagem. Algumas pessoas preferiam observar à distância, mas muitas, muitas mesmo, puxaram conversa e se mostraram interessadas e impressionadas.
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Recebemos muitas energias positivas, e o sentimento que me ficou foi de satisfação, não apenas por estar realizando a aventura que eu havia desejado, como também, em alguma medida, por ter passado àqueles que também alimentam esse sonho a idéia de que é possível realizá-lo.
Finalmente, a viagem me fez pensar muito sobre a minha própria vida.
Em quase treze mil quilômetros, talvez a metade deles de retas que somem no horizonte, é impossível não refletir muito sobre a vida que a gente tem levado. Avaliar até que ponto ainda conseguimos nos identificar com o “eu” que sonhou, anos atrás, em fazer uma viagem assim. E se ainda conseguimos nos lembrar de outros sonhos…
Enfim, um reencontro.
Comigo mesmo.
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